O que é o amor em si, qual a essência do amor?
Amar é dar o que não se tem, diz Lacan.
A psicanálise é uma cura pelo amor! Porém ousa-se questionar: Por quê?
Extrai-se da lição do Antigo Testamento que: O amor é forte, é como a morte. Cântico dos cânticos, 8,6).
Desde o inicio está gravado a ferro e fogo, o lugar do amor no coração da própria experiência analítica. A demanda amorosa tem uma importância primordial na relação entre analista e analisando, contemplando o paradoxo de um encontro que, em si mesmo, já é uma separação.
Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, não se ama o outro porque ele(a) é bonzinho, pois caso contrário os honestos, os simpáticos e os não fumantes teriam uma fila de pretendentes dando voltas no quarteirão, batendo a sua porta.
Seria fácil se o amor não fosse um sentimento, mas uma demonstrável equação: EU LINDA + VOCÊ INTELIGENTE = DOIS APAIXONADOS. C.q.d.
Porém, o que um analisando demanda sempre? AMOR...
Será normal alguém chegar e dizer ao Outro: EIS-ME AQUI, ME AME... Esquisito, não ?!
Eu diria que apesar de não saber dizer, na demanda do analisante se inscreve claramente: ME ENSINE A AMAR!
Pois, o modo como eu amo, ainda é só narcísico, e o amor narcísico não suporta a falta do outro, uma vez que visa colocar o outro em posição de objeto de completude, assim evidencia-se aí uma certa aprendizagem afetiva pela psicanálise.
Mas, por que pela psicanálise? Porque a psicanálise não trabalha com o passado, nem com os fatos, mas sim com o que o sujeito criou através do seu amor.
Não se investiga se o que o analisando fala é verdade. Como Freud dizia, este é o verdadeiro trabalho: ensinar o sujeito a amar, pois se amar e trabalhar ele será feliz. O que implica em uma mudança de posição: de “me ame” para “eu amo”. Assim cabe então ao analista ensinar, FORA DO LUGAR DE MESTRE.
Mas, como o analista FORA DO LUGAR DE MESTRE PODE SER UM ensinante?
“O analista como ensinante, se é analista, não ensina desde nenhum padrão, nenhuma doutrina, nenhum conceito consagrado. Padrões, medidas universais, são incompatíveis com o exercício da psicanálise. Se assim não fosse, a psicanálise seria uma prática, ela seria uma profissão. A psicanálise, tanto insistiu Lacan no Seminário XI, é uma práxis, não uma prática.” (Forbes, O Analista como Ensinante)
O AMOR É TÍPICO, E É ÚNICO, porém ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem.
Como o analista ama?
Ama descompletando: AMO EM TI MAIS QUE TU!
Fazendo uso da CURIOSIDADE AFETIVA – Outro nome do amor.
"O melhor aprendizado não vem das respostas, vem de aprender a fazer pertuntas."
(apresentado por Garabet K. na Conversação de São Bento do Sapucaí - 8/12/07)
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