sexta-feira, abril 21, 2006

PARABÉNS RUY - MEU COMPADRE


Hoje comemos a tradicional feijoada da Nanão, comemorando o aniversário do Ruy, padrinho da Letícia. Foi gostoso encontrar os amigos de sempre, de todas as horas, desde a infância. O Ruy adora receber os amigos no seu aniversário.

Isso me fez lembrar do artigo do Contardo Calligaris, da Folha Ilustrada de ontem.

Ele falava de como detestava as festas de aniversário que os adultos faziam pra ele quando criança; que os presentes sempre eram os menos desejados, as guloseimas não eram as preferidas dele. Mas acabava tirando proveito disso - o acontecimento acabava sendo divertido e construtivo. Por que?
Porque descobria assim o que os adultos imaginavam que fosse a felicidade de uma criança e aprimorava seu entendimento do que queriam com ele. Ter acesso ao desejo dos adultos o interessava mais do que bancar o esperto, do que recusar-se a participar das suas encenações.

Calligaris citou uma frase de Lacan que adotou para a sua vida:

Quem mais se engana é quem emprega sua energia para evitar ser enganado.

Acho que isso vale para todos nós. Não viver em função da expectativa do outro. Descobrir o que é que realmente se deseja, como chegar lá e se responsabilizar por esse desejo. Ruy, a vida recomeça a cada dia, a cada aniversário. Busque seu desejo e o sustente. Aposte na sua singularidade.

Dedico a você Ruy, estes aforismos de Fernando Pessoa:

Não há normas. Todos os homens são excepções a uma regra que não existe.

No teatro da vida quem tem o papel de sinceridade é quem, geralmente, mais bem vai no seu papel.

Custa tanto ser sincero quando se é inteligente! É como ser honesto quando se é ambicioso.

A loucura, longe de ser uma anomalia, é a condição normal humana. Não ter consciência dela, e ela não ser grande, é ser homem normal. Não ter consciência dela e ela ser grande, é ser louco. Ter consciência dela e ela ser pequena é ser desiludido. Ter consciência dela e ela ser grande é ser gênio.

Um dos aspectos da desigualdade é a singularidade - isto é, não o ser este homem mais, neste ou naquele característico, que outros homens, mas o ser tão-sómente diferente deles.

E para terminar:

I say to you: do good. Why? What do you gain by it? Nothing, you gain nothing. Neither money, nor love, not respect, nor perhaps peace of mind. Perhaps thou gainest none of these. Why then do I say: do good? Because you gain nothing by it. It is worth doing for this.

(do livro: Aforismos e Afins - Fernando Pessoa; Cia das Letras)

Um comentário:

Anônimo disse...

Muitas felicidades Ruy.
PARABÉNS!...

Estou descobrindo que a felicidade é bem mais simples do que supunha.
" A vida é bela" e os amigos são imprecindíveis.
Receba o meu afetuoso abraço.