sábado, março 27, 2010

PARA MINHA FILHA LETÍCIA



Hoje é aniversário de Letícia, que nasceu há 23 anos. Seu nome foi escolhido muito antes de seu nascimento - era o nome da personagem Letícia do filme Os Aventureiros. Genesini e eu adoramos a música e guardamos o nome para nossa futura filha.

É para ela esse vídeo do filme com a música Letícia.




Música Letícia (Laëtitia) tema do Filme Les Aventuriers, de 1967, composta por François de Roubaix, cantada por Alain Delon.

Laetitia je ne savais pas
Que tu etais tout pour moi
Un oiseau chantait tout pri¨s de moi
Mais je ne l'entendais pas
Et tu vivais innocente, ephemi¨re
Tu habillais nos printemps de chimi¨re

Laetitia je ne savais pas
Que la vie n'est rien sans toi
L'oiseau fragile un jour s'est abattu
La mort ne l'a pas rendu
Et tu reposes dans le bleu de la mer
Toi qui colorais de bleu nos chimi¨res

Un oiseau chantait pri¨s de moi
Jamais il ne reviendra
Laetitia, non je ne savais pas
J'etais amoureux de toi!


Parabéns Letícia !!!

quarta-feira, março 24, 2010

GUTO LACAZ LANÇA LIVRO: OMEMHOBJETO


Guto lançou mais um livro hoje: OMEMHOBJETO - uma retrospectiva de 30 anos de sua arte.

O livro é lindo !
Traz preferencialmente fotos de suas performances, das suas instalações e de suas esculturas.

O lançamento foi no Museu da Casa Brasileira com aquele belo jardim onde a gente pode se deliciar sentada num banco folheando o livro.

Abraçar o amigo querido foi ainda mais gostoso !














Parabéns Guto !!!!!

Veja algumas fotos do livro clicando em: link para imagens do livro pelo site uol

domingo, março 21, 2010

PAULINHO DA VIOLA - SHOW ACÚSTICO MTV


Neste sábado, 20 de março, tive a alegria de assistir o show acústico de Paulinho da Viola no Credicard Hall.

Paulinho é um dos meus cantores e compositores preferidos. Adoro seus sambas delicados, suas letras poéticas - um poeta do samba como costumo chamá-lo.

Um show de Paulinho da Viola em São Paulo é um acontecimento imperdível !


Paulinho estava cercado de sua banda, formada por João Rabello (violão), Dininho Silva (baixo), Celsinho Silva (pandeiro), Mário Sève (sopros), Gabriel Geszti (piano), Marcos Esguleba (percussão), Hércules Nunes (bateria) e Cristina Buarque, Muiza Adnet e Beatriz Faria no coro.
Dois de seus filhos participaram com ele desse show: Beatriz Faria e João Rabelo - um orgulho para o pai - uma tradição na família, pois o pai de Paulinho tocou violão nos seus shows até morrer.

As músicas desse show: Ainda mais (parceria com Eduardo Gudin em que Paulinho demorou 10 anos para fazer a letra), Argumento, Cenários (samba-enredo da Unidos de Jacarepaguá - a primeira escola de samba onde Paulinho desfilou), Canção Para Maria (Maria, Mariô - a primeira parceria com Capinam), Coisas do mundo minha nega (a canção preferido por Paulinho), Coração leviano, Coração imprudente, Dança da Solidão, Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida, Nervos de Aço (em minha opinião Paulinho é o melhor intérprete dessa música), Nova ilusão, Onde a Dor Não Tem Razão, Pecado Capital, Por Um Amor no Recife, Sinal Fechado, Talismã (parceria com Arnaldo Antunes e Marisa Monte que demoraram só 3 dias para fazer a letra) e Timoneiro. Terminou o show com "Eu canto samba". O público não deixava Paulinho sair do palco e ele fez 3 bis.

Grande show !!!

Dessa seleção, senti falta de "14 anos" - que pedi gritando várias vezes e não fui atendida e "Para ver as meninas" - uma das minhas preferidas.

Viaje agora com a seleção que fiz aqui:








Para finalizar, a bela interpretação de Carinhoso por Marisa Monte e Paulinho da Viola, que está no DVD Meu tempo é hoje, de Paulinho da Viola.

quarta-feira, março 17, 2010

EMOÇÕES SERTANEJAS COM ROBERTO CARLOS















Hoje, quarta-feira, 17 de março, foi a vez dos sertanejos homenagearem em São Paulo o Rei Roberto Carlos por seus 50 anos de carreira.

