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Maricota enviou um comentário sobre o show de Teresa Cristina:

Teresa Cristina e suas Sementes nos remetem à velha sensação de Herminio Bello de Carvalho: "vista assim do alto, mais parece o céu no chão..." Aliás, peço licença poética a uma portelense para comparar a sensação que ela me causou, à sensação que Mangueira causou ao Bello Hermínio, mas se o coração de Paulinho da Viola "andou errado" nesse samba, acho que eu também posso dar meus pulinhos fora do compasso, né?

Como é bom vê-la e principalmente ouví-la em sua despretenciosa grandeza! Que elegância! Que sensibilidade, naqueles tão poucos anos de vida!

Começou a noite com os sambas de autoria dela, que como diz nosso Zé Geraldo, têm a difícil missão de "inovar dentro do tradicional". E não é que eles conseguem? "E não se fala de outra coisa" por aí... Que delícia ser brasileiro e não precisar de legenda para entender o que ela canta! E mais uma vez uso Hermínio, para dizer que nela "a poesia anda descalça ensinando um modo novo da gente viver... De sonhar, de pensar, de sofrer..." Até chegar aos grandes sambistas e ao seu irmão de trono, o Da Viola, foi um caminho suave...

"Pé do Lajeiro", maravilhosa, de João do Valle, ficou ainda mais maravilhosa com a nossa divina!

O bis do final, como você bem o disse: foi outro show à parte, e no dia 12, de Nossa Senhora Aparecida, Teresa ainda nos presenteou com aquela letra linda de Paulo César Pinheiro : "Portela! Eu nunca vi coisa mais bela... Parece o manto azul da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida"... "Salve o samba, salve a Santa, salve ela! Salve o manto azul e branco da Portela! Desfilando triunfal lá no altar do carnaval!"... Foi de arrepiar!!! E eu que andava descrente dessa juventude babaca, quando vi aquela moçadinha caindo no samba voltei a crer no que não mais cria: nem tudo está perdido! Neste país que se envergonha de suas raízes e que ainda não aprendeu a se ver no espelho, a própria Teresa Cristina canta a bola: "Se negro soubesse o talento que ele tem, não aturava desaforo de ninguém" (ou qualquer coisa parecida, que eu ainda não decorei esse samba. Ainda!). É. mas isso também já está mudando e espero viver para ver a hora que o "gigante adormecido" acordar. Não vai ter pra mais ninguém! Não vai precisar vir nenhum Brazilianist nos mostrar do que somos capazes, heim? E aquele ufanismo bobo e a patriotada ignorante vai dar lugar a verdadeira consciência dos valores mais verdadeiros que nos movem (e comovem). Só gostaria que ela continuasse com aquelas roupas peculiares que usava antes. Achei esse novo visual muito fashion para uma sambista de morro. Gosto mais daquela coisa meio Lapa anos 50, meio Sarah Vaughan em início de carreira, meio negritude carioca, sei lá!

Mas fora isso, saí do teatro me sentindo abençoada e depois presenteada com um autógrafo dela no DVD, que comprei lá, por R$ 30,00. Mas poder vê-la e ouvi-la, tudo de novo, assim que cheguei em casa, às 11 da noite, ah! Isso não tem Mastercard que pague! Nessas horas sinto meu espírito pedabobo se "apoderar de meu ser" e quero sair por aí, ensinando a todo o mundo, o que é curtir uma boa música! Depois desisto, porque na verdade cada um tem o seu universo interior e a sua própria noção de boa música. E eu fico sem saber "se toda a beleza de que lhes falo, sai tão somente do meu coração". A Teresa "é tão grande, que não cabe explicação!"

Sarava!

Valeu Maricotinha!!!