Pegue alguns dos ingredientes básicos de uma vida sabida: mar, desejo, saudade, encontros, pedaços, amor, espaços.
Entre – “Entre” é o título da poeta – e se deixe guiar, ou melhor, permita-se combinar em cada verso, buscando, nessas páginas, o lugar onde você se encontra perdidamente.
“As únicas respostas que fazem sentido são sussurradas ao pé do ouvido”, diz ela, por isso há que se ler em voz macia, com os lábios bem abertos, de perto, sem risco de plágio, pois, se terminar em beijo, “beijar é a coisa menos original que alguém pode fazer com a sua boca”.
Não fuja da leitura desse livro só porque ele recai sobre você: “Ah, essa vida minha que quando não apaixona, desatina!”.
Siga. Enfrente a página até o ponto de perceber que quando a palavra falha, vai ver que não será porque “sente a palavra saudades da coisa?”. Afinal, “de português e louco, todo brasileiro tem um pouco”.
“A língua é um mar para quem sabe navegar”. Percorra linha a linha o corrimão de seu desejo, tendo claro que “uma língua sem exageros, que graça tem?”.
Letícia faz de você um bolo de saudade: “é bem uma coisinha de nada que num só fôlego, conta a vida toda, numa única levada”.
Entre aqui, portanto, entre já, pois, como dizia Mestre Lacan, a melhor saída é sempre a entrada.
Dá pra não ler uma livro com uma apresentação dessas?
Nenhum comentário:
Postar um comentário