quarta-feira, novembro 30, 2005
FERNANDO PESSOA
Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro.
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(Se ela tivesse deitada)
Dois montinhos que amanhecem
Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?
[10-9-1930]
domingo, novembro 27, 2005
ESQUIZOFRENIA
Conheci Jerry durante uma entrevista de pacientes. Ele dizia que era amigo de Paul McCartney e Bob Dylan. Cantou um trecho da música “Satisfaction”, dos Rolling Stones, durante a entrevista. Ao mesmo tempo falava de judeus e nazistas, Jesus Cristo, Churchill e Stálin, um general da segunda guerra. Sou o mais alto do mundo, mais alto que o muro de Berlim. Doutor me dá essa alta e eu fico contente. Preciso sair um pouco, refrescar um pouquinho.
Hoje vi meu pai por aí. Ontem falei com ele por telefone. Seu pai havia morrido cerca de dois anos atrás, foi assassinado. Mas ele não admitia: Não perdi meu pai, ele está vivo, dizia. Vou pegar a Rua Brigadeiro Luis Antonio, num apartamento que ele tem lá com a amante. Vou procurar ele lá. Minha mãe, uma dama da sociedade. Os nazistas ameaçaram chicoteá-la e depois tiraram o tesão dela. Ele informa que seu problema começou na adolescência. Fumava muita maconha e bebia também. Faz tratamento desde os 7 anos. Quando “aumentou o corpo”, por volta dos 15 anos, teve sua primeira internação. Chegou a receber choque elétrico na cabeça por falar muito palavrão. Atirou-se do terceiro andar de um prédio, quando tinha 21 anos. Sua mãe chorava e dizia “Tem que morfinar”, conta ele. Diz que gosta de beber cerveja, música e filmes. Em casa vê TV, ouve música, conversa, passeia. Anda pelo bairro durante o dia. Queixa-se que as pessoas o maltratam na rua.
Agora recebeu alta.
Vai começar uma nova caminhada, diz Jerry.
Com chopp e cigarro.
Sou fazendeiro, não sou judeu. Sou mais feliz que Stálin.
Era um garoto, que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones.......
quarta-feira, novembro 23, 2005
SEM LIMITE
Tudo tem que ter um limite.
Nem tudo tem que ter limite.
O céu não tem limite.
O infinito é ilimitado.
Ilimitado
Irracional
Ilusão
Ilegal
Inacabado
Interessante
Imaginário
i – a parte imaginária
Que simplifica o complexo.
A imaginação é ilimitada.
Ilimitado – o que não é limitado
Que supõe o risco inimaginável
Indescritível.
domingo, novembro 20, 2005
NÃO QUERO SER O ÚLTIMO A COMER-TE
Se em tempo não ousei, agora é tarde.
Nem sopra a flama antiga nem beber-te
aplacaria sede que não arde
em minha boca seca de querer-te,
de desejar-te tanto e sem alarde,
fome que não sofria padecer-te
assim pasto de tantos, e eu covarde
a esperar que limpasses toda a gala
que por teu corpo e alma ainda resvala,
e chegasses, intata, renascida,
para travar comigo a luta extrema
que fizesse de toda a nossa vida
um chamejante, universal poema.
DRUMMOND - O Amor Natural.
Se quiser ler outros poemas de Drummond, clique em:
www.memoriaviva.digi.com.br/drummond/verso
sexta-feira, novembro 18, 2005
RODA VIVA
Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião
O mundo estancou num instante, nas voltas do meu coração.
Ouça me bem amor, preste atenção, o mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos
tão mesquinhos, vai reduzir as ilusões à pó....
O que pode fazer
Um coração machucado
Senão cair no chorinho
Bater devagarinho pra não ser notado
Faça como um velho marinheiro
Que durante o nevoeiro
Toca o barco devagar.
Toda beleza que havia nesta rua
Há pouco tempo deu um vento e carregou
E muita gente se vestindo de alegria
Vai fingindo todo dia
Que a tristeza já passou
Toda a dor da vida
Me ensinou essa modinha
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha
Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso
São bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo sendo errados os amantes
Seus amores serão bons
Todas essas canções que cantamos todos os dias falam da dor, da tristeza, da decepção.
