quarta-feira, dezembro 25, 2013

CD NASCI PARA BAILAR - 9º ANO

Neste Natal sai a 9ª edição do CD Nasci para Bailar com as músicas secionadas do blog no ano de 2013.
Traz as músicas que curti nesse ano: o CD dos 75 anos do Martinho da Vila, o show de Teresa Cristina cantando Candeia, os 100 anos de Jamelão, o centenário de nascimento de Vinícius de Moraes, a reviravolta dos sertanejos, as músicas dos anos da adolescência da turma de Itapetininga - curtidos no último aniversário do inesquecível Gordo, minha viagem à Itália, França, a San Francisco  e a Buenos Aires, o show de Edu Lobo com meu grande amigo Gonzalo quando veio a São Paulo (viajeros del sur), a nova paixão italiana e uma homenagem ao grande Paulo Vanzolini.

Este CD é dedicado a todos os amigos que navegam pelo blog. Espero poder entregar a todos.


Veja aqui a lista das músicas:

1 Quem é do mar não enjoa – Paulinho da Viola – Martinho da Vila
2 O mar serenou – Teresa Cristina -  Candeia
3 Roda ciranda - Pitty – Martinho da Vila
4 Exaltação à Mangueira – Chico Buarque e Velha Guarda da Mangueira – Aloísio / Enéas
5 Matriz ou Filial - Jamelão – Lucio Cardim
6 Plus fort que nous – Nicole Croisille & Pierre Barouh – Francis Lais
7 El dia que me quieras – Los Panchos – Alfredo Le Pera / Carlos Gardel
8 Evidências – Chitãozinho & Xororó – José Augusto / Paulo Sérgio Valle
9 Entre tapas e beijos - Leandro & Leonardo – Newton Lamas e Antonio Bueno
10 Ci sono pensieri – Mariella Nava – Mariella Nava
11 C’era um ragazzo che come me ... – Gianni Morandi – Migliati / Lusini
12 California Dreamin’ – The Mamas and The Papas – John Phillips / Michelle Phillips
13 San Francisco (Be sure to wear flowers in your hair) – Scott McKenzie – John Phillips
14 I left my heart in San Francisco – Tony Bennett – G. Cory / D. Cross
15 As time goes by – Dooley Wilson – Max Steirner
16 A história de Lili Braun – Gal Costa – Chico Buarque / Edu Lobo
17 Pela luz dos olhos teus – Tom Jobim & Miucha – Vinícius de Moraes
18 Sábado em Copacabana – Nana Caymmi  Dorival Caymmi / Carlos Guinle
19 Boca da Noite – Ana de Holanda & Toquinho – Paulo Vanzolini / Toquinho
20 Praça Clóvis – Chico Buarque Paulo Vanzolini
21 Como dizia o poeta – Vinícius & Toquinho Vinícius de Moraes / Toquinho
22 Segure tudo – Mart’nália – Martinho da Vila
23 Canta, canta minha gente – Martinho da Vila & convidados – Martinho da Vila


E em 2014 a série completará 10 anos. Será uma edição comemorativa. Aguardem !!!!

terça-feira, dezembro 24, 2013

ANALISANDO O NATAL E O ANO NOVO

A edição 62 de O MUNDO VISTO PELA PSICANÁLISE analisa o Natal e o Ano Novo.
Recomendo a leitura:


Mais um ano. O Natal já chegou e com ele o Ano Novo. Jacques Lacan dizia para você mais olhar os pés de suas pessoas queridas, que aquilo que lhe é dito por elas. Os pés são mais efetivos que os ditos. E por que é assim é que tal qual os GPS vivemos corrigindo nossas rotas, diz o texto de Acontece. Todas as editorias comentam o Natal e os efeitos do Ano Novo. Voltaremos em 2014, no dia 10 de janeiro. Até lá!

quinta-feira, dezembro 05, 2013

MI BUENOS AIRES QUERIDO

Adoro Buenos Aires. Gosto do espírito da cidade, dos cafés, das livrarias, dos restaurantes, do tango, do cinema ... Gosto tanto que consegui até uma foto com meu ator argentino preferido: Ricardo Darin, que estava apresentando a peça de Ingmar Bergman "Escenas de la vida conjugal" (cenas de um casamento), que vi no cinema há muito tempo atrás.
Gostei de ir ao Petit Colón, ao la Cabrera, passear e fazer comprar em Palermo Soho, caminhar em Puerto Madero, ir numa milonga, ouvir um tango, ouvir Les Luthiers, estar bem acompanhado em Buenos Aires.  
Patricia Gorocito me mostrou lugares legais e outros amigos especiais também, Quero voltar!

Mas, o que mais fiz nessa temporada portenha, foi participar do ENAPOL - Encuentro Americano de Psicoanalisis de Orientación Lacaniana. Antes teve também um dia de reunião de psicanalistas sobre o Seminário ...ou pior, de lacan. Foi uma temporada psicanalítica!

