sexta-feira, outubro 25, 2013

ESTÁ TODO MUNDO DEPRIMIDO

Ser feliz dá um trabalho danado, chega até a assustar, mas não mata não. (Jorge Forbes)


Está todo mundo deprimido, a felicidade foi embora.
Se em uma reunião pudéssemos fazer  raios-X das bolsas e dos bolsos, encontraríamos, entre os gêneros de primeira portabilidade, comprimidos de antidepressivos. O que antes tinha emprego discreto, hoje virou conversa de salão. Discute-se qual medicamento cada um toma, como reagiu, há quanto tempo, se o genérico substitui bem o oficial e por aí vai. E se a fala corre solta, sem o comedimento anterior, é porque uma forte propaganda convenceu muita gente de que a depressão é uma doença como outra qualquer, como quebrar o braço em um acidente ou contrair malária. Essa propaganda de fortes coloridos interesseiros da indústria farmacêutica, associada a uma medicina que se orgulha em ser baseada em evidências – aquela em que o médico não dá um passo sem pedir um monte de exames – veiculou a ideia de que você não tem nada a ver com a sua depressão, que os sentimentos são cientificamente mensuráveis e, em decorrência, controláveis.
Sobre isso, Heiddeger contava uma história engraçada. Dizia que um cientista afoito em provar suas teses de medição da felicidade e da tristeza, começou a visitar os velórios de sua cidade carregando tubos de ensaio, nos quais recolhia a quantidade de lágrimas que viúvos vertem a cada três minutos. Podemos imaginar a cena!
Mutadis mutandis, se alguém já viu um interrogatório desses que querem medir o estado depressivo – com algumas nobres exceções - verá que é difícil escapar de ser tachado de doente, quando perguntas como essas lhe são dirigidas, simultaneamente: -“Você tem dormido pouco, ultimamente?”, ou: -“Você tem dormido muito, ultimamente?”. 
Por que essa euforia da depressão? Será mesmo, como muitos respondem, por uma desregulação dos níveis do neurotransmissor serotonina? A serotonina ficou até popular, todo mundo fala dela como do colesterol. Ela é íntima. Agora, por que a serotonina ficou alterada de repente em tanta gente? Alguma epidemia viral de vírus anti-serotonina ou coisa que o valha? Não parece.
Prefiro pensar que se há muita depressão – lato sensu – é porque sofremos uma revolução dos parâmetros que atuam na formação da identidade. Na saída da sociedade moderna para a pós-moderna, não temos mais termômetros de certo e errado que serviam para as pessoas se orientarem se estavam bem ou mal. Com o fim desse maniqueísmo, nossos tempos exigem maior responsabilidade individual no seu bem estar. Aí, muitos fraquejam. Dou um exemplo simples: uma pessoa cruza com um conhecido na rua e o cumprimenta. O outro não responde e segue seu caminho. Qual a primeira pergunta que vem na cabeça de quem fez o cumprimento? O que vem é: -“O que foi que eu fiz?”, no sentido de uma bobagem que ele teria cometido motivo da falta de resposta ao cumprimento. Quando a identidade, como nesse caso, titubeia, ela se regenera, paradoxalmente, na auto-depreciação. Daí para se sentir deprimido é um pequeno passo. E, para complementar a receita, como estamos na época da medicalização da vida, na qual se acredita que para tudo tem remédio, pronto, tasca antidepressivo nele.
Triste tempo esse, realmente, em que tentam dessubjetivar a responsabilidade pessoal frente aos sentimentos. Mas não vai funcionar, como nunca funcionou na história da humanidade quando já tentaram amordaçar o desejo humano.
Ser feliz dá um trabalho danado, chega até a assustar, mas não mata não.


Jorge Forbes 

Texto publicado originalmente na revista Gente IstoÉ – setembro 2013

sábado, outubro 19, 2013

CENTENÁRIO DE VINÍCIUS DE MORAES


Hoje é sabado, amanhã é domiingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado ...

E neste sábado comemoramos o centenário desse grande poeta das letras e das músicas brasileiras.

Quem não cantou "Se você quer ser minha namorada ..."

"Eu sei que vou te amar ....."

"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela menina que vem e que passa ..."

O vídeo abaixo traz um show de Vinícius com Tom. Toquinho e Miucha na Itália, cantando as canções que fez com Baden Powell:





Aqui vai mais uma seleção de músicas de Vinícius e seus parceiros:



Essa coletânea é para se deliciar! Vinícius embalou muitos momentos de cada um de nós neste Brasil e por todos os países em que fez shows, em que suas músicas são ouvidas.

Teve grandes parceiros como Ary Barroso, Tom Jobim, Edu Lobo, Toquinho, Baden Powell, Carlos Lyra, Chico Buarque e por aí vai - a lista é grande ...

Sua vida também foi muito intensa e variada - casou 9 vezes! E a cada casamento um novo homem. Um homem que vivia a vida pela paixão e só sabia vivier se estava apaixonado.

Quem não curtiu o Soneto da Fidelidade?

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Uma coletânea de trechos de suas poesias que escolhi:

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo. ...

Mais um ano na estrada percorrida
Vem, como o astro matinal, que a adora
Molhar de puras lágrimas de aurora
A morena rosa escura e apetecida. ...

Enfim, depois de tanto erro passado 
Tantas retaliações, tanto perigo 
Eis que ressurge noutro o velho amigo 
Nunca perdido, sempre reencontrado....


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto ...

Salve poetinha !


sábado, outubro 12, 2013

O MUNDO VISTO PELA PSICANÁLISE - PRIMEIRO ANIVERSÁRIO








DESTA VEZ, SIM, OS NÚMEROS EMOCIONAM:
UM ANO DE PUBLICAÇÃO SEMANAL.
52 SEMANAS DE LANÇAMENTO CONTÍNUO, SEMPRE NA HORA.
52 JANELAS ABERTAS A “O MUNDO VISTO PELA PSICANÁLISE”.
208 TEXTOS DO QUE VIVEMOS NESSE ANO.
ESTÃO TODOS ORGANIZADOS NESTE NÚMERO ESPECIAL.


domingo, outubro 06, 2013

I LEFT MY HEART IN SAN FRANCISCO


And again:

E quando for a San Francisco, não esqueça de colocar flores no cabelo ...


Passei belos dias em San Francisco a caminho do 18º Congresso da Wordl Muscle Society sobre ciências neuromusculares, onde apresentei um trabalho representando o IPLA e o Centro de Estudos do Genoma Humano-USP.

Nessa cidade mágica encontrei meu afilhado Mateo, filho do grande amigo Gonzalo, que esteve me visitando uns dias antes em sua viagem de moto de Bogotá a Brasil.

Depois, já em Asilomar, na península de Monterey, ao lado de Carmel, fiz lindos passeios, em duas tarde nos últimos dias do congresso. Infelizmente não vi Clint Estwood, um de meus atores e diretores preferidos.

Ficaram as lembranças:

A vista da Bay Bridge da janela do meu quarto....

O grupo do Genoma Humano da USP liderado por Mayana Zatz e Mariz Vainzof. Um time da pesada !