sábado, abril 21, 2007

CULPA E RESPONSABILIDADE


Foi muito boa a segunda reunião do módulo Como agir no Princípio Responsabilidade – fundamento da ética do desejo, sob a curadoria de Jorge Forbes.


Responsabilidade sem culpa, culpa sem responsabilidade – foi o tema da conferência de Tercio Sampaio Ferraz Jr na sexta-feira, 20 de abril no Café Filosófico do Espaço Cultural CPFL, em Campinas. Jorge Forbes iniciou a reunião lembrando dos assassinatos inusitados da Universidade de Virgínia, USA, ocorridos nessa semana e da audiência pública no STF sobre a constitucionalidade das pesquisas com células-tronco embrionárias, nesse dia. São situações que colocam a questão do direito e da responsabilidade em cheque. Com isso, passa a palavra ao jurista.

Tercio partiu da origem latina da palavra responsabilidade, que junta o verbo responder, o repetir, com aspergir, aspergir de novo, o que cria o vínculo. Esse vínculo, entre eu e tu, como diz Martin Buber, não existe mais numa sociedade pan-tecnológica. A natureza mudou, foi manipulada pelo homem; ela – que nos dava os parâmetros – foi substituída pela tecnologia. Por vezes sentimos culpa, mas não responsabilidade, porque falta o outro. No mundo da Internet não existe mais o outro, ele se diluiu e não haveria por quem se responsabilizar. Hoje temos a substituição da responsabilidade instancial – aquela que presumia o outro – pela responsabilidade situacional – uma responsabilidade sem nenhuma instância. Isso leva aos contratos responsivos, nos quais não há reciprocidade. Como serão o direito e a moral, nesse futuro, lidando com esse tipo de responsabilidade? Tercio deixa essa pergunta, dizendo-se incapaz de fazer alguma previsão.

Jorge Forbes, comentando a fala de Tercio Ferraz, diz que para a psicanálise não é tão estranha a queda do eu e do tu, como acontece na Internet, o silêncio do analista não tem a ver com boca fechada. Finaliza com uma pergunta para Tercio: “Você diria que todos são iguais perante a lei?”, ao que Tercio responde: “Talvez possa dizer que somos todos uniformes perante a lei.”

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