Aqui, uma seleção de fotos e músicas:

Na seleção, a preferida de meu pai: Mano a mano.
E também, ao final, um concerto do inolvidable Les luthiers


domingo, dezembro 01, 2013

PELADA

Fala-se muito em pele, quando o verão se aproxima. Para o psicanalista, pergunta-se: de quantas peles nos recobrimos? Em que pele nos reconhecemos? De que pele tratamos? 

por Jorge Forbes


O verão se aproxima e com ele as publicações voltam a tratar da pele. Basicamente a ordem é uma só: o preço do sucesso de dois ou três dias de moreno jambo, não valem o risco de um cancerzinho básico. Mas a pele é bem mais que variações de melanina, ela se estende a uma vasta gama de nossos sentimentos. Vamos visitá-las.
Muitos querem salvar a própria pele, quando a situação está ficando difícil. Outros, mais generosos e carinhosos, só vêm razão em salvar a sua pele quando antes salvarem a do seu amor. Visam, com isso, ficarem todos bem em sua pele.
        No entanto, quando a pessoa amada não percebe a gentileza do amor, o amante sente na pele a fria decepção. Ainda assim, já trôpego e exausto, tenta desesperada cartada ao cortar na própria pele tudo o que não for essencial a seu propósito.
        A dificuldade é fazer o outro estar na sua pele, viver o que vive, sentir o que sente e não consegue transmitir, nem nunca convencer.
        O pior desse cenário é quando mais que se sentir desentendido, você se vê ridicularizado, como se o outro estivesse caindo na sua pele. Aí você desiste e jura que nunca mais, nunca mesmo, vai de novo arriscar a sua pele por alguém. E é prudente que você o faça antes de ficar em pele e osso.
        Viram como a pele vai além, muito além de sua biologia? A língua alemã é sábia ao ter duas palavras para aquilo que designamos com uma só, “o corpo”. São elas “Leib” e “Körper”. A primeira, Leib, fala do corpo, digamos, estendido, aquele que me faz estar do lado do outro mesmo a quinhentos quilômetros de distância e apesar disso sentir a pele esquentar. Por sua vez, Körper é o corpo restrito, material, biológico, aquele que os médicos gostam de provar nos exames que dizem quê. O que seria de nós se um corpo fosse só um corpo? Que chatice!
        Conclusão: defenda sua pele do sol tropical, mas lembre-se, ao mesmo tempo, que a vida perde valor quando de tanto nos defender nunca deixamos nossa pele à mostra. Isso é uma verdade nua e crua. Pelada.


Artigo publicado originalmente na revista Gente IstoÉ, edição de outubro de 2013

quarta-feira, novembro 13, 2013

PRÊMIO JABUTI 2013

Na 55ª edição do Prêmio Jabuti, o psicanalista Jorge Forbes é premiado pelo livro
“Inconsciente e Responsabilidade – Psicanálise do Século XXI" (Ed. Manole).

Trechos do livro premiado:

[...] O inconsciente do qual vamos tratar é aquele que leva o ser falante a responsabilizar-se pela invenção de seu estilo singular de usufruir de seu corpo e de sua vida. [...] No século xxi, o psicanalista que acredita no inconsciente irresponsável não trata o sintoma e não cura. É urgente considerar a responsabilidade pelo que é inconsciente, pois já não podemos mais contar com as ficções – tais como a do mito paterno – que, até o século passado, nos permitiam escapar, dizendo: ‘Foi por causa de papai’. Também a clínica psicanalítica, por essas mesmas razões, atravessa um novo momento. […]”

É um ganho para a Psicanálise e uma honra para nós, psicanalistas que trabalhamos e fazemos nossa formação com Jorge Forbes.


 PARABÉNS JORGE FORBES !

terça-feira, novembro 05, 2013

TERESA CRISTINA CANTA CANDEIA


Já estava anunciado há 15 anos! Foi por causa de Candeia que Teresa Cristina começou a cantar. No show Teresa Cristina canta Candeia ela nos encantou com sua voz., com as músicas de Candeia e com sua história. Ela se define antes e depois de Candeia.
Antonio Candeia Filho, um dos grandes sambistas da Portela, era um dos compositores preferidos de seu pai. Teresa. passou a infância ouvindo suas músicas, mas, naquela época não dava importãncia. Depois de crescida, um amigo a presenteou com um disco e ela descobriu que sabia cantar todas as músicas. Redescobriu Candeia e depois tornou-se cantora. Desde então nasceu o ´projeto que hoje se realiza - uma homenagem a esse compositor e também a seu pai, que lhe mostrou o caminho do samba, antes mesmo de ela o saber. Um acerto de contas! Quando nos apoderamos de nossa herança conseguimos ir além do pai. Salve Teresa!

