
Um filme inteligente com muito humor e um final surpreendente.
Micos e Patos: 68.000 pessoas pagaram o maior "mico" ontem no Maracanã enquanto 1.000.000 de pessoas, que acompanharam pela Rede Globo, pagaram o maior “pato”.
Meus correspondentes presentes ontem no Maracanã me contaram uma versão do show de 50 anos do Rei, que não bate em nada com a versão platinada da TV, nem com notícias divulgadas por sites de “celebridades”, argh, durante o show:
Para começar, foi um show pela metade - o som falhou de cara na apresentação do Rei . Anunciaram: E AGORA COM VOCÊS ROBERTO !!! (faltou o CARLOS).
Chovia muito. Roberto Carlos quis parar quando a chuva aumentou, mas o show teve que continuar . Parece que a Globo não deixou, entendendo que a platéia adorava o caminho dos índios.
Não havia capa de chuva suficiente, resultado: muita gente "ensopada".
As velhinhas, e havia um montão delas, fãs incondicionais do Rei, derrapavam no estrado que cobria o gramado; pneumonia na certa, quando não, ortopedista.
Cerca de 80% do público que lotava o Maracanã deixou o show no meio, quando o temporal desabou. Pessoas que se protegiam da chuva sob as marquises dificultavam a saída. Os policiais desapareceram; as fardas não são impermeáveis...
Os taxis desapareceram da porta do estádio, prolongando o sofrimento dos sem-capa.
Para não mostrar cadeiras vazias lá na frente, a organização favoreceu a invasão da ala VIP, pois, afinal, todos os pintos molhados se parecem.
As falhas técnicas não pararam do início ao fim. O som estava horrível, nem Roberto escutava bem: de tanto ajeitar o ponto no ouvido, parecia que estava fazendo teste de um novo aparelho de surdez.
O segundo telão do lado esquerdo, no meio do gramado, apagou; quando tentavam ressuscitá-lo era o maior ruído com explosões multi coloridas que impediam a escuta e a visão.
Roberto Carlos e os músicos ficavam no palco a meia luz durante os intervalos dos comerciais, sem papo com o público.. Ignorada, a platéia aplaudia da mesma forma: a meia palma.
Continuar o show, no meio da tempestade, sem as condições mínimas, foi um desrepeito com aqueles que fizeram de Roberto Carlos, Rei.
NASCI PARA BAILAR não inventa dança falsa. Lamenta o ocorrido no Maracanã, torce que no próximo show, no Ibirapuera, o Rei, ao menos, chegue de alma lavada...
COMO É GRANDE O MEU AMOR POR VOCÊ
Roberto Carlos se emocionou e emocionou a platéia com declarações de amor, nesse show inesquecível para mim e milhares de fãs.
Por que você vem comigo
É que isso tem valor
Só vale o paraíso com amor ...
Conto os dias, conto as horas pra te ver
Eu não consigo te esquecer ...
Você foi a mentira sincera
Brincadeira mais séria que me aconteceu ...
Só no Maracanã eram 68.000 pessoas. Pela rede globo e pela internet, outras milhares. Uma comemoração de 50 anos de reinado para o Rei da MPB.
A primeira música só podia ser EMOÇÕES. Confira.
Outro momento de grande emoção foi o encontro com Erasmo Carlos., o parceiro, amigo e compadre. A outra convidada, a ternurinha Wanderléa, completou o trio da Jovem Guarda, relembrando as jovens tardes de domingo da TV Record.
Roberto contou histórias, como: Calohambeque foi a primeira canção em parceria com Erasmo.
E a primeira música romântica que fizeram juntos foi PROPOSTA - maravilhoso início = uma das minhas preferidas:
Eu te proponho
Não dzer nada
Seguirmos juntos na mesma estrada...
As músicas escolhidas para o show foram 31:
1 - Emoções
2 - Eu te amo
3 - Além do horizonte
4 - Amor perfeito
5 - Detalhes
6 - Outra vez
7 - Aquela casa simples
8 - Meu querido, meu velho, meu amigo
9 - Lady Laura
10 - Nossa Senhora
11 - Mulher pequena
12 - Calhambeque
13 - Caminhoneiro
14 - Do fundo do meu coração
15 - Eu te proponho
16 - Seu corpo
17 - Os seus botões
18 - Café da manhã
19 - Cavalgada
20 - Amigo
21 ~ Sentado à beira do caminho
22 - Ternura
23 - Eu sou terrível
24 - É proibido fumar
25 - Namoradinha de um amigo meu
26 - Quando
27 - E por isso estou aqui
28 - Jovens tardes de domingo
29 - Como é grande o meu amor por você
30 - É preciso saber viver
31 - Jesus Cristo
São tantas as canções bonitas de Roberto, que sempre fica um gosto de quero mais.
