Hoje é aniversário de Angélica, grande amiga e colaboradora do Blog.
Escolhi para ela este texto:
Figo. Assim que eu vejo o amor. Como um figo. Assim que vejo a mulher. Como um figo. O figo não tem o caroço apartado do sumo como a maioria das frutas. Pode-se engolir a semente sem perceber. A semente é também polpa. Não existe o medo de mordê-lo e prender os dentes. O figo é servido para a língua, para o beijo. Figo é para ser lambido, não mastigado. Com a pressão do céu da boca, ele se desmancha. Figo não desperdiça o suco. É úmido, como um pão quente. Ele hidrata sem escorrer. Goteja pássaros. Ele não apodrece, amadurece. Não me lembro de figo que fique sozinho no chão. O sol o transforma imediatamente em terra. Ele somente deita aos lábios, ninguém mais. No solo, cai de pé, pronto a germinar. O figo tem os galhos e as raízes em si. É o coração da romã. Vidraça para o vento desenhar.
O figo são os pêlos loiros dos telhados. Como o amor, é macio. Como a mulher, é sensível. Completa o ouvido do ramo com a independência de um brinco. Não se dispersa a exemplo do colar. O figo é o chapéu, não a esmola. Tem pescoço de um violino. O caule o mantém aceso entre os dois mundos.
O figo não mente seu desejo, mente sua idade. Em nenhum momento, se arrepende de ter sido.
Fabrício Carpinejar
É para ela também essa música: Carinhoso
domingo, janeiro 29, 2006
PARABÉNS ANGÉLICA
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Um comentário:
Ser figo...
Ser mulher...
Ser feliz...
Obrigada, Teresa, pelo "carinhoso"
registro do meu aniversário.
Você é uma pessoa maravilhosa...
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