Só por essa história o show já seria lindo. Mas, a emoção, o clima, a voz de Teresa, deixaram ainda mais bonito tudo no Teatro Net Rio. Um show inesquiecível!


Vou colocar aqui uma seleção de vídeos de Teresa cantando Candeia, a começar pelo convite ao show:


E para finalizar, todo um programa de TV - Samba na Gamboa, com Teresa Cristina, homenagem a Candeia:

domingo, novembro 03, 2013

MUSICA ITALIANA HOJE - CI SONO PENSIERI




CI SONO PENSIERI


Ci sono pensieri sottili che fanno tremare
resistono ai moti del tempo ai nodi di mare
Ci sono principi inviolabili che fanno paura
diventano grandi sprigionano forze della natura.
io lo so dove sei
io lo so dove sei
basterebbe allungare una mano
toccarti come vorrei
io lo so dove sei
io lo so dove sei
e potrei attraversare quel buio
forarlo con questi occhi miei
.
E ho imparato che le grandi distanze
si misurano in luce
mentre il viaggio che fai più lontano a te stesso conduce
Che se vuoi sollevarti dal resto non serve volare
È calore che scambi e non freddo quel brivido in te.
Io lo so dove sei
Io lo so dove sei
Basterebbe portarti per mano
Trovarti come vorrei
Io lo so che ci sei
Io lo so che ci sei
E se mi sporgessi di poco
Certo ti sentirei
Ti raggiungerei
Ti incontrerei
E ancora ancora
Farei.
Raro ed insostituibile il minuto che riempio
Costruito con le sole regole che l'amore dà
Di quel che sappiamo rimane il più fervido esempio
Come il sale sul fondo asciugato della verità
Io lo so dove sei
Io lo so dove sei
E potrei attraversare quel buio
Dissolverlo con gli occhi miei
.
Ci sono pensieri sommersi
Che sanno aspettare
Resistono ai moti del tempo
Ai nodi di mare
Arrivano qui così chiari da farci confusi
Basterebbe seguirli per non risvegliarci delusi

EXISTEM PENSAMENTOS


existem pensamentos sutis que nos fazem tremer resistem as brincadeiras do tempo e força do mar existem principios involáveis que metem medo, ficam grandes libertando a força da natureza.
Eu sei onde você está
Eu sei onde você está
Bastaria estender uma mão, te tocar como eu queria
Eu sei onde você está
Eu sei onde você está
e poderia atravessar aquela escuridão, furá-la com estes meus olhos
e eu aprendi que as grandes distâncias se enquanto se medem em luz enquanto a viagem que você faz, te conduz a mais longe de você mesmo.
Que se você quer se livrar do resto, não adianta voar, aquele calafrio que você tem é o calor que você transmite e não o frio.
Eu sei onde você está
Eu sei onde você está
Bastaria te segurar pela mão
Como eu queria te encontrar
Eu sei que você está aí
Eu sei que você está aí
E se eu me abrisse aos poucos
com certeza eu te ouviria
te alcançaria
te reencontraria
e ainda, ainda faria amor
raro e insubstituível o minuto que preencho construído só com as regras que o amor dá
Daquilo que sabemos, resta o mais forte exemplo, como o sal no fundo da verdade.
Eu sei onde você está
Eu sei onde você está
e poderia atravessar aquela escuridão, furá-la com estes meus olhos
Existem pensamentos submersos que sabem esperar, resistem as brincadeiras do tempo e força do mar
chegam aqui tão claros que te deixam confuso,
bastaria segui-los para não acordar desiludidos.

sexta-feira, outubro 25, 2013

ESTÁ TODO MUNDO DEPRIMIDO

Ser feliz dá um trabalho danado, chega até a assustar, mas não mata não. (Jorge Forbes)