Eu gostaria que ele tivesse cantado ainda :
Quero que vá tudo para o inferno
Sua Estupidez
As curvas da estrada de Santos
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Esqueça
Canzone per te
Maria Carnaval e Cinzas
Não quero ver você triste assim
Olha
Bem, seria um outro show. Vou fazer esse pedido a ele; quem sabe ele me atende ....
A psicanálise não interpreta; são os artistas que nos interpretam - que fazem a gente pensar diferente, ver o mundo diferente. Eu não interpreto Michael Jackson, disse Jorge Forbes, ao ser entrevistado por Mônica Waldvogel, na Globo News, na noite da cerimônia de despedida de Michael Jackson, num ginásio com mais de 20.000 pessoas em Los Angeles.
Depois da emoção do funeral - o espetáculo divulgado no mundo todo - fica fácil cair na babaquice das explicações e justificativas, no reducionismo de achar que o fenômeno Michael Jackson se explicaria pelo pai tirano e pela infância perdida.
Só um psicanalista como Jorge Forbes poderia chacoalhar nossas certezas com suas frases :
A psicanálise serve para lembrar que pessoas como Michael Jackson - que são a arte encarnada - são elas que nos interpretam, que nos comovem. Essa tentativa de encarcerar Michael numa figura qualquer patológica é ruim, mesmo quando é ele quem faz isso.
Todos nós temos um interrogante em nós, sabendo que sempre existe um descompasso entre o que se sente e o que se diz. A gente vive desse descompasso. Os artistas vivem isso mais claro e têm a tarefa, a responsabilidade de sustentar isso.
O meu Michael Jackson não é o seu, nem o da filipina, nem o da japonesa, nem o do americano. Isso explica a comoção mundial: porque ele não é de ninguém. E como ele não é de ninguém, cada um de nós pode ter o seu Michael Jackson e cada um pode fazer com ele uma história diferente.
O que faz uma obra de arte ser imortal, um quadro ser imortal, um livro ser imortal, é exatamente o fato dele escapar sempre a todas as tentativas cognocíveis de apreendê-lo. Michael Jackson é isso. A meu ver, é um dos últimos mitos do mundo pós-moderno.
Antigamente tínhamos, como hoje, uma grande platéia para uma pessoa. Agora teremos pequenas platéias para muitas pessoas. É o processo conhecido como cauda longa - uma grande distribuição de artistas para inúmeros grupos.
Michael Jackson morreu no momento em que iria retornar. Cada um de nós ficará com uma idéia do show que ele não fez. Ele morreu no momento da esperança, o que contribui no envolvimento de todos nós, pois, todos sonhamos juntos o momento desse show em Londres.
Todo talento é alguma coisa que nos diferencia do grupo. As pessoas fazem análise para suportarem as suas qualidades; as pessoas tem que se responsabilizar pelo seu desejo sem se preocupar com a expectativa do outro e inventar seu modo de vida.
O artista mostra a necessidade a cada um de nós suportar a singularidade. Isso não é fácil. Há pessoas, como Pelé, que suportam melhor o seu talento, e outros que suportam mal - são os mascarados. Muitos perde suas carreiras por suportarem mal seu talento.
Hoje o mundo está de luto. Nós perdemos a maior expressão da música popular do século. Nós ficamos de luto sem sabermos exatamente o que perdemos e nós tentamos, de alguma maneira, emplacar Michael Jackson, engessá-lo, de alguma maneira.
Cada um tem duas opções nesta vida: ou você consegue se responsabilizar por sua singularidade, ou, você vira genérico. Se você suportar o desentendimento, suportar o mau entendimento, suportar a angústia desse mundo sem padrões, suportar a singularidade, então sua possibilidade de se manter nesse ponto é muito maior.
Nesse momento atual, da globalização, estamos numa outra relação com os heróis. Eles sempre existirão. Antes, o herói era um exemplo a seguir. Hoje, o herói não é aquele que entrega a vida a grandes causas. O herói será aquele que nos iterrogará, que nos fascinará, que nos equivocará e nos mostrará algo diferente e diverso como Michael Jackson.
Uma grande análise. Um excelente programa.
Se você perdeu, ou quer ver de novo, o programa será reprisado hoje, quarta-feira, às 11:30h e às 17:30h - na Globo News - canal 40.
O vídeo já está disponível. Confira:
As mesas que mais gostei da FLIP 2009 foram Chico Buarque / Miltom Hatoum e Antonio Lobo Antunes. Domingos de Oliveira também se destacou.
Miltom Hatoum falou de seu livro ÓRFÃOS DO ELDORADO - resultante de histórias de Manaus que ficaram em sua memória (Miltom é de Manaus). Foi um livro encomendado que devia ter aproximadamente 25.000 palavras / 100 páginas. Quando se deu conta o livro já tinha 200 páginas. Milton fez um esforço para reduzí-lo - teve que repensar o livro e escrever um romance mais curto. A persongem principal, Dinaura, lembra muito Matilde, a personagem de LEITE DERRAMADO.
