Em cartaz na Broadway desde 2015, o musical criado por
Lin-Manuel Miranda, conta a vida de Alexander Hamilton, baseado na biografia
"Alexander Hamilton" do historiador Ron Chernow.
Sucesso de bilheteria, Hamilton - An American Musical,
chama atenção por vários aspectos: a qualidade dos atores/cantores, a forma de
encenação tendo o rap como linguagem musical, as letras das músicas, a mistura
de raças no elenco desmistificando preconceitos, tudo, tudo legitima o
espetáculo, um espetáculo de vanguarda.
Mais impressionante ainda é a história contada de Hamilton.
Um jovem, que sem entrar na queixa, que o deixaria fora do lugar, por ser um
imigrante sem família, sem posses, se posiciona e legitima seu desejo num outro
país, que vem a ser sua nação, sua razão de viver.
Hamilton é um sedutor. Usa as palavras, tanto na escrita
quanto na fala para seduzir seus ouvintes, para atrair seguidores a lutar por
aquilo que acredita, pelo seu desejo, por seu projeto de vida. Com cartas
conquista sua amada, com discursos defende suas ideias de liberdade e da
construção de um novo país.
Ao assistir o musical, não pude deixar de lembrar das
palavras de Freud nas Conferências introdutórias à psicanálise:
“Originalmente as palavras eram mágicas; e ainda hoje conservam muito da velha
magia. Com palavras uma pessoa pode tornar outra feliz ou levá-la ao desespero,
com palavras o professor transmite seu saber aos alunos, com palavras o orador
arrebata uma plateia e determina os julgamentos e decisões de seus ouvintes.
Palavras despertam afetos e são o meio universal de os homens influenciarem uns
aos outros”.
Alexander Hamilton tinha um desejo e responsabilizou-se por
ele. Criou uma nação, um sistema financeiro que funciona até hoje nos Estados
Unidos. Deixou no mundo sua marca. Fez das palavras, da sedução, seu laço com o
mundo.
Hamilton – o musical, agrada e impressiona.
Como obra de arte, nos toca, nos interpreta.
Ouça no Spotfy a trilha do musical HAMILTON
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