O Ginásio do Ibirapuera lotado - o clima era de festa !

Destaco aqueles que para mim foram os pontos altos do show:
Se você pretende saber quem eu sou ... na estrada de Santos você vai me conhecer ... Nalva Aguiar sobe o clima do show no Ginásio do Ibirapuera. Que emoção !

Dominguinhos com seu acordeon canta Caminhoneiro e emociona a platéia: vou correndo ao encontro dela, coração tá disparado ... E o povo pede bis. Esse show tem um clima de magia - é a energia do Rei. Paula Fernandes no violão, Dominguinhos no acordeon - os dois muito aplaudidos.
Victor e Leo levam a platéia ao delírio. São a dupla sertaneja mais esperada. Interpretam Jesus Cristo em ritmo de rock, inédito. Incrível ! O povo cantou de pé.

Todos cantam com Zezé di Camargo e Luciano: eu voltei, agora pra ficar, porque aqui é o meu lugar... Super aplaudidos. Bravo !

Eu não posso mais ficar aqui a esperar que um dia de repente você volte para mim ... cantam Rio Negro e Solimóes acompanhados da platéia.

Eu preciso de você, eu não vivo sem você - cantam Chitãozinho e Xororó. E Leonardo volta ao palco para cantar com eles É preciso saber viver ...

Chitão e Xororó chamam Roberto e se abraçam - momento amizade / emoção ! O rei super aplaudido canta com 9 mil pessoas: Como é grande o meu amor por você. Que lindo !!!

O espetáculo ‘Emoções sertanejas’ terminou com Roberto Carlos cantando ‘Eu quero apenas (um milhão de amigos)’com Zezé di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó, Bruno & Marrone, Victor & Léo, Sérgio Reis, Almir Sater, César Menotti & Fabiano, Daniel, Dominguinhos, Elba Ramalho, Gian & Giovani, Leonardo, Martinha, Milionário & José Rico, Nalva Aguiar, Paula Fernandes, Rio Negro & Solimões e Roberta Miranda.

O show , que teve ainda homenagem ao cantor Tinoco (da dupla Tonico & Tinoco), se transformará em CD e DVD. E eu estava lá !!!
Eis a lista das músicas do show:
1. A distância - Milionário e José Rico
2. Proposta - César Menotti e Fabiano
3. As curvas da estrada de Santos - Nalva Aguiar
4. Eu te amo - Gian e Giovani
5. Alô - Martinha
6. Desabafo - Bruno e Marrone
7. Caminhoneiro - Dominguinhos e Paula Fernandes
8. Todas as manhãs - Ségio Reis
9. No quintal do vizinho - Almir Sater
10. Esqueça - Elba Ramalho
11. Jesus Cristo - Victor e Leo
12. Eu disse adeus - Roberta Miranda
13. O portão - Zezé di camargo e Luciano
14. Quando - Zezé di Camargo e Luciano e Daniel
15. Do fundo do meu coração - Daniel
16. Sentado à beira do caminho - Rio Negro e Solimões
17. Por amor - Leonardo
18. Eu preciso de você - Chitãozinho e Xororó
19. É preciso saber viver - Chitãozinho e Xororó e Leonardo
20. Como é grande o meu amor por você - Roberto Carlos
21. Cavalgada - Roberto Carlos
22. Eu quero apenas (um milhão de amigos) - todos

Viva o Rei !!!

Saiba mais detalhes do show clicando aqui.

Veja mais fotos do show no blog Roberto Carlos Braga.

terça-feira, março 16, 2010

PAULINHO DA VIOLA & PAULO VANZOLINI


Hoje a TV Cultura apresenta um programa sobre Paulinho da Viola e Paulo Vanzolini com outros intérpretes - antigos e novos. Monarco,Mariana Aydar, Adréia Dias, Maria Marta, Mônica Samasso, Eduardo Gudin.

Pena não ter encontrado nenhum vídeo de Maria Marta. Ela canta Boca da Noite no documentário sobre Paulo Vanzolini - Um homem de mral - uma de suas melhores intérpretes. Mas você pode ouvi-la no Bar Margarida em Paraty.