Chico Buarque diz que seu livro é conciso - teria 20 páginas se não fosse a repetição, que faz parte do estilo. O mote do livro, contou Chico, foi a música "Velho Francisco", música de sua autoria. Começou a pensar no livro ao ouvi-la na interpretação de Mônica Salmaso.
A conversa e as histórias desses dois escritores foi um grande momento da festa literária deste ano.Ántonio Lobo Antunes, português, médico psiquiatra que virou escritor - tem 24 livros publicados - a grande surpresa da FLIP. Foi entrevistado por Humberto Werneck, que participou na FLIP do ano passado com seu livo O SANTO SUJO - comentado aqui no blog como um dos livros que mais gostei nesse ano. Uma mesa deliciosa, com o título ESCREVER É PRECISO - uma verdadeira aula de escrita, da paixão pela arte de escrever.
Lobo Antunes tem uma boa relação com o Brasil - seus avós paternos vieram para Belém do Pará no século XIX e ele mergulhou na literatura brasileira desde então. O primeiro poeta que leu aqui foi Manoel Bandeira. Escrevia escondido de sua mãe. Um dia seu avô lhe perguntou: _ Ouvi dizer que você escreve versos. Você é veado?. Diz-se conhecedor da poesia brasileira, mas não tem boa relação com a prosa: " Assim que começo a ler quero corrigir tudo". Anotei algumas de sua frases interessantes:
Todo livro é uma reflexão profunda sobre a arte de escrever.
Jorge Amado era muito maior que seus livros.
Um livro é um organismo vivo.
Quando escreve, você tem que ter uma mão feliz. Se ela é feliz, o livro sai.
Só vale a pena escrever se você acha que está escrevendo uma obra prima.
Escrever é, sobretudo, corrigir o que já escreveu.
Temos que escrever para a eternidade.
É um desafio escrever um livro que você acha que não será capaz de escrever.
É preciso tirar a gordura, escrever cada vez mais no osso.
Nunca deixe para o dia seguite uma frase com ponto final; é mais fácil de continuar.
Se alguém quer ser escritor tem que ver como o Garrincha chuta a bola.
O escritor tem que trabalhar 10 horas por dia: 2 horas para escrever e 8 horas para corigir.
O nome do leitor é que devia estar escrito na capa do livro.
Livro bom é aquele que foi escrito só para mim.
Escrevo um livro para corrigir o anterior. Ficamos sempre aquém daquilo que escrevemos; então o melhor é escrever outro livro.
O trabalho de editar é um trabalho arriscado, um trabalho difícil.
Um problema é saber quando um livro está acabado. É como uma mulher que deixa de gostar de você - ela fica num canto da cama e não deixa ser tocada por você. Um livro está terminado quando você não consegue mais corrigi-lo.
Clique no link para saber mais de Lobo Antunes: http://www.ala.nletras.com/Reality Show - exibicionismo, exposição, invasão de privacidade, limite entre público e privado - foram temas também desta FLIP. Fizeram parte desse estilo na FLIP deste ano: Catherine Millet, Sophie Calle, Gregoire Bouillier e Gay Talese.
Sophie Calle se expõe e expõe seus parceiros. O jornalista Gregoire Bouillier, adepto da vida pública, terminou seu romance com ela enviando-lhe um e-mail. Sophie divulgou esse email e fez uma obra sobre o acontecido. Vieram a público, na FLIP, discutir sua relação.Gay Talese, americano filho de italianos, jornalista e escritor, era um dos grandes nomes da FLIP. Famoso por seu jornalismo literário - realista (novo jornalismo) e suas crônicas como "Frank Sinatra está resfriado", teve um boa participação na FLIP. Mas a exposição de sua relação com sua editora e mulher deixam-no na categoria reality show. É a arte do excesso, dos novos modelos da globalização.
E a pior mediadora foi Maria Rita Khel, que deixou a escritora Catherine Millet - que transformou sua vida privada em pública - sem saber do que se tratava a entrevista. Não consegui ver até o final essa mesa de domingo - a mediadora a tornou insuportável. Vai aqui um alerta aos organizadores: os mediadores devem ser escolhidos com muito cuidado. Falar em "retorno do recalcado" - lacanês de quinta categoria num evento literário popular é inadmissível!!!
O melhor programa - ouvir Maria Martha, no Café Margarida.O melhor point - Café Paraty. Pelo lugar; pelo pastel de camarão ou bacalhau; pelo arroz de polvo e pela banda de rock de Paulo Meyer.
Até a FLIP 2010 !!!!