Está todo mundo deprimido, a felicidade foi embora.
Se em uma reunião pudéssemos fazer  raios-X das bolsas e dos bolsos, encontraríamos, entre os gêneros de primeira portabilidade, comprimidos de antidepressivos. O que antes tinha emprego discreto, hoje virou conversa de salão. Discute-se qual medicamento cada um toma, como reagiu, há quanto tempo, se o genérico substitui bem o oficial e por aí vai. E se a fala corre solta, sem o comedimento anterior, é porque uma forte propaganda convenceu muita gente de que a depressão é uma doença como outra qualquer, como quebrar o braço em um acidente ou contrair malária. Essa propaganda de fortes coloridos interesseiros da indústria farmacêutica, associada a uma medicina que se orgulha em ser baseada em evidências – aquela em que o médico não dá um passo sem pedir um monte de exames – veiculou a ideia de que você não tem nada a ver com a sua depressão, que os sentimentos são cientificamente mensuráveis e, em decorrência, controláveis.
Sobre isso, Heiddeger contava uma história engraçada. Dizia que um cientista afoito em provar suas teses de medição da felicidade e da tristeza, começou a visitar os velórios de sua cidade carregando tubos de ensaio, nos quais recolhia a quantidade de lágrimas que viúvos vertem a cada três minutos. Podemos imaginar a cena!
Mutadis mutandis, se alguém já viu um interrogatório desses que querem medir o estado depressivo – com algumas nobres exceções - verá que é difícil escapar de ser tachado de doente, quando perguntas como essas lhe são dirigidas, simultaneamente: -“Você tem dormido pouco, ultimamente?”, ou: -“Você tem dormido muito, ultimamente?”. 
Por que essa euforia da depressão? Será mesmo, como muitos respondem, por uma desregulação dos níveis do neurotransmissor serotonina? A serotonina ficou até popular, todo mundo fala dela como do colesterol. Ela é íntima. Agora, por que a serotonina ficou alterada de repente em tanta gente? Alguma epidemia viral de vírus anti-serotonina ou coisa que o valha? Não parece.
Prefiro pensar que se há muita depressão – lato sensu – é porque sofremos uma revolução dos parâmetros que atuam na formação da identidade. Na saída da sociedade moderna para a pós-moderna, não temos mais termômetros de certo e errado que serviam para as pessoas se orientarem se estavam bem ou mal. Com o fim desse maniqueísmo, nossos tempos exigem maior responsabilidade individual no seu bem estar. Aí, muitos fraquejam. Dou um exemplo simples: uma pessoa cruza com um conhecido na rua e o cumprimenta. O outro não responde e segue seu caminho. Qual a primeira pergunta que vem na cabeça de quem fez o cumprimento? O que vem é: -“O que foi que eu fiz?”, no sentido de uma bobagem que ele teria cometido motivo da falta de resposta ao cumprimento. Quando a identidade, como nesse caso, titubeia, ela se regenera, paradoxalmente, na auto-depreciação. Daí para se sentir deprimido é um pequeno passo. E, para complementar a receita, como estamos na época da medicalização da vida, na qual se acredita que para tudo tem remédio, pronto, tasca antidepressivo nele.
Triste tempo esse, realmente, em que tentam dessubjetivar a responsabilidade pessoal frente aos sentimentos. Mas não vai funcionar, como nunca funcionou na história da humanidade quando já tentaram amordaçar o desejo humano.
Ser feliz dá um trabalho danado, chega até a assustar, mas não mata não.


Jorge Forbes 

Texto publicado originalmente na revista Gente IstoÉ – setembro 2013

sábado, outubro 19, 2013

CENTENÁRIO DE VINÍCIUS DE MORAES


Hoje é sabado, amanhã é domiingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado ...

E neste sábado comemoramos o centenário desse grande poeta das letras e das músicas brasileiras.

Quem não cantou "Se você quer ser minha namorada ..."

"Eu sei que vou te amar ....."

"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela menina que vem e que passa ..."

O vídeo abaixo traz um show de Vinícius com Tom. Toquinho e Miucha na Itália, cantando as canções que fez com Baden Powell:





Aqui vai mais uma seleção de músicas de Vinícius e seus parceiros:



Essa coletânea é para se deliciar! Vinícius embalou muitos momentos de cada um de nós neste Brasil e por todos os países em que fez shows, em que suas músicas são ouvidas.

Teve grandes parceiros como Ary Barroso, Tom Jobim, Edu Lobo, Toquinho, Baden Powell, Carlos Lyra, Chico Buarque e por aí vai - a lista é grande ...

Sua vida também foi muito intensa e variada - casou 9 vezes! E a cada casamento um novo homem. Um homem que vivia a vida pela paixão e só sabia vivier se estava apaixonado.

Quem não curtiu o Soneto da Fidelidade?

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Uma coletânea de trechos de suas poesias que escolhi:

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo. ...

Mais um ano na estrada percorrida
Vem, como o astro matinal, que a adora
Molhar de puras lágrimas de aurora
A morena rosa escura e apetecida. ...

Enfim, depois de tanto erro passado 
Tantas retaliações, tanto perigo 
Eis que ressurge noutro o velho amigo 
Nunca perdido, sempre reencontrado....


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto ...

Salve poetinha !


sábado, outubro 12, 2013

O MUNDO VISTO PELA PSICANÁLISE - PRIMEIRO ANIVERSÁRIO








DESTA VEZ, SIM, OS NÚMEROS EMOCIONAM:
UM ANO DE PUBLICAÇÃO SEMANAL.
52 SEMANAS DE LANÇAMENTO CONTÍNUO, SEMPRE NA HORA.
52 JANELAS ABERTAS A “O MUNDO VISTO PELA PSICANÁLISE”.
208 TEXTOS DO QUE VIVEMOS NESSE ANO.
ESTÃO TODOS ORGANIZADOS NESTE NÚMERO ESPECIAL.


domingo, outubro 06, 2013

I LEFT MY HEART IN SAN FRANCISCO


And again:

E quando for a San Francisco, não esqueça de colocar flores no cabelo ...