Sempre gostei muito de Paulo Vanzolini, ia há muito tempo atrás no Terceiro Wisky onde Adauto Santos, Ana Bernardo e outros. Paulinho da Viola tambémé uma paixão antiga. Ah esses Paulos ...

Viaje com as músicas dos dois Paulos:





domingo, março 14, 2010

BICENTENÁRIO DE CHOPIN COM NELSON FREIRE


Como definir a sensação de ouvir o piano de Nelson Freire tocando o Concerto n.2 de Chopin ? - magia ? não sei - só sei que foi uma noite inesquecível.

Nelson Freire abriu o Festival do Bicentenário de Frederic Chopin, com a Filamônica de São Paulo, na Sala São Paulo, neste sábado, 14 de março.

Numa entrevista ao jornal OESP Nelson confessou sua preferência por essa peça - Concerto n.2 para piano e orquestra de Chopin - desde que ouviu a leitura pelas mãos de Guiomar Novaes: foi paixão à primeira audição, disse ele. A partir de então esse concerto ocupa um lugar especial em sua carreira e em su vida. Dá para imaginar agora a maravilha que foi esse concerto !

Ao final foi o lançamento do seu CD dedicado aos Noturnos de Chopin - aproveitei e peguei o meu autógrafo.

Bravo !

sábado, março 13, 2010

OUVINDO NELSON FREIRE


Curtido Nelson Freire, antes do Concerto de hoje à noite na Sala São Paulo.

Revi então o filme/documentário NELSON FREIRE, de João Moreira Salles, maravilhoso! Se você não tem veja esse DVD, vale a pena ter e rever muitas vezes.

Selecionei aqui alguns vídeos. Boa viagem!










quinta-feira, março 11, 2010

CONVERSANDO É QUE A GENTE NÃO SE ENTENDE

Jorge Forbes fez uma conferência nesta semana com o título CONVERSANDO É QUE A GENTE NÃO SE ENTENDE.

JF partiu do pressuposto que diferentemente das abelhas, por exemplo, que se entendm perfeitamente, como as formigas e outros animais, a raça humana absolutamente não se entende.

Craig Venter, no livro UMA VIDA DECODIFICADA, tira a esperança que um dia a gente vá se entender, diz JF.


E cita ainda Saussure, que nos mostra que a nossa linguagem é arbitrária, ou seja, a linguagem não consegue captar a essência que ela quer representar.

Forbes vai desenvolvendo seu raciocínio de uma forma clara e de uma beleza tal, que toca a platéia. Fiquei emocionada em vários momentos.

Selecionei uma série de frases / pensamentos de JF:

Porque a falha existe é que a gente pode inventar e continuar tentando.

Gritar, espernear, chorar, são tentativas frustradas de se comunicar.

A linguagem afetiva recorta o mundo de forma diferente, como as expressões dos amantes.

A dúvida é constitutiva do homem. O neurótico duvida; o perverso não duvida.

Os homens tentam tamponar a falha através do discurso.

O universo feminino não tem as mesmas leis que o universo masculino.

Um homem pode deserdar um filho; para uma mulher isso é impossível.

A marca do obsessivo é a impossibilidade; a marca da histérica é insatisfação.

As pessoas dão status de falsidade ao elogio e status de verdade ao insulto.

O erro marca a identidade perdida; por isso aceitamos o insulto e achamos que o elogio não é para nós. O xingamento é algo coletizável.

As pessoas ficam esperando uma boa razão para serem aplaudidas, mas o aplauso é sempre na ausência da razão.

Aceitar o aplauso é suportar o ridículo no qual a fala falha.

A grande dificuldade é suportar a falta de identidade do elogio - quem é elogiado se destaca.

O homem suporta com grande dificuldade o ridículo do amor.

Amantes são aqueles que dividem o mesmo ridículo.

Só há uma solução para o entendimento: suportar o ridículo do amor.

O que uma pessoa ganha numa análise? É isso que o discurso do analista responde: é se curar do insulto, não mais se orientar por ele e suportar o ridículo - suportar o ridículo da falha da fala.

