Escrevo
sem ver. Eu estive aqui. Queria só te dar um beijo na mão e ir embora. E, no
entanto, voltarei sem essa recompensa. Mas será que eu não estaria
absolutamente recompensado, bastando te mostrar o quanto eu te amo. São nove
horas. Eu escrevo que te amo, ao menos eu quero escrever isso para você; mas
não sei se a caneta se presta ao meu desejo. Será que você não vai aparecer
para que ao menos eu possa te dizer isso e depois ir embora rápido. Adeus minha
Sophie, boa noite. Teu coração não está te dizendo que eu estou aqui. Taí, a
primeira vez que escrevo nesta escuridão total. Esta situação deveria me
inspirar muitas coisas ternas. Eu só sinto uma, é que eu não quero ir embora. A
esperança de te ver um instante me retém, e eu continuo falando com você sem
saber se estou escrevendo. Em todos os lugares onde não houver nada, leia eu te
amo.
sábado, outubro 10, 2020
Uma carta de amor
segunda-feira, agosto 31, 2020
Hamilton – o musical
Em cartaz na Broadway desde 2015, o musical criado por
Lin-Manuel Miranda, conta a vida de Alexander Hamilton, baseado na biografia
"Alexander Hamilton" do historiador Ron Chernow.
Sucesso de bilheteria, Hamilton - An American Musical,
chama atenção por vários aspectos: a qualidade dos atores/cantores, a forma de
encenação tendo o rap como linguagem musical, as letras das músicas, a mistura
de raças no elenco desmistificando preconceitos, tudo, tudo legitima o
espetáculo, um espetáculo de vanguarda.
Mais impressionante ainda é a história contada de Hamilton.
Um jovem, que sem entrar na queixa, que o deixaria fora do lugar, por ser um
imigrante sem família, sem posses, se posiciona e legitima seu desejo num outro
país, que vem a ser sua nação, sua razão de viver.
Hamilton é um sedutor. Usa as palavras, tanto na escrita
quanto na fala para seduzir seus ouvintes, para atrair seguidores a lutar por
aquilo que acredita, pelo seu desejo, por seu projeto de vida. Com cartas
conquista sua amada, com discursos defende suas ideias de liberdade e da
construção de um novo país.
Ao assistir o musical, não pude deixar de lembrar das
palavras de Freud nas Conferências introdutórias à psicanálise:
“Originalmente as palavras eram mágicas; e ainda hoje conservam muito da velha
magia. Com palavras uma pessoa pode tornar outra feliz ou levá-la ao desespero,
com palavras o professor transmite seu saber aos alunos, com palavras o orador
arrebata uma plateia e determina os julgamentos e decisões de seus ouvintes.
Palavras despertam afetos e são o meio universal de os homens influenciarem uns
aos outros”.
Alexander Hamilton tinha um desejo e responsabilizou-se por
ele. Criou uma nação, um sistema financeiro que funciona até hoje nos Estados
Unidos. Deixou no mundo sua marca. Fez das palavras, da sedução, seu laço com o
mundo.
Hamilton – o musical, agrada e impressiona.
Como obra de arte, nos toca, nos interpreta.
Ouça no Spotfy a trilha do musical HAMILTON
quinta-feira, agosto 13, 2020
AS PALAVRAS E A SEDUÇÃO
Originalmente as palavras eram mágicas; e ainda hoje conservam
muito da velha magia.
Com palavras uma pessoa pode tornar outra feliz ou levá-la
ao desespero, com palavras o professor transmite seu saber aos alunos, com
palavras o orador arrebata uma plateia e determina os julgamentos e decisões de
seus ouvintes.
Palavras despertam afetos e são o meio universal de os homens
influenciarem uns aos outros.
(Freud: Conferências introdutórias à psicanálise)
quarta-feira, agosto 12, 2020
GILLES LAPOUGE
Gilles Lapouge era um apaixonado pelo Brasil.
Como poucos entendeu as diferenças e as particularidades
deste país e do seu povo.
Jornalista e escritor, morreu há poucos dias, aos 97 anos.
Ele se gabava de ter uma relação de 70 anos com o Brasil. Veio em março de 1951
pela primeira vez, convidado por Júlio de Mesquita Filho, para ser redator
econômico de O ESTADO DE SÃO PAULO.
Seus artigos semanais no Estadão eram um deleite para mim.
Mas, escreveu muitos livros, sendo que um deles é meu livro de cabeceira: Dictionnaire
Amoureux du Brésil, publicado aqui pela editora Manole, que infelizmente
mudaram o título por Dicionário dos Apaixonados pelo Brasil. Uma pena
essa mudança no nome, pois Dicionário Amoroso é uma coleção de uma escolha
particular de verbetes de um tema escolhido pelo autor, no caso de Lapouge, seu
amor pelo Brasil. É um livro obrigatório, que com seus verbetes nos faz viajar e descobrir um novo país, cheio de encantos, que sua ótica privilegiada nos mostra.
Conheci esse grande escritor quando ele veio para o
lançamento do acervo digital do Estadão, em 2012, há exatamente 8 anos (na noite de 12 de agosto). Gentil, elegante, bem-humorado, grande
intelectual, fez matérias marcantes sobre personalidades, incluindo Charles De
Gaulle e Jacques Lacan.
Parecia que ele era imortal....
Deixo aqui o link de seu artigo sobre Jacques Lacan, belo e
profundo. Cada vez que o leio me emociono.
Em seus últimos
dias de vida, Jacques Lacan era um homem triste, frágil e cansado. Era um
velho. Mas a morte jogou-o novamente no primeiro plano, obrigando a uma
reapreciação do uso que fez da linguística para a decifração de Freud. Gilles
Lapouge refaz a trajetória desse intelectual e recorda a curta, porém marcante,
convivência que teve com LACAN.
Clique para
ler: Lacan, por Gilles Lapouge
quarta-feira, julho 29, 2020
Sedução
Giiles Lipovetsky, em seu livro “A sociedade da sedução –
democracia e narcisismo na hipermodernidade liberal” faz um estudo exaustivo
sobre a sedução, desde o início dos tempos até hoje. Uma leitura empolgante e
interessante que nos provoca reflexões.
É importante estudar, se interessar pelo tema da sedução,
porque na perda dos padrões universais, temos que ter outra forma do exercício
da verdade, outra forma de orientação, que nos levou a dizer que o principal
afeto da pós-modernidade é a amizade, que se sustenta na sedução, diz Forbes.
Cada pessoa deve se responsabilizar por sua singularidade,
por passar no mundo sua invenção. E só vai conseguir passar sua invenção no
mundo se for um sedutor.
A sedução é fonte de desejo, plataforma de desejo, diz Lipovetsky.
O artista seduz,
o professor só ensina se for um sedutor,
o
amigo é um sedutor,
o amor só acontece quando somos seduzidos,
publicidade e
marketing trabalham formas de sedução,
o analista é um sedutor.
Sem sedução não há
movimento.
terça-feira, julho 28, 2020
Leonardo, Bem-vindo ao mundo!
Leonardo chegou há poucos dias e já não poderia mais viver sem ele. Filho de um filho é duas vezes filho e o amor é tão grande que transborda por tudo.
Sou grata a André e Priscila por nos darem essa alegria!
E segue a playlist que fiz para Leonardo no Spotfy:
https://open.spotify.com/playlist/2a8pM6lDjfsxm1NLxuFizO?si=70slvjYNT-mnIrU5VtKLsA