Passei belos dias em San Francisco a caminho do 18º Congresso da Wordl Muscle Society sobre ciências neuromusculares, onde apresentei um trabalho representando o IPLA e o Centro de Estudos do Genoma Humano-USP.

Nessa cidade mágica encontrei meu afilhado Mateo, filho do grande amigo Gonzalo, que esteve me visitando uns dias antes em sua viagem de moto de Bogotá a Brasil.

Depois, já em Asilomar, na península de Monterey, ao lado de Carmel, fiz lindos passeios, em duas tarde nos últimos dias do congresso. Infelizmente não vi Clint Estwood, um de meus atores e diretores preferidos.

Ficaram as lembranças:

A vista da Bay Bridge da janela do meu quarto....

O grupo do Genoma Humano da USP liderado por Mayana Zatz e Mariz Vainzof. Um time da pesada !


 

domingo, setembro 15, 2013

VIAJEROS DEL SUR

Amigo é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito. Assim falava a canção ....
Gonzalo é desses amigos, que guardo no lado esquerdo do peito. Longe, em Bogotá, mas sempre presente - no blog, no face, no e-mail, no pensamento, nas poesias, nas matemáticas....

Apareceu de moto, com sua mulher Gabriela, numa aventura de deixar qulaquer valentão de queixo caído: atravessando a América do Sul - de Bogotá para Foz de Iguaçu, passando por Peru, Bolívia, Brasil - desde o Acre até o Rio Grande so Sul, passando por São Paulo para matar as saudades.



As palavras não dão conta de exprimir a alegria de receber esse amigo querido. Lembrançs de 30 anos vêem à tona: México lindo y querido, Laranjeiras - no Rio de Janeiro, o ᴫº colóquio de matemática de Poços de Caldas ... 




Vale acompanhar sua viagem acessando o blog: Viajeros del Sur

E em poucos dias estarei me encontrando com seu filho Mateo, meu quase afilhado, em San Francisco. 

A vida dá voltas e sempre encontramos as pessoas que queremos bem - é o círculo da vida.

É por momentos assim que a vida vale a pena!!!!!

sábado, setembro 14, 2013

UM SOPRO DE VIDA

Relato de um caso clínico:

