sexta-feira, março 15, 2013

NOTAS AO LÉU - POR JORGE FORBES


No embalo de uma semana religiosa, Jorge Forbes escreve notas ao léu


notas ao léu


Foi uma semana papal, papada pelo vizinho do sul. O número de piadas sobre o novo bispo de Roma dá a medida de nossa dor de cotovelo. Afinal, um Papa ficaria bem na paisagem de uma Olimpíada precedida por uma copa do mundo de futebol. Já pensaram a glória de um santo chute inicial da Copa? O Papa branco passando a bola para o Papa negro, Pelé?
PqP.

Não há mais infalibilidade nem no Vaticano. Devemos essa ao Papa emérito. Afinal, infalibilidade não se aposenta, uma vez que o Espírito Santo não tem idade. É bom para alguns psicanalistas que pensam o Passe (instrumento inventado por Lacan para julgar o efeito final de uma análise) como uma consagração, quando deveria ser todo o contrário: motivo de mostrar e de discutir a clínica e não artigo de fé. Que se abra ao franco debate a não a interpretações metalinguísticas, como tem ocorrido nos congressos.

Continuo pensando que uma forte doença do lacanismo é o lacanês. Com que prazer pessoas repartem o não entendimento. Deve ser muito confortável, pois, afinal, quando ninguém entende nada, não há erro, estão todos certos. E, pior, ficam orgulhosos do segredo escondido de suas ignorâncias. Pobre Lacan, que tanto suou para fazer um ensino com régua e compasso. Eu estava presente no dia em que Lacan dissolveu a sua Escola, frente ao que viu – à época - fazerem de seu ensino. E agora, José? Seria divertido que as pessoas compreendessem o que falam e seus interlocutores, o que escutam. Imagino o susto. Ainda me lembro quando a missa começou a ser rezada em português; muitos se decepcionaram de estarem compreendendo o que se dizia, com saudades do sanctus, do orate frates, do ite missa est.
Deo gratias.

(por Jorge Forbes)

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