sábado, outubro 26, 2013
sexta-feira, outubro 25, 2013
ESTÁ TODO MUNDO DEPRIMIDO
Ser feliz dá um
trabalho danado, chega até a assustar, mas não mata não. (Jorge Forbes)
Está todo mundo deprimido, a felicidade foi
embora.
Se em uma reunião pudéssemos fazer raios-X das bolsas e dos bolsos,
encontraríamos, entre os gêneros de primeira portabilidade, comprimidos de
antidepressivos. O que antes tinha emprego discreto, hoje virou conversa de
salão. Discute-se qual medicamento cada um toma, como reagiu, há quanto tempo,
se o genérico substitui bem o oficial e por aí vai. E se a fala corre solta,
sem o comedimento anterior, é porque uma forte propaganda convenceu muita gente
de que a depressão é uma doença como outra qualquer, como quebrar o braço em um
acidente ou contrair malária. Essa propaganda de fortes coloridos interesseiros
da indústria farmacêutica, associada a uma medicina que se orgulha em ser
baseada em evidências – aquela em que o médico não dá um passo sem pedir um monte
de exames – veiculou a ideia de que você não tem nada a ver com a sua
depressão, que os sentimentos são cientificamente mensuráveis e, em
decorrência, controláveis.
Sobre isso, Heiddeger contava uma história
engraçada. Dizia que um cientista afoito em provar suas teses de medição da
felicidade e da tristeza, começou a visitar os velórios de sua cidade
carregando tubos de ensaio, nos quais recolhia a quantidade de lágrimas que
viúvos vertem a cada três minutos. Podemos imaginar a cena!
Mutadis mutandis, se alguém já viu um
interrogatório desses que querem medir o estado depressivo – com algumas nobres
exceções - verá que é difícil escapar de ser tachado de doente, quando
perguntas como essas lhe são dirigidas, simultaneamente: -“Você tem dormido
pouco, ultimamente?”, ou: -“Você tem dormido muito, ultimamente?”.
Por que essa euforia da depressão? Será mesmo,
como muitos respondem, por uma desregulação dos níveis do neurotransmissor
serotonina? A serotonina ficou até popular, todo mundo fala dela como do colesterol.
Ela é íntima. Agora, por que a serotonina ficou alterada de repente em tanta
gente? Alguma epidemia viral de vírus anti-serotonina ou coisa que o valha? Não
parece.
Prefiro pensar que se há muita depressão – lato
sensu – é porque sofremos uma revolução dos parâmetros que atuam na formação da
identidade. Na saída da sociedade moderna para a pós-moderna, não temos mais
termômetros de certo e errado que serviam para as pessoas se orientarem se
estavam bem ou mal. Com o fim desse maniqueísmo, nossos tempos exigem maior
responsabilidade individual no seu bem estar. Aí, muitos fraquejam. Dou um
exemplo simples: uma pessoa cruza com um conhecido na rua e o cumprimenta. O
outro não responde e segue seu caminho. Qual a primeira pergunta que vem na
cabeça de quem fez o cumprimento? O que vem é: -“O que foi que eu fiz?”, no
sentido de uma bobagem que ele teria cometido motivo da falta de resposta ao
cumprimento. Quando a identidade, como nesse caso, titubeia, ela se regenera,
paradoxalmente, na auto-depreciação. Daí para se sentir deprimido é um pequeno
passo. E, para complementar a receita, como estamos na época da medicalização
da vida, na qual se acredita que para tudo tem remédio, pronto, tasca
antidepressivo nele.
Triste tempo esse, realmente, em que tentam
dessubjetivar a responsabilidade pessoal frente aos sentimentos. Mas não vai
funcionar, como nunca funcionou na história da humanidade quando já tentaram
amordaçar o desejo humano.
Ser feliz dá um trabalho danado, chega até a
assustar, mas não mata não.
Jorge Forbes
Texto
publicado originalmente na revista Gente IstoÉ – setembro 2013
sábado, outubro 19, 2013
CENTENÁRIO DE VINÍCIUS DE MORAES
Hoje é sabado, amanhã é domiingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado ...
E neste sábado comemoramos o centenário desse grande poeta das letras e das músicas brasileiras.
Quem não cantou "Se você quer ser minha namorada ..."
"Eu sei que vou te amar ....."
"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela menina que vem e que passa ..."
O vídeo abaixo traz um show de Vinícius com Tom. Toquinho e Miucha na Itália, cantando as canções que fez com Baden Powell:
Aqui vai mais uma seleção de músicas de Vinícius e seus parceiros:
Essa coletânea é para se deliciar! Vinícius embalou muitos momentos de cada um de nós neste Brasil e por todos os países em que fez shows, em que suas músicas são ouvidas.
Teve grandes parceiros como Ary Barroso, Tom Jobim, Edu Lobo, Toquinho, Baden Powell, Carlos Lyra, Chico Buarque e por aí vai - a lista é grande ...
Sua vida também foi muito intensa e variada - casou 9 vezes! E a cada casamento um novo homem. Um homem que vivia a vida pela paixão e só sabia vivier se estava apaixonado.
Quem não curtiu o Soneto da Fidelidade?
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Uma coletânea de trechos de suas poesias que escolhi:
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo. ...
Mais um ano na estrada percorrida
Vem, como o astro matinal, que a adora
Molhar de puras lágrimas de aurora
A morena rosa escura e apetecida. ...
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado....
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto ...
Salve poetinha !
sábado, outubro 12, 2013
O MUNDO VISTO PELA PSICANÁLISE - PRIMEIRO ANIVERSÁRIO
domingo, outubro 06, 2013
I LEFT MY HEART IN SAN FRANCISCO
And again:
E quando for a San Francisco, não esqueça de colocar flores no cabelo ...
Passei belos dias em San Francisco a caminho do 18º Congresso da Wordl Muscle Society sobre ciências neuromusculares, onde apresentei um trabalho representando o IPLA e o Centro de Estudos do Genoma Humano-USP.
Nessa cidade mágica encontrei meu afilhado Mateo, filho do grande amigo Gonzalo, que esteve me visitando uns dias antes em sua viagem de moto de Bogotá a Brasil.
Depois, já em Asilomar, na península de Monterey, ao lado de Carmel, fiz lindos passeios, em duas tarde nos últimos dias do congresso. Infelizmente não vi Clint Estwood, um de meus atores e diretores preferidos.
Ficaram as lembranças:
A vista da Bay Bridge da janela do meu quarto....
O grupo do Genoma Humano da USP liderado por Mayana Zatz e Mariz Vainzof. Um time da pesada !
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