Edmilson, 16 anos, chegou à Clínica de Psicanálise do Centro do Genoma Humano – USP encaminhado pela Associação Brasileira de Distrofia Muscular – ABDIM, tentativa derradeira para trazê-lo de volta à vida. Ele estava muito fragilizado, resistente aos tratamentos propostos pela fonoaudióloga e nutricionista. Mostrava-se apático às propostas de intervenção e não tinha nenhum interesse pela vida. Tinha perdido dez quilos em um ano, sendo sete nos últimos seis meses – havia chegado ao seu limite. Toda a equipe da ABDIM apostava no tratamento psicanalítico como uma saída possível para Edmilson. Um exemplo de parceria da medicina com a psicanálise.
Falou pouco na primeira entrevista com Jorge Forbes e Mayana Zatz. Quase sem voz e sem forças, sua mãe, presente no encontro, falou por ele. Contou que o filho comia muito pouco, passava a maior parte do tempo deitado em casa, sem atividade. “Edmilson se entregou, não tem vontade de nada, emagreceu muito nos últimos meses”, desabafou a mãe. Forbes faz uma acolhida implicada: Diz que será feita uma experiência de três meses e colocou uma exigência: “Você terá de falar, dizer o que você quer, do contrário cessaremos o tratamento”. Com isso marca um limite, inscreve a dimensão do tempo, semeia um senso de urgência.
Antes de iniciar o tratamento, recebi um relatório da médica da ABDIM e orientações de procedimentos com o paciente, que assustou a todos pela gravidade: paciente portador de Distrofia Muscular do Tipo Duchenne, com um quadro clínico muito complexo, envolvendo a perda de força muscular, a insuficiência ventilatória, a miocardiopatia importante e o estado anorético que pode estar relacionado com um estado depressivo ou de pânico por sua fragilidade. Altura: 1,76m; Peso: 36kg.
Na primeira sessão recebi o paciente em sua cadeira de rodas, franzino, e, embora com voz baixinha, falou muito. Na entrevista com Jorge Forbes e Mayana Zatz havia sido notado um rebaixamento intelectual, que se confirmou quando ele falou de sua difícil experiência escolar. Frequentou a escola pública até a oitava série (tinha largado a escola no ano anterior), mas não conseguia ler, nem escrever. Fiz a grafia do seu nome e ele não reconheceu. Perguntei sua idade, mas ele não sabia. Olhei em seu prontuário: 16 anos. Ele sorriu e confirmou. Esse ato despertou sua curiosidade, um desejo de saber de si, abertura para sair de um alheamento. Efeito: na segunda sessão ele disse querer retomar aulas para aprender ler e escrever. Falou também do seu gosto pela música.
Para levar adiante a direção do tratamento inicialmente proposta, levando em conta seu rebaixamento intelectual, o trabalho psicanalítico teria como apoio a música e o envolvimento de Edmilson com a aprendizagem de leitura e escrita.
Por três semanas ele não comparece às sessões por causa de uma pneumonia. No encontro seguinte à sua alta no hospital, falou da morte de dois amigos da ABDIM e o quanto isso o afetou. Perguntei-lhe o que significava perder um amigo e provoquei-o a falar disso. O medo da morte foi um ponto importante do nosso trabalho. Antes estava enjoado e desacreditando dos tratamentos, agora queria acreditar novamente – o encontro com o real, com a morte, o chacoalhou. Em relação aos seus recursos financeiros também mudou de posição. Acusou a mãe de usar o dinheiro que ele recebia do INSS para ajudar na manutenção da casa e decidiu tomar conta do seu dinheiro para uso pessoal. Foi uma virada de 180º: responsabilizou-se por seu tratamento clínico e por seus recursos financeiros. Na próxima sessão fizemos um plano para Edmilson escapar da morte, com pontos elencados por ele. Mais que um plano, construiu um decálogo para a vida.
Edmilson gostava quando eu abria meu computador e colocava uns sambas pra tocar. Um dia apareceu com um aparelho de MP3 que havia comprado com seu dinheiro. Nessa sessão e nas seguintes tocava músicas que gostava, usando esse aparelho. Começou a sair mais e relatava-me passeios que fazia com o pai e com a família.
Uma alteração genética às vezes é mutação nova, não herdada. Era o caso de Edmilson, único da família portador da distrofia. Seus pais eram separados. Vivia com a mãe, o padrasto, o irmão mais velho e a irmã de seis anos. De sua história, contou que quando criança caía muito e seu pai achava que ele era preguiçoso, tratando-o sem paciência. Sua mãe não concordava com o marido, brigavam muito e se separaram quando ele tinha 10 anos – idade em que foi para a cadeira de rodas. Sua mãe, segundo ele, era muito estressada e foi quem sempre o levou aos médicos. O pai, “alegre, mas esquecido, não dá para confiar nele”, também tinha outra família e às vezes Edmilson passava os dias lá. Reclamava ainda que as pessoas não gostavam de falar com ele. “Escuto tudo o que falam, às vezes até finjo que não sei, mas sei de tudo”, afirmava.
Edmilson começou a cobrar consequência e responsabilidade dos familiares. Ficava aborrecido quando seu pai não cumpria com algum combinado e não ia buscá-lo. Um dia me pediu que eu fosse a ponte entre o seu pai e Forbes. Tocado pela primeira entrevista com o psicanalista, apostava que o pai também pudesse aproveitar de tal encontro, que lhe abriria a chance de fazer a vida diferente, ser mais feliz e passar a cumprir com seus compromissos. Mas, no dia da entrevista com Forbes, o pai não compareceu. “Eu sabia que ele não ia vir. Não dá pra confiar no meu pai, ele sempre foi assim”, desabafou o jovem. Querer trazer o pai para análise foi uma mostra de se colocar frente ao pai, uma forma de se assenhorar da sua vida.
As sessões seguiram ao som de músicas – alternamos samba, sertanejo, baladas românticas e até rock – e de poemas, que sempre me pedia para ler. Edmilson ganhou peso. As mudanças estavam cada vez mais aparentes. No campo amoroso já se arvorava a falar com meninas, com a filha de um amigo do pai, com a enteada do pai e paquerava as fisioterapeutas. O irmão mais velho também lhe dava umas dicas e aos poucos já não tinha tanto medo de se aproximar de meninas. No campo financeiro, as mudanças também eram nítidas. Escolhia o que comprar todo mês, roupas ou algum equipamento eletrônico, fazia passeios no shopping. Tinha planos de comprar um novo computador e viajar – adorava o mar. “Descobri que tem muita coisa pra fazer, pra ver”.
Edmilson queria ousar encontrar uma mulher. Dois anos depois de iniciado seu tratamento, completaria 18 anos. Engordou e a mãe não conseguia mais carregá-lo. “Estou bem. Meu coração está mais forte, mas preciso fazer dieta porque meu coração não vai aguentar se eu engordar muito”. Fez novos planos, como quem tem pressa, como quem não tem mais tempo a perder: voltar para a escola, cuidar melhor do seu dinheiro, ir a uma balada, sair mais, transar com uma mulher e viajar para uma praia. Pediu para o pai, de presente de aniversário, um encontro com uma garota de programa.
Numa sessão falou da tristeza pela perda de mais três amigos. Pediu que eu procurasse poesias e músicas que falassem de amor e no final da sessão um poema sobre saudade. Edmilson não era letrado – ainda não sabia ler, nem escrever – mas apreciava e se deixava tocar pela palavra poética.
Durante duas semanas não compareceu às sessões. Exames de rotina, uma gripe mal curada... No final de uma tarde de domingo recebi uma mensagem de um amigo dele, pelo Facebook, comunicando que Edmilson tinha morrido – após desmaiar em casa, chegou sem vida ao hospital. A morte, que rondava sua vida, desde antes de começar o tratamento, três anos antes, me surpreendeu. E os sonhos dele? Sua luta contra a morte, seu desejo de viver? 
A música e a poesia promoveram o ressoar; por meio de recursos sensíveis a análise despertou o racional. Ele pôde construir sua história a partir da evocação do sensível. Um sopro de vida.

