domingo, janeiro 22, 2006

JORGE FORBES NA TV CULTURA


No Programa Balanço do Século XX – Paradigmas do Século XXI, deste sábado 21, a partir de 0h30, Jorge Forbes deu uma aula sobre o tema de seu último livro: “Você quer o que deseja?”
Partiu de casos clínicos do livro para exemplificar sua teoria. Iniciou explicando que ao contrário do animal que não tem dúvidas, o homem duvida das suas escolhas porque “desejo” e “bom senso” não andam juntos.

1. Não há desejo no bom senso
A ética da psicanálise é a ética do desejo. Por isso uma análise é totalmente contrária ao bom senso. O analista deixa que o analisando se expresse na sua singularidade, ele não “rouba a cena”, dizendo “comigo também”.

2. Os descompassos entre o homem e o mundo
O que seria do homem sem a queixa? Há sempre uma desculpa para explicar o que ele não consegue. Nesse mundo de stress – a doença da moda, calmantes, antidepressivos, a angústia tem sido vista como uma doença, um problema. “A angústia é a única fonte da ação”, disse Jacques Lacan. É a única fonte da invenção, da invenção da vida.

3. Como decidir nesse mar de saberes?
Na segunda clínica da Lacan, não se busca o aumento do saber, mas a responsabilidade pelo seu acaso, pela surpresa, pela escolha. Não se pode mais buscar uma desculpa, uma explicação, ao contrário da clínica anterior, em que a explicação estava no inconsciente. Hoje a clínica presta conseqüência à fala
.

4. Um caso de histeria
A histérica é uma eterna insatisfeita: sempre pergunta “E daí?” ‘O que mais?”
Uma mulher histérica se degrada – ela se insulta ou se deixa insultar pelo parceiro. A degradação, o insulto situa mais a pessoa do que o elogio. O insulto marca o corpo, é sempre certo, enquanto que o elogio é sempre incerto. A mulher que se deixa insultar é cúmplice dele. Uma das funções da análise é fazer com que o analisando suporte o elogio, o sucesso.

5. O obsessivo que se aliena
A mulher é uma “dificuldade democrática”. Não basta ter um corpo feminino; a anatomia não resolve – a questão é para todos.
Se na histeria há a degradação, na obsessão há a fuga do que se quer, do seu desejo e se busca uma explicação para tudo. Os obsessivos são pessoas que acham que a vida está resolvida porque se tem uma boa explicação para ela.
O obsessivo se aliena na razão. Para ele só existe uma razão. É perigoso uma pessoa se fixar numa história porque ela perde a possibilidade de contar novas histórias. E num mundo globalizado, com variações a cada segundo, essa pessoa está literalmente fora do mundo, sem ter a menor sustentação.

6. O mundo hoje exige um homem pronto a todas as circunstâncias
Não se trata de ser cínico ou aproveitador, mas de ser uma pessoa despojada de identificações garantidoras e responsavelmente preparada para suportar o encontro. Isso supõe o renascimento da amizade como um forte sentimento; a amizade nos dias atuais terá mais importância que antes.

7. A responsabilidade pelo desejo
É uma crença popular que “o louco não tem responsabilidade pelo que faz”. Há uma tendência atual de irresponsabilizar as pessoas pelo seu feito e transformar qualquer sensação singular numa “meditalização”. Estamos “meditalizando”o desejo.
A única resposta ao desejo é a responsabilidade por ele.

Jorge Forbes é o curador da nova série “Vivendo além dos limites” do Programa Balanço do Século XX – Paradigmas do Século XXI. As próximas apresentações da série:
"Ficantes" (Pe. Júlio Lancelotti) - 28/01/06
"Homem globalizado, com que direito?" (Eduardo Bittar) - 04/02/06
"Do luxo sagrado ao luxo democrático" (Gilles Lipovetsky) - 11/02/06
"Arquitetura da globalização" (Ron Pompei) - 18/02/06
"Desaprendendo na escola" (Renato Janine Ribeiro) - 07/10/06
"A inquietude do futuro: o tempo hiper-moderno" (Gilles Lipovetsky) - 04/03/06

Vale a pena assistir, na TV Cultura, aos sábados, 0h30.

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Teresa

Gostei da síntese!! Não pude assistir ao programa, então foi bom ler esse relato.

Anônimo disse...

Teresa,
Estava ótima a resenha que você fez do Jorge. Parabéns.

Anônimo disse...

Nossa está muito didática seu resumo. Dá para entender tudo.
beijo e saudade.