E para finalizar, JF leu uma belíssima carta de Denis Diderot à sua amada Sophie Volland, numa tradução espontânea (acho que é a carta que tem o final mais lindo que já vi):

Escrevo sem ver. Eu estive aqui. Queria só te dar um beijo na mão e ir embora. E, no entanto, voltarei sem essa recompensa. Mas será que eu não estaria absolutamente recompensado, bastando te mostrar o quanto eu te amo. São nove horas. Eu escrevo que te amo, ao menos eu quero escrever isso para você; mas não sei se a caneta se presta ao meu desejo. Será que você não vai aparecer para que ao menos eu possa te dizer isso e depois ir embora rápido. Adeus minha Sophie, boa noite. Teu coração não está te dizendo que eu estou aqui. Taí, a primeira vez que escrevo nesta escuridão total. Esta situação deveria me inspirar muitas coisas ternas. Eu só sinto uma, é que eu não quero ir embora. A esperança de te ver um instante me retém, e eu continuo falando com você sem saber se estou escrevendo. Em todos os lugares onde não houver nada, leia eu te amo.

Final. Aplausos, muitos aplausos !!!!!!!!!

O texto original, em francês e a tradução literária dessa carta, por Alain Mouzat, está publicada no site de Jorge Forbes - clique aqui para acessar.

quarta-feira, março 10, 2010

FLASHES DE ALAIN GROSRICHARD NO IPLA





O AVESSO DA PSICANÁLISE - OS QUATRO DISCURSOS DE JACQUES LACAN EM QUATRO CONFERÊNCIAS NO IPLA -
5 a 7 de março - um primor de curso !











































O Avesso da Psicanálise de Jacques Lacan, em quatro conferências de Alain Grosrichard, no IPLA, em São Paulo.

Minhas impressões sobre o curso

O toque do analista: não uma interpretação, mas uma injeção


Escrevo este resumo sob o impacto do que foram essas quatro conferências de Alain Grosrichard no IPLA (de 5 a 7 de março). Grosrichard havia anunciado que suas conferências teriam como tema O avesso e suas surpresas – e mesmo anunciado, esse encontro nos surpreendeu a ponto de tocar o Corpo de Formação em Psicanálise do IPLA.
Para ser tocado não é preciso compreender – a compreensão é especular – nos fala Alain. Para ele, o leitor tem que colocar no texto algo de si e encontrar uma parte perdida de si mesmo no texto. Ele nos propõe uma viagem pelo seminário XVII através de suas lentes, de uma parte do seu saber universitário, que é sua forma de gozo. E convida para essa viagem conosco as referências de Lacan: Diderot, Sade, Rousseau, Rimbaud, Hegel, Aristóteles, Descartes, Platão, Kant, Voltaire, Foucault, Spinoza, etc. Impossível ler Lacan sem buscar suas referências !

Os deslocamentos como locais de enunciação

Grosrichard lembra os deslocamentos de Lacan, que determinam seus discursos:
• Hospital Sainte-Anne – fala aos médicos – de 1954 a 1963
• École Normale Supérieure – fala aos filósofos – de 1964 a 1969
• Faculdade de Direito – de 1969 a 1981 onde o Seminário começa a ser ministrado para toda a opinião esclarecida.
Quando inicia o Seminário XVII – O Avesso da Psicanálise – Lacan está em seu terceiro deslocamento. Sob o impacto de maio de 68 e de sua saída da Rue d´Ulm decide fazer uma releitura da obra de Freud pelo avesso, um projeto anunciado em 1966 no texto De Nossos Antecedentes, publicado nos Escritos.
Como numa mágica Alain nos transporta para as escadas do Panteão e para o Bosque de Vincennes onde Lacan fala aos universitários. Lá encontramos Diderot, Rousseau e o Marquês de Sade. Com eles descobrimos que os desenvolvimentos das ciências e das artes só nos aprisionaram dando-nos a ilusão de nos libertar; que o conhecimento aumenta a cegueira humana, pois no fundo somos cegos frente ao Real e tapamos o buraco com um saber; que o verdadeiro cego pode nos tirar dessa ilusão imaginária fazendo com que nos confrontemos com esse Real insuportável; que a verdade é um encontro que se revela através de um lapso.