De como lidar com isso.
São só palavras....
As marcas ficam no corpo.
Só o tempo vai mudar.
Mais uma música pra terminar. Clique: Só Louco
quinta-feira, novembro 17, 2005
UMA PROSA ENTRE PSICANÁLISE E POESIA
A partir da idéia, posta em prática na clínica psicanalítica, de que, uma vez que o homem está habitado pela linguagem, não há correspondência entre o significante e a Coisa, o que se segue, forçosamente, é que o final do tratamento não leva a cernir a Coisa com o significante.
Assim sendo, o final do tratamento está relacionado com efeitos de criação, se valendo do valor poético da linguagem, ou seja, do valor alusivo, metafórico, metonímico, da ambiguidade, do que se revela escondendo ou do que se oculta mesmo sendo escancarado.
No final do tratamento, o analisante é poeta, no sentido em que faz poemas de sua vida. Não necessariamente faz poemas profissionalmente, mas, o analisado, liberado dos efeitos de gozo de sua criação significante (que é seu sintoma), pode poetar graças à lingua que ganha um novo uso não codificado. O homem adoece pelo maltrato que faz à linguagem. A cura vem do bom trato.
A poesia, como diz François Cheng, “é uma explicação órfica da terra”. No mito de Orfeu e Eurídice, aquele – Orfeu – vai até os infernos e recupera, mas perde logo em seguida, sua amada Eurídice. Na poesia há algo que se recupera e que imediatamente é perdido porque a poesia não é exprimir uma coisa ou verdade essencial, ela é apenas dizer e nenhum dizer fecha a significação. Desta forma, o que é recuperado está carregado de infinito e aponta para o indizível.
Ora, a psicanálise também aponta para o indizível e para esse ponto de indecidibilidade.
O psicanalista não poderia ser um poema, porque este já está escrito. Ser poeta, ao contrário, implica a possibilidade de escrever poemas. De escrever. De fazer poiesis, de dizer primeiro, inauguralmente, longe das convenções significantes.
Se fazer poeta de sua própria vida é uma saída da análise.
Da Conferência de Carlos Genaro, professor do IPLA
segunda-feira, novembro 14, 2005
MAITENA
Adoro ler Maitena. Ela é argentina.
Seu humor e sua ironia são únicos.
Os primeiros livros se chamaram: Mulheres Alteradas. O último se chama: Maitena- Curvas Peligrosas.
Rio muito com suas tiradas.
Escolhi algumas para deixar aqui.
Cosas que no se puede evitar decirles a los hijos:
- Ya lo vas a entender cuando crescas.
- Vos creés que la plata crece de una maceta?
- Llamame cuando llegues.
- Porque si.
La insoportable lesbiandad del ser mujer:
- vestirte para las otras
- mirar más a las mujeres que a los hombres
- considerar una virtud que los hombres tengan rasgos femeninos
- cuidar más a las amigas que al marido
- interesarte por un tipo sólo porque fue el ex de fulana
- adorar a los gays
Seis regalos difíciles:
- Regalarle a alguien que lo tiene todo.
- Regalarle a alguien que no tiene nada.
- Regalarle a alguien que amás.
- Regalarle a alguien que odiás.
- Regalarle a alguien que no conoces.
- Regalarle a alguien que conoces bien.
QUE ÉS PEOR?
Levantarte a las 7 menos cuarto para estar a las 8 en el gimnasio...
...O mirarte desnuda en el espejo?
Hacer 15 series de abdominales, 20 de glúteos y 1 hora de bicicleta...
...O darte cuenta que toda ropa te queda chica?
Vivir soñando con un plato de ravioles....
...O vivir soñando con un tipo?
se quiser mais, entre no site: www.maitena.com.ar
domingo, novembro 13, 2005
MINHAS PREFERÊNCIAS
Gosto de caminhar de manhã no Ibirapuera, olhando as árvores de lá e ouvindo meu Ipod. A companhia de uma amiga, uma conversa durante a caminhada é muito bom também. No parque tem uma árvore rara, com múltiplas raízes e caules. vale a pena ir ao parque só para vê-la. Deixo umas fotos que tirei há poucos dias.
