Eu te amo,
Mas, porque inexplicavelmente
Amo em ti algo
mais do que tu –
o objeto a minúsculo,
Eu te mutilo.
Sobre a histeria:
À análise não cabe encontrar, num caso, o traço diferencial da teoria e querer explicar, com ele, porque sua filha é muda – pois o que se trata é fazê-la falar, e este efeito procede de um tipo de intervenção que não tem nada a ver com a referência ao traço diferencial.
O sintoma é, de começo, o mutismo do sujeito suposto falante. Se ele fala,está curado de seu mutismo, evidentemente. Mas isso não nos diz de modo algum porque ele começou a falar. Isto nos designa apenas um traço diferencial que, no caso da menina muda, é, como era de se esperar, o da histérica.
O traço diferencial da histérica é precisamente este – é no movimento mesmo de falar que a histérica constitui seu desejo. De modo que não é de espantar que tenha sido por esta porta que Freud entrou no que eram, na realidade, as relações do desejo com a linguagem, e que ele tenha descoberto os mecanismos do inconsciente.
Conceitos fundamentais da psicanálise:
Quatro dos termos introduzidos por Freud são os conceitos fundamentais da psicanálise: o inconsciente, a repetição, a transferência e a pulsão.
O Pensamento selvagem está para Claude Lévi-Strauss, assim como para Lacan, o inconsciente é estruturado como uma linguagem.
O estatuto do inconsciente é ético. Freud, em sua sede de verdade, diz: – O que quer que seja, é preciso chegar lá. – porque em alguma parte, esse inconsciente se mostra.
Sobre o Desejo:
O prazer é o que limita o porte do quinhão humano – o princípio do prazer é o princípio da homeostase. O desejo, este encontra seu cerne, sua proporção fixada, seu limite, e é em relação a esse limite que ele se sustenta como tal, franqueando o limiar imposto pelo princípio do prazer.
O desejo do analista não é um desejo puro. É um desejo de obter a diferença absoluta, aquela que intervém quando, confrontado com o significante primordial, o sujeito vem, pela primeira vez, à posição de se assujeitar à ele. Só aí pode surgir a significação de um amor sem limite, porque fora dos limites da lei, somente onde ele pode viver.
(Extraído de O Seminário, Livro11: OS QUATRO CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA PSICANÁLISE, de Jacques Lacan)
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