segunda-feira, maio 07, 2012

CONGRESSO DE PSICANÁLISE EM BUENOS AIRES

O VIII Congresso da Associação Mundial de Psicanálise - AMP 2012 em Buenos Aires teve uma programação intensa, de segunda-feira a sexta-feira – 23 a 27 de abril, das 9h às 20:30h, no hotel Hilton em Puerto Madero, à beira do Rio da Prata (uma região mais nova da cidade, com muitos restaurantes – muito agradável para caminhar).
Participantes



Foi o congresso com maior número de participantes – cerca de 800 membros e 1500 não membros, totalizando 2374 pessoas. Muitos argentinos, franceses, brasileiros e pessoas da América Latina em geral.

Havia duas livrarias do congresso – uma da editora Paidós e outra da AMP – com livros lançados recentemente, como a edição castelhana dos Outros Escritos de Jacques Lacan. Levei 9 livros novos de Jorge Forbes (Inconsciente e Responsabilidade) que foram vendidos imediatamente.

Programação

O congresso teve conferência de abertura de Judith Miller, seguido de Leonardo Gorostiza – Presidente da AMP e Flory Kruger – Diretora do VIII Congresso.

Depois se seguiram várias mesas, a maioria sobre o passe e com testemunhos de passe. Os testemunhos chamam muito a atenção das pessoas, que comentam depois os relatos, que deixaram de ser “pornográficos” – como se estivessem tentando acertar uma fórmula de transmissão.

Parece que todo mundo agora quer fazer seu testemunho – nesse congresso teve o primeiro relato de Graciela Brodsky. Os novos AE – Analistas da Escola, se sentem tão reconhecidos pela nomeação que não cumprem seu papel, de analisar a Escola, como se não pudessem criticar a quem os reconhece. Fica uma “panelinha” dos reconhecidos.

Além das mesas sobre o passe, havia as mesas de temas da atualidade, como a que participou JF. Não trouxeram novidades. A mesa mais interessante foi da de Jorge Forbes – As subjetividades na época da tecnociência – em que ele apresentou o trabalho “A ciência pede análise”. Uma diferença no congresso: pela posição não contrária à ciência, como era esperado dos psicanalistas, pela clareza do texto (curto e preciso), pelos casos que exemplificou – deixou claro como a clínica opera, os debates que participa em movimentos importantes no Brasil (como na questão das Células-Tronco). A mesa tinha 6 participantes e dois coordenadores. Foi o único trabalho que movimentou as pessoas, fez com que tomassem partido, que argumentassem, rissem – o mais aplaudido. No telão, uma imagem inusitada, mostrava, no caso da leitura de La Sagna – um trabalho denso, chato, difícil, que contrastava com o de JF – o cinegrafista fez um close dos dois, de la Sagna lendo e JF acompanhando “interessado e fazendo caras expressivas” – as pessoas se divertiam com a interpretação de JF.

Os brasileiros estavam orgulhosos do trabalho de JF, do IPLA, da nossa vanguarda. Gorostiza veio abraçar JF ao final, demonstrando claramente que havia gostado da apresentação. Uma nova fase – do orgulho pela diferença, por aquele que diz o que não temos coragem de dizer e de fazer.



 

A quarta-feira foi dedicada à jornada clínica da AMP – 10 salas simultâneas com apresentação de 8 mesas com 2 trabalhos cada uma, num total de 160 trabalhos – casos clínicos – apresentados.

Também havia programação extra, como a reunião com Judith Miller, Gorostiza e Eric Laurent sobre autismo. Parece que era uma reunião com pessoas convidadas, escolhidas de vários institutos, de vários países, para discutirem as políticas da psicanálise em relação ao autismo. JF me colocou na sala e eu fui a única pessoa de São Paulo que participei da reunião.

Teve ainda a Assembléia Geral da AMP em que os não-membros assistem numa sala ao lado pelo telão. Forbes se posicionou falando da carta que havia enviado a Gorostiza (que nos leu aqui no módulo) e Ariel também se posicionou em relação à posição da psicanálise e ciência, na direção que JF tinha se colocado quando da apresentação de seu trabalho.

Havia várias atividades à noite, incluindo futebol, aulas de tango, exposição de arte e a festa de encerramento, que foi muito animada. Lá todos bebem, dançam e festejam o “somos da mesma turma”.

O que ficou

Eu participei de quase tudo e gostei de ter ido. Confirmei o avanço lento da AMP em contraste com a vanguarda que JF coloca o Brasil, em especial o IPLA. Gostei de ver esse reconhecimento do trabalho de JF por parte dos brasileiros e da coordenação da AMP.

Principalmente, gostei de ver que Jacques-Alain Miller rendeu-se ao trabalho apresentado por Jorge Forbes, quando em sua conferência de fechamento do congresso fala que há dois dias (depois de 2 dias da apresentação do trabalho “A ciência pede análise”) ele se sentiu provocado a pensar nas desordens do real, a partir do discurso da ciência e do capitalismo. Fez uma conferência que é uma releitura (mais impostada) do que JF vem falando há tempos, também baseada em Luc Ferry, mas não citando nenhum dos dois.

Agora é trabalhar mais e continuar sustentando nossa diferença no IX Congresso em Paris, em 2014.

Galeria de fotos:

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