Gosto de ouvir as músicas que coloquei aqui no blog. Principalmente gosto do meu blog. De escrever e ler os comentários.
Gosto de ler. Leio sempre muitos livros ao mesmo tempo. Leio artigos, revistas, jornais, textos na internet. Leio o tempo todo. Adoro passar numa livraria, tocar nos livros, ler uns trechos, descobrir alguma coisa neles.
Gosto de assistir filmes, no cinema ou em casa. Gosto de rever meus filmes preferidos. Ontem assisti REAR WINDOW (Janela Indiscreta), meu filme preferido de Alfred Hitchcock, com Grace Kelly (maravilhosa) e James Stewart (um de meus galãs preferidos de Hollywood). Um super programa.
Gosto de dançar. Nasci para bailar! Gosto de dançar samba, salsa, bolero, cha-cha-cha, forró, rock, swing, fox-trote e tango. Adoro música! cantar, ouvir um Cd ou DVD de um show, ir a shows.
Gosto de viajar. Gosto de conhecer lugares novos, pessoas novas.
Gosto de estar com meus amigos. Adoro um programa com fofo, Let e André.
Gosto de namorar, brincar. Gosto de viver!
E agora, uma música para combinar com tudo isso. Clique e curta:
sexta-feira, novembro 11, 2005
LACANIANAS: ANGÚSTIA E DESEJO
A angústia é um medo sem objeto.
Não existe falta no real. A falta só é apreensível por intermédio do simbólico.
O luto é a identificação com o objeto perdido.
Um fator decisivo do progresso da análise é a função do corte.
O desejo é a lei.
O masoquista busca a angústia do Outro.
A angústia é a manifestação específica do desejo do Outro.
O desejo intervém no amor e é um pivô essencial dele.
O desejo não diz respeito ao objeto amado.
O desejo do homem é o desejo do Outro.
O Outro é aquele que me vê.
A angústia é o único afeto que não mente.
quarta-feira, novembro 09, 2005
O SAMBA DE CLARA E DE TERESA
Um dos presentes que ganhei de aniversário foi a caixa com todos os CDs da Clara Nunes. Estou gostando muito de redescobrir as interpretações de Clara. Ela tinha o samba na alma.
Mas não posso deixar de comparar com Teresa Cristina, a minha cantora preferida nos últimos tempos. Já falei dela e contei como a conheci, por ocasião do lançamento do seu primeiro DVD, há cerca de 2 meses. Acho que depois de Clara Nunes, ninguém mais reinou no samba até Teresa Cristina. Clara porém, era a própria guerreira. E Teresa Cristina tem a postura e a elegância de uma rainha.
Que bom que existiu Clara. Que bom que hoje temos Teresa.
segunda-feira, novembro 07, 2005
FOTOS-PRESENTE DA CÁSSIA
domingo, novembro 06, 2005
DIA DO ANIVERSÁRIO
O dia do aniversário é um dia especial. É o dia de comemorar a vida, o desejo, o que se quer, o que se gosta.
6 de novembro é meu dia.
Por isso nesse dia eu faço tudo que gosto: danço, canto, abraço os amigos, principalmente recebo meus amigos e ofereço a eles o que existe de melhor, o que posso oferecer de melhor. De preferência durmo até mais tarde, faço amor, sambo, celebro a vida com alegria.Viver é muito bom!!!
E músicas para comemorar! Resistiré Quem te viu, quem te vê
sexta-feira, novembro 04, 2005
COMPADRE EZEQUIEL
Ontem meu compadre Ezequiel fez aniversário.
Comemoramos no japonês LIKA. Uma festa gastronômica.
Salve Ezequiel! Pai de Binho, Nanda e marido de Joyce.
Meu grande e querido compadre Ezequiel!
É pra ele essa valsinha.
É só clicar: Valsinha