quinta-feira, julho 07, 2011

FLIP 2011

Paraty está em festa!

Começou a 9ª edição da Festa Literária de Paraty - FLIP 2011.

Esta é a vista do complexo da FLIP que agora está concentrada na mesma margem: tenda dos autores, tenda do telão, café, livraria, estands dos parceiros - ficou muito boa essa arquitetura.

São 36 autores convidados e muitas atividades - pois além da FLIP tem a FLIPINHA e a FLIPZONA - tudo coordenado pela Casa Azul.

O almoço com os autores e parceiros é um dos pontos altos da FLIP.

Sempre no dia da abertura, às 14h - desta vez foi no jardim da linda casa de Marina Massi - ela e seu marido, ótimos anfitriões - um congraçamento entre organizadores, parceiros, autores e convidados.

A mesa de doces estava de dar água na boca!

Adorei encontrar Enrique Krauze - escritor que criou junto com Octavio Paz, no México (uma boa lembrança de quando morei lá) a revista literária Vuelta. Conversamos e tiramos uma foto pra matar as saudades:






























A conferência de abertura em homenagem a Oswald de Andrade foi feita a 4 mãos por Antonio Cândido e José Miguel Wisnik.

Antonio Cândido preferiu falar do amigo Oswald de Andrade - " sou o único amigo dele ainda vivo". Contou de como se conheceram e algumas passagens divertidas como quando Oswald lhe disse: “Eu ataquei você com violência e você não perdeu a serenidade. Proponho que sejamos amigos. Daqui em diante você pode falar o que quiser de mim”. Falou da amizade de Oswald por Mário de Andrade, das suas brigas e do que Oswald lhe disse sobre Macunaíma: "é a maior obra literária do modernismo - o livro que eu queria ter escrito".

Para Cândido, o jornalismo de Oswald era tão importante quanto sua poesia e sua literatura; mostrava de maneira brilhante tudo o que ele via. Porém, cita, há um único artigo importante sobre Oswald de Andrade, escrito por Mário de Andrade. Conta que Oswald era um amante da literatura e que depois de uma briga que tiveram ele escreveu "Reconciliei-me com Antonio Cândido" - porque achou que Cãndido tinha escrito um artigo interessante. Oswald era explosivo - brigava e desbrigava.

Oswald era um inconformado com a burguesia - por exemplo, não se conformava com o fato da sociedade ser baseada em padrões masculinos - era uma pessoa de vanguarda para seu tempo. Foi rico, pobre, anarquista literário, boêmio, stalinista (depois brigou com o partido). Ele soube usar a arma do riso: nada resiste ao riso - foi a grande arma do modernismo brasileiro. Oswald mostrou que a literatura séria pode ter riso e leveza.



















Wisnik falou de Oswald do ponto de vista do aluno de Antonio Candido - de uma forma mais acadêmica. Relacionou o movimento antropofágico com o tropicalismo - leu trechos de Verdade Tropical, de Caetano Veloso, - e com o teatro - lembrou a montagem do Rei da Vela por José Celso Martinez.

José Miguel Wisnik definiu Antropofagia como um critério seletivo de leitura o qual faz com que o leitor se desloque em relação à alteridade. A lei do homem antropofágico: "só me interessa o que não é meu".

Ao final Wisnik fez uma leitura de um trecho de “Serafim Ponte Grande” e lembrou que ele traz no lugar que em geral faz menção aos direitos autorais a frase “Direito de ser traduzido, reproduzido e deformado em todas as línguas” - que vai na contramão da política daquela época e também, incrivelmente, da atual.

Depois da conferência o show de abertura na tenda do telão!

O Show de José Miguel Wisnik + Celso Sim e ao final com Elza Soares foi o melhor show de todas as Flips !

As músicas de Wisnik sobre textos de Oswald fizeram o público cantar junto, se deliciar. Teve Lamartine Babo, Jorge Mautner, Cazuza - um carnaval antropofágico.

Depois da entrada da diva Elza Soares, que veio mesmo depois de sofrer uma cirurgia de coluna há um mês, o público foi ao delírio. Aplaudia de pé todas as canções, cantava junto e gritava palavras de amor â musa, que ficou emocionada.

Um grande começo desta FLIP2011!

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