JF partiu do pressuposto que diferentemente das abelhas, por exemplo, que se entendm perfeitamente, como as formigas e outros animais, a raça humana absolutamente não se entende.
Craig Venter, no livro UMA VIDA DECODIFICADA, tira a esperança que um dia a gente vá se entender, diz JF.
E cita ainda Saussure, que nos mostra que a nossa linguagem é arbitrária, ou seja, a linguagem não consegue captar a essência que ela quer representar.
Forbes vai desenvolvendo seu raciocínio de uma forma clara e de uma beleza tal, que toca a platéia. Fiquei emocionada em vários momentos.
Selecionei uma série de frases / pensamentos de JF:
Porque a falha existe é que a gente pode inventar e continuar tentando.
Gritar, espernear, chorar, são tentativas frustradas de se comunicar.
A linguagem afetiva recorta o mundo de forma diferente, como as expressões dos amantes.
A dúvida é constitutiva do homem. O neurótico duvida; o perverso não duvida.
Os homens tentam tamponar a falha através do discurso.
O universo feminino não tem as mesmas leis que o universo masculino.
Um homem pode deserdar um filho; para uma mulher isso é impossível.
A marca do obsessivo é a impossibilidade; a marca da histérica é insatisfação.
As pessoas dão status de falsidade ao elogio e status de verdade ao insulto.
O erro marca a identidade perdida; por isso aceitamos o insulto e achamos que o elogio não é para nós. O xingamento é algo coletizável.
As pessoas ficam esperando uma boa razão para serem aplaudidas, mas o aplauso é sempre na ausência da razão.
Aceitar o aplauso é suportar o ridículo no qual a fala falha.
A grande dificuldade é suportar a falta de identidade do elogio - quem é elogiado se destaca.
O homem suporta com grande dificuldade o ridículo do amor.
Amantes são aqueles que dividem o mesmo ridículo.
Só há uma solução para o entendimento: suportar o ridículo do amor.
O que uma pessoa ganha numa análise? É isso que o discurso do analista responde: é se curar do insulto, não mais se orientar por ele e suportar o ridículo - suportar o ridículo da falha da fala.
E para finalizar, JF leu uma belíssima carta de Denis Diderot à sua amada Sophie Volland, numa tradução espontânea (acho que é a carta que tem o final mais lindo que já vi):
Escrevo sem ver. Eu estive aqui. Queria só te dar um beijo na mão e ir embora. E, no entanto, voltarei sem essa recompensa. Mas será que eu não estaria absolutamente recompensado, bastando te mostrar o quanto eu te amo. São nove horas. Eu escrevo que te amo, ao menos eu quero escrever isso para você; mas não sei se a caneta se presta ao meu desejo. Será que você não vai aparecer para que ao menos eu possa te dizer isso e depois ir embora rápido. Adeus minha Sophie, boa noite. Teu coração não está te dizendo que eu estou aqui. Taí, a primeira vez que escrevo nesta escuridão total. Esta situação deveria me inspirar muitas coisas ternas. Eu só sinto uma, é que eu não quero ir embora. A esperança de te ver um instante me retém, e eu continuo falando com você sem saber se estou escrevendo. Em todos os lugares onde não houver nada, leia eu te amo.
Final. Aplausos, muitos aplausos !!!!!!!!!
O texto original, em francês e a tradução literária dessa carta, por Alain Mouzat, está publicada no site de Jorge Forbes - clique aqui para acessar.
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