segunda-feira, agosto 31, 2020

Hamilton – o musical




Em cartaz na Broadway desde 2015, o musical criado por Lin-Manuel Miranda, conta a vida de Alexander Hamilton, baseado na biografia "Alexander Hamilton" do historiador Ron Chernow.

Sucesso de bilheteria, Hamilton - An American Musical, chama atenção por vários aspectos: a qualidade dos atores/cantores, a forma de encenação tendo o rap como linguagem musical, as letras das músicas, a mistura de raças no elenco desmistificando preconceitos, tudo, tudo legitima o espetáculo, um espetáculo de vanguarda.

Mais impressionante ainda é a história contada de Hamilton. Um jovem, que sem entrar na queixa, que o deixaria fora do lugar, por ser um imigrante sem família, sem posses, se posiciona e legitima seu desejo num outro país, que vem a ser sua nação, sua razão de viver.

Hamilton é um sedutor. Usa as palavras, tanto na escrita quanto na fala para seduzir seus ouvintes, para atrair seguidores a lutar por aquilo que acredita, pelo seu desejo, por seu projeto de vida. Com cartas conquista sua amada, com discursos defende suas ideias de liberdade e da construção de um novo país.

Ao assistir o musical, não pude deixar de lembrar das palavras de Freud nas Conferências introdutórias à psicanálise: “Originalmente as palavras eram mágicas; e ainda hoje conservam muito da velha magia. Com palavras uma pessoa pode tornar outra feliz ou levá-la ao desespero, com palavras o professor transmite seu saber aos alunos, com palavras o orador arrebata uma plateia e determina os julgamentos e decisões de seus ouvintes. Palavras despertam afetos e são o meio universal de os homens influenciarem uns aos outros”.

Alexander Hamilton tinha um desejo e responsabilizou-se por ele. Criou uma nação, um sistema financeiro que funciona até hoje nos Estados Unidos. Deixou no mundo sua marca. Fez das palavras, da sedução, seu laço com o mundo.

Hamilton – o musical, agrada e impressiona.

Como obra de arte, nos toca, nos interpreta.

Ouça no Spotfy a trilha do musical HAMILTON

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