Participar da FLIP já faz parte do calendário básico de quem está ligado na cultura.
A 6ª Festa Literária Internacional de Paraty, que começou na quarta-feira, 2 de julho e terminou no domingo, 6 de julho, teve altos e baixos. Passada a ressaca literária, musical, etc, falo do que ficou para mim, as sobras da FLIP.
Minha descoberta : Jayme Ovalle (1894/1955) - paraense /carioca, amigo de Vinícius de Morais, Otto Lara Rezende, Manoel Bandeira, Augusto Schimidt, Pixinguinha, Di Cavalcanti; escritor e compositor, que influenciou sua geração.
Algumas frases incríveis de uma entrevista de Ovalle a Vinícius de Moraes:
A poesia: - É a coisa mais importante do mundo. Todo mundo nasce com ela, porque ela é a própria vida. Todo mundo é criado com o dom da poesia e só deixa de ser poeta porque perde a inocência. Quanto mais um homem crescer carregando consigo sua inocência, mais poeta ele é.
O poeta: - O poeta é o macho por excelência. ... A poesia aceita de vez em quando uns hemafroditas. Rilke, por exemplo, era hemafrodita.
Parto sem dor: - Um roubo. Tira da mulher o prazer da dor de criar. É no fundo um ato de futilidade.
A loucura: - A loucura é o vácuo entre a criação e a obra criada.
O medo: - Não sei, neguinho, acho que é um fenômeno puramente físico. Mas não sei, porque nunca tive.
A mulher: - A mulher é um corpo estranho.
A relação entre homem e mulher: - Pode existir respeito, admiração, mas amizade - nunca. A gente vê que são inimigos porque o ato sexual é aquela luta romana entre os dois.
Freud e a psicanálise: - Freud foi um louco genial, que descobriu as causas da própria loucura e acabou se curando. ... A loucura é uma coisa una, pessoal e intransferível.
Um chato: - Um chato é um sujeito que para falar com você, pega no seu paletó. ... Agora, a gente não pode passar sem o chato. Existe a nostalgia do chato. O mundo sem chatos seria insuportável. Depois de conversar com ele, puxa, não existe mais problema nenhum.
O homem moderno: - Ah neguinho, aqui no Rio é muito difícil responder a essa pergunta. Esse negócio de homem moderno eu só poderia responder se eu vivesse em São Paulo.
Esse Ovalle é uma pessoa rara; que figura !!! Vou devorar o livro sobre ele, escrito por Humberto Werneck.
E agora, as personalidades / conferências que elegi como preferidas:
- José Miguel Wisnick - professor de literatura, músico e escritor brasileiro - THE BEST !!!
e a lista continua:
- Elisabeth Roudinesco - psicanalista e escritora francesa
- Fernando Vallejo - escritor colombiano
- Humberto Werneck - jornalista e escritor brasileiro
- Inês Pedrosa - escritora e jornalista portuguesa
- Pierre Bayard - psicanalista e escritor francês
- Tom Stoppard - dramaturgo inglês/tcheco (ganhou um Oscar pelo roteiro do filme Shakespeare Apaixonado)
livros que trouxe na bagagem da FLIP:
- Santo Sujo - A vida de Jayme Ovalle (Humberto Werneck)
- Como falar dos livros que não lemos? (Pierre Bayard)
- O conto do amor (Contardo Calligaris)
- Jacques Lacan (Elisabeth Roudinesco)
- A parte obscura de nós mesmos (Elisabeth Roudinesco)
- A instrução dos amantes (Inês Pedrosa)
- A eternidade e o desejo (Inês Pedrosa)
- El desbarrancadero (Fernando Vallejo)
- Veneno remédio - o futebol e o Brasil (José Miguel Wisnick)
- Machado de Assis - Cadernos de literatura brasileira - Instituto Moreia Salles - pelos 100 anos de Machado de Assis, homenageado da FLIP deste ano.
E, de quebra, trouxe a biografia de Maria Della Costa, lançada nesses dias, no Hotel Cuxixo, de propriedade da atriz, onde me hospedei.
Ah, o show de abertura, com Luiz Melodia, merece ser lembrado. Cantando sambas do seu último CD (que já comentei aqui e inclusive selecionei algumas músicas para o último CD Nasci para Bailar) foi de arrasar. Não fosse minha bota Salvapés e os três ligamentos rompidos, tinha caído no samba - o que muita gente que estava lá fez.
Se quiser saber mais da FLIP, clique no blog oficial:
http://blogdaflip.wordpress.com/
e no canal YouTube da FLIP:
http://br.youtube.com/user/flipfestaliteraria
Até o ano que vem em Paraty !
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