Teresa Genesini
(link para a publicação no site do IPLA: Um sopro de vida - na newsletter O Mundo visto pela psicanálise 48)

sexta-feira, setembro 13, 2013

EDU LOBO - AUDITÓRIO IBIRAPUERA


O show comemorativo dos 70 anos de Edu Lobo em São Paulo, no Auditório Ibirapuera, foi um evento inesquecível - com participação de seu filho - Bena Lobo e de Mônica Salmaso. Acompanhavam  Edu Lobo os músicos Carlos Malta (flautas e saxes), Jorge Helder (baixo acústico), Jurim Moreira (bateria), Lula Galvão (violão) e Mingo Araújo (percussão). O piano ficou sob responsabilidade do Maestro Cristóvão Bastos, que também fez a regência de uma orquestra com 20 instrumentos de cordas.

No Rio Edu comemorou seu aniversário  no Teatro Municipal com participação de Chico Buarque, Maria Bethânia e Mônica Salmaso  (veja matéria do Estadão).

Assisti aqui em São Paulo, em companhia de meu grande amigo Gonzalo Bueno Angulo - que veio de moto de Bogotá, Colômbia, acompanhado de sua mulher, Gabriela. 

Gonzalo, que já curtia o Grande Circo Místico, quando estudava Matemática no IMPA - Rio de Janeiro, ficou exultante com essa surpresa. Foi uma noite memorável !!

Alguns videos escolhidos das canções do show:
E, para finalizar a música de Edu que traz as lembranpas mais antigas e mais queridas de uma época que vai muito longe ....


quinta-feira, setembro 05, 2013

DO CEMITÉRIO PARA A VIDA

Relato de um caso clínico:
Na Clínica de Psicanálise do Centro de Estudos do Genoma Humano – USP, criada por Jorge Forbes e Mayana Zatz, há sete anos atendemos pacientes portadores de distrofia muscular e seus familiares.Constatamos que, embora o diagnóstico da doença seja um golpe, o sofrimento geralmente tem outra causa e a distrofia funciona como uma justificativa padrão.
Steves, paciente com Distrofia Miotônica de Steinert, é encaminhado porque estava com depressão – uma espécie de desvitalização melancólica – pela morte repentina da mãe. Chegou a ficar 20 dias sem tomar banho, sem ânimo para nada. Conta, na entrevista inicial com Forbes, que duas imagens não saíam de sua cabeça: a mãe entubada no hospital e depois, deitada no caixão. Passava os dias no cemitério sentado no túmulo da mãe, sem comer e chorando. Forbes o interpreta: Você está definhando. O Steinert não faz você ficar no cemitério; isso é uma opção do Steves. Essa intervenção o surpreende e o desloca; permite iniciar o tratamento, que dura um ano.
Nas primeiras sessões, Steves continua a queixa pela perda da mãe. Depois, ao dizer que gostava de contar piadas, peço que me conte alguma. A partir de então, conta uma piada a cada sessão, até que um dia, ao sair, esquece a bengala. Quando volta para pegá-la, diz: Logo vou conseguir entrar aqui sem bengala. Através do humor, do chiste, desloca-se o gozo do sofrimento pela perda da mãe para o “contar piada para a analista”.
Antes magro e abatido, aos poucos retoma o gosto pela comida e por cozinhar. Um dia chega com um presente: um pedaço de torta de frango, uma de suas especialidades.
Steves relata um sonho com sua mãe: está bonita, diz que está bem e recomenda que ele também fique bem. Agora as imagens dela no hospital e no caixão estão indo embora, vou ficar com essa imagem do sonho, diz. Começa a contar quanto falta para terminar o luto de um ano. Intervenho: Por que não diminuir esse tempo? Por que não 9 meses? A resposta: É mesmo. Vou mandar rezar uma missa de 9 meses e começar vida nova.
Começa fisioterapia e participa das festas de final de ano da clínica. Conta que está se desapegando de muita coisa: doa móveis velhos, faz uma grande faxina, troca coisas de lugar e muda o visual da casa. Fiz uma reviravolta em casa. Questiono: E quais são seus projetos? Responde que gostaria de voltar a estudar – quer fazer curso de informática. Faz curso preparatório e é aprovado.
A reviravolta continuou também no campo amoroso: Estou fazendo uma reciclagem na minha vida, um balanço – onde errei, o que foi bom, não quero começar relacionamentos só para não ficar sozinho. Antes achava que precisava da minha mãe para viver, depois achava que a solução era ter alguém para dormir e acordar comigo. Agora sei que sou eu o responsável, eu é que tenho que estar bem; não estou mais carente.
Na última sessão nos despedimos e ele faz um depoimento: Doutora, foi muito bom para mim esse tratamento. Se eu não viesse aqui, hoje eu não estaria vivo. Quando eu precisar falar, marco uma consulta ou então venho para lhe trazer um “escondidinho”.
A modificação na vida de Steves foi sair do estado de definhamento para aumento da libido, gosto pela vida. Fez a passagem da melancolia à elaboração do luto pela perda da mãe. Steves abriu-se para a vida; o encontro com a psicanálise deu nova perspectiva a ele.
Passados seis meses, a médica clínica do Genoma, me procura preocupada porque Steves não veio fazer o controle da distrofia; não conseguia falar com ele – estaria deprimido? Ligo para ele, que me diz: Doutora, a senhora me achou por acaso; corro muito, pois estudo, faço estágio, fisioterapia  e viajo nos fins de semana com a namorada. Tinham viajado de férias para uma praia no nordeste...
Assim, deu-se o percurso de Steves – do cemitério para a vida.
Como disse Forbes no texto Felicidade não é bem que se mereça (2009): ... para alcançar a felicidade é necessária uma boa dose de ousadia e coragem, e não se medir pela expectativa do que esperam de você. Em uma análise, felicidade é suportar o inesperado.

