domingo, novembro 20, 2005

NÃO QUERO SER O ÚLTIMO A COMER-TE

Não quero ser o último a comer-te.
Se em tempo não ousei, agora é tarde.
Nem sopra a flama antiga nem beber-te
aplacaria sede que não arde

em minha boca seca de querer-te,
de desejar-te tanto e sem alarde,
fome que não sofria padecer-te
assim pasto de tantos, e eu covarde

a esperar que limpasses toda a gala
que por teu corpo e alma ainda resvala,
e chegasses, intata, renascida,

para travar comigo a luta extrema
que fizesse de toda a nossa vida
um chamejante, universal poema.

DRUMMOND - O Amor Natural.

Se quiser ler outros poemas de Drummond, clique em:
www.memoriaviva.digi.com.br/drummond/verso

3 comentários:

Anônimo disse...

A revelação pungente de um desejo.

Desejo que se perdeu no tempo...

Possibilidades ,"encore".?

Anônimo disse...

Sempre há possibilidade para um "mais ainda".

Anônimo disse...

Oi, Teresinha
Só hoje vi como as fotos daquela árvore linda no Ibira ficaram especiais.
Que sorte a gente teve em conseguir as fotos sem ninguém passando. Muito legal.
Seu blog tá show de bola.
bj
Claudia