As quatro patas dos discursos


Lacan fala de sua teoria dos discursos – uma máquina de transformação do gozo – como algo de quatro patas, uma alusão à carta de Voltaire sobre o discurso da desigualdade de Rousseau: “Sente-se vontade de andar de 4 patas quando se lê sua obra.”
Para construir sua teoria, principalmente o discurso do mestre, Lacan se apóia em Hegel, nas relações entre o Mestre e o Escravo. São quatro letras S₁, S₂, $, a, ocupando quatro posições: agente, outro, verdade e produção.
O discurso do mestre é o discurso do inconsciente. O mestre opera sobre S₂, o saber do escravo e produz o objeto a, a causa do desejo ou o mais de gozar, segundo a teoria de Marx.
No discurso da histérica, a partir do fato de ser sujeito barrado, a histérica questiona o mestre colocando-o para trabalhar e produzir um saber.
No discurso do analista, a partir do seu desejo, escondendo seu saber, o analista questiona o sujeito dividido para produzir o significante da sua singularidade.
Discurso da universidade: meu saber, não reconhecendo a dívida que tenho ao saber do mestre interpela o desejo de saber do aluno produzindo o sujeito barrado que fica sempre devendo ao saber.
Ao apresentar sua teoria dos discursos aos estudantes em Vincennes Lacan diz que a universidade é indestrutível porque é um discurso, embora ache que esse seja o discurso da imbecilidade. Ele os provoca dizendo que o discurso da universidade irá transformá-los em unidades de valor (créditos). Para Lacan, o discurso universitário é uma maneira de apresentar toda a história das idéias.
Para ilustrar a teoria dos discursos Alain Grosrichard utiliza além do Seminário XVII, textos de Freud e de algumas obras magistrais da literatura: Jacques, o fatalista (Diderot); Os 120 dias de Sodoma (Marquês de Sade); O adormecido do vale (poema de Rimbaud); O sobrinho de Rameau (Diderot); Carta à Sophie Volland de 15/10/1759 (Diderot); As jóias indiscretas (Diderot); As confissões (Rousseau).


Sade e a economia do gozo



O Sujeito barrado vai se identificar ao significante que o marca, ao seu traço unário. Grosrichard cita o texto de Freud “Bate-se numa criança” – a criança é espancada pelo pai que lhe deixa uma marca, um gozo masoquista, um gozo original que se constitui na sua singularidade. A repetição busca sempre o reencontro com esse gozo original perdido. O fantasma é o que permite que se goze o necessário sem correr o risco de morte, pois a morte é o limite do gozo. O que interessa a Lacan é essa verdade que se esconde através dessa marca no corpo, a marca da palmada que a criança recebe do pai, essa verdade que é irmã do gozo, nos afirma Grosrichard.
Lacan fala desse traço unário, a mão da mãe que bate – essa repetição jamais resultará na satisfação e para ilustrar essa afirmação Grosrichard nos fala de uma passagem das Confissões de Rousseau.
O movimento do desejo é um movimento sem fim. Não há um gozo plenamente satisfatório para o sujeito, o parlêtre, porque não há relação sexual; isto é, nenhum parlêtre pode encontrar um objeto que o satisfaça plenamente.
Não ha relação sexual, mas há amor. O amor é o que vem suprir essa ausência, o que faz com que mesmo assim acreditemos na relação sexual.


A Vergonha e a Honra


Lacan termina seu seminário XVII falando da vergonha. Há uma vergonha original misturada à culpa. O ponto de origem da vergonha é um significante. Trata-se da vergonha fundamental, relacionada à marca que se fez (ou não) na pele de cada um. Quando o sujeito evoca seu fantasma, ele nunca o faz sem vergonha, diz Grosrichard.
“Morrer de vergonha é um efeito raramente conseguido”. Sempre se tem vergonha de se falar sobre as fantasias, mas, do sintoma não temos vergonha. Rousseau, ao escrever suas Confissões ousa expor sua própria vergonha aos olhos do leitor e faz de sua vergonha a sua glória. Diz ele: “... a minha vergonha sou eu mesmo na minha singularidade absoluta. Vou mostrar a vocês minha marca de gozo: meu valor absoluto é ser outro”.
Grosrichard conclui sua conferência com uma citação de Spinoza que Lacan em epígrafe em sua tese: “Uma afecção qualquer de cada individuo difere da afecção de um outro individuo, tanto quanto a essência de um difere da essência do outro.”
O efeito produzido por essas conferências não é algo que possa ser compreendido nem interpretado – são como os sulcos que se formam nas pedras pela passagem das águas no fundo do rio. O silêncio se faz necessário – uma pausa de mil compassos.

Um primor de curso !!!

Leia as 4 impressções sobre um primor de curso, clicando aqui.

No sábado reuni os membros do Corpo de Formação em Psicanáliseno IPLA em casa - foram momentos deliciosos. Veja as fotos aqui.