Nessas jornadas comemorava-se os 30 anos da morte de Jacques Lacan. A expectativa era alta - qual psicanálise a França mostraria ao mundo no século XXI ? Pensava no que Jorge Forbes havia escrito 20 anos atrás: Já que Lacan morreu, para ser Outro enfim, como uma vez comentou, resta aos analistas fazer dessa memória uma história diferente e demonstrar o lugar da Psicanálise neste nosso mundo. Há muito para ser feito. Estejamos atentos e que haja talento e decisão.
Mais de 1500 psicanalistas da França e de outras partes do mundo vieram às jornadas, que no final virou um movimento para a libertação da psicanalista Rafah Nached, presa na Síria ao embarcar para Paris.
No sábado, 8 de outubro, tiveram lugar várias mesas com relatos de casos apresentados por analistas e mediados por um Psicanalista da Escola, em salas simultâneas. As histórias eram bem relatadas, os casos bem montados, mas a psicanálise era a do século passado - parecia que nada de novo havia sido feito. Um caso de psicose apresentado na mesa presidida por Jorge Forbes falava do lugar do analista como o secretário do alienado - não se fazia uso da segunda clínica de Lacan, não se responsabilizava o sujeito, tudo como 50 anos atrás. E assim foi na maioria das mesas. O que foi feito do legado de Lacan?
No domingo, 9 de outubro, relato de passe por Analistas da Escola, na parte da manhã.
Por que tantos psicanalistas se juntam nessas jornadas em que nada de diferente, do ponto de vista clínico, acontece? Para sentir que pertencem a um grupo? Para estarem próximos dos mais próximos de Lacan? Porque publicações importantes dos seminários de Lacan e sobre sua vida são editados? Porque é preciso manter o semblante? São questões para refletir.
No horário do almoço houve um Flash-mob na frente do prédio para a libertação da psicanalista. Veja o vídeo:
Na sequência várias personalidades da psicanálise e da política francesa discursaram em favor da libertação de Rafah. O movimento continua.
ENVERS DE PARIS
Na segunda-feira, 10 de outubro, Jorge Forbes fez uma conferência na sede do Campo Freudiano em Paris: "L´homme déboussolé et la psychanalyse au XXIéme siècle" - au 31 rue Navarin, às 21h15. Estavam presentes mais de 100 pessoas - alguns psicanalistas brasileiros e a grande maioria franceses, filósofos, editores e amigos.
JF mostrou, com uma apresentação de power-point, a relação entre a mudança do mundo moderno para o mundo globalizado e a mudança da primeira para a segunda clínica de Lacan. Apresentou também exemplos de trabalhos que desenvolve no Brasil nas mais diversas áreas: futebol, cultura, empresas, genética, famílias, na sociedade em geral.
Foi uma mostração do que a psicanálise pode fazer no mundo hoje, do lugar que ela ocupa no Brasil, na globalização. Enfim, trata-se da transmissão da psicanálise - o ponto alto da temporada!
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