Teresa Genesini
(link para publicação no site do IPLA: Do cemitério para a vida - e na newsletter O Mundo visto pela Psicanálise 46)

terça-feira, setembro 03, 2013

PRA QUE CASAR?

 
Casar faz toda a diferença, mesmo que pareça ridículo proclamar o amor em público, em data e hora determinadas. Amor começa na palavra, mas só ganha sentido no corpo – analisa Jorge Forbes nesse artigo para a revista Gente IstoÉ.

clique para ler esse artigo de Jorge Forbes:  Pra que casar?

domingo, setembro 01, 2013

POEMAS DE LEONARD COHEN


 Sempre gostei muito das canções e principalmente das letras das músicas de Leonard Cohen.

Agora descobri seus poemas e gostei muito !

Selecionei este:


Assim como a neblina não deixa marcas
Na colina verde-escura
Meu corpo também não deixa marcas
No seu, nem nunca deixará. 


Quando vento e uivo se encontram,
O que sobra?
Assim é o nosso encontro,
Depois nos viramos e pegamos no sono. 


Assim como há noites que ficam
Sem luas, nem estrelas, 

Assim ficaremos 
Quando um de nós tiver partido. 

Leonard Cohen.

sexta-feira, agosto 23, 2013

MARTINHO DA VILA 75 ANOS

O CD Martinho da Vila 75 anos foi um presente de um amigo querido.
É a trilha sonora das minhas viagens de carro - uma delícia!

Confira aqui algumas faixas:



O arranjo é maravilhoso e traz Mestre Tranbique no surdo. É pra morrer de sambar. A primeira faixa, com Paulinho da Viola, é um primor !

quarta-feira, agosto 21, 2013

ANIVERSÁRIO DE ANDRÉ GENESINI


PARABÉNS ANDRÉ, PELO SEU ANIVERSÁRIO !!!!!



COMO FAZER FELIZ MEU FILHO


Como fazer feliz meu filho?
Não há receitas para tal.
Todo o saber, todo o meu brilho
de vaidoso intelectual

vacila ante a interrogação
gravada em mim, impressa no ar.
Bola, bombons, patinação
talvez bastem para encantar?

Imprevistas, fartas mesadas,
louvores, prêmios, complacências,
milhões de coisas desejadas,
concedidas sem reticências?

Liberdade alheia a limites,
perdão de erros, sem julgamento,
e dizer-lhe que estamos quites,
conforme a lei do esquecimento?

Submeter-se à sua vontade
sem ponderar, sem discutir?
Dar-lhe tudo aquilo que há
de entontecer um grão-vizir?

E se depois de tanto mimo
que o atraia, ele se sente
pobre, sem paz e sem arrimo,
alma vazia, amargamente?

Não é feliz. Mas que fazer
para consolo desta criança?
Como em seu íntimo acender
uma fagulha de confiança?

Eis que acode meu coração
e oferece, como uma flor,
a doçura desta lição:
dar a meu filho meu amor.

Pois o amor resgata a pobreza,
vence o tédio, ilumina o dia
e instaura em nossa natureza
a imperecível alegria.


© CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
In Farewell, 1996