Há duas exposições de Anish Kapoor em Milão: My red homeland - na Rotonda di via Besana (31 de maio a 9 de outubro de 2011) e Dirty Corner - na Fabrica del Vapore (31 de maio 2011 a 8 de janeiro de 2012).
Ver essas exposições foi um dos motivos que me trouxe a Milão nesse verão europeu.
A exposição da Rotonda de Via Besana impressiona pelo vermelho - a cor que tem uma profunda escuridão interior - diz Kapoor numa entrevista. No grande salão da Rotonda, cercam a obra principal esculturas de espelhos que nos fazem colocar em cheque nossa visão, nossas certezas. As reações são as mais diversas - eu ria muito e pensava em como as fantasias podem emergir e mudar tudo em nós.
A exposição da Fabrica del Vapore é composta por uma peça única - Dirty Corner - um túnel com uma abertura imensa que vai afunilando no seu interior cada vez mais escuro e empoeirado - abertura de 3 metros de diâmetro, embocadura de 7 metros e 57 metros de comprimento. A sensação é muito estranha - penetrar esse vazio e sentir o silêncio. Chega a lembrar a experiência analítica - uma experiência singular.
Kapoor considera essa obra masculina (a forma fálica) e feminina (a embocadura similar a uma vagina e o interior como um útero). Ele nos mostra os pares de opostos: vazio/cheio, escuridão/luz, masculino/feminino, positivo/negativo, material/imaterial.
No final há uma sala com apresentação de um vídeo de 22 minutos com Kapoor falando do seu trabalho, da sua busca, da experiência que quer propor com sua arte. Gostei tanto que vi duas vezes seguidas. Ele fala da experiência do abismo em sua obra - não aquele da nossa vida externa que não conhecemos, mas aquele que conhecemos da nossa vida interna. Ele se interessa por mostrar sempre o momento. Fala da fantasia que se refletem nos objetos, mas que não são objetos e continua na busca de encontrar alguma coisa super sensual.
Nesse vídeo podemos ver algumas peças que estavam na Rotonda:
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