Gilles Lipovetsky, traduzido por Jorge Forbes, fala sobre a felicidade paradoxal, tema de um de seus últimos livros, para o auditório lotado do IPLA.
Depois de noventa minutos de palestra, o público continuava fazendo perguntas e dialogando com o filósofo.
A tradução de Jorge Forbes foi um show de interpretação - a presença do analista transforma a cena.
Algumas frases que sintetizam a fala de Lipovetsky:
Exemplo de paradoxo: Os corpos são livres, mas a miséria sexual se mantém.
Existe uma espécie de fragilidade - a felicidade aparece quando ela quer e não quando a queremos.
Felicidade é aquilo que eu não tenho, é aquilo que eu não dirijo.
A sociedade hipermoderna não deve ser destituída; ao menos ela tem uma virtude: legitimou aquilo que as tradições milenares se esforçam para mostrar.
É necessário que a gente invente uma pedagogia das paixões - oferecer alvos às pessoas , objetivos capazes de mobilizar suas paixões em outro lugar que não seja o universo das marcas e do consumo. Outros desejos, outros centros de interesse - esportes, música, dança, arte, um empreendimento, outras paixões.
Temos que inventar novos modelos de educação e de trabalho, que permitam às pessoas encontrar um modelo pessoal, que não seja regido pelo consenso em paradoxos de consumo.
A felicidade ocorre por acaso. Não pode ser um alvo, uma regra para se chegar a um lugar, uma ação premeditada.
Há soluções técnicas para melhorar a qualidade de vida, mas, para a felicidade, não há solução.
Quando a gente está feliz tudo fica leve - a vida fica mais leve. Porém, é o peso da existência que ganha da leveza, da felicidade.
Jorge Forbes finaliza:
Em Psicanálise, a felicidade é diretamente ligada ao encontro. Podemos, então, sair do paradoxo, porque finalmente aí, somos outra coisa.
A felicidade jamais é um merecimento, mas é um encontro de paixão. O grande problema em psicanálise é sustentar esse encontro.
Essa discussão tem que continuar - era o pedido da maioria dos presentes.
Mas só quem assistiu a palestra de Jorge Forbes sobre A FELICIDADE NA CLÍNICA DE JACQUES LACAN pode dizer que já sentiu esse gostinho - a magia do encontro.
quinta-feira, agosto 21, 2008
A FELICIDADE, POR LIPOVETSKY
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário