sábado, junho 18, 2011

AS TRILHAS DE AMOR E GUERRA DE RIOBALDO TATARANA


O real não está nem na saída nem na chegada; ele se dispõe pra gente é no meio da travessia.

Comprei hoje esse livro ilustrado da obra de Guimarães Rosa - Grande Sertão: Veredas - As trilhas de amor e guerra de Riobaldo Tatarana (seleção de textos e levantamento fotográfico de Marcelo de Almeida Toledo).

É um livro muito lindo - gostoso de folhear e ler. Convida a viajar com Guimarães Rosa e suas veredas - e sonhar!

Seleciono aqui algumas frases que me encantam:

Vou lhe falar: lhe falo do sertão. Do que não sei. Um grande sertão. Não sei, ninguém não sabe. Só umas raríssimas pessoas e essas poucas veredas.

Aquela travessia durou só um instantezinho enorme. Digo: o real não está nem na saída nem na chegada; ele se dispõe pra gente é no meio da travessia.

Viver é muito perigoso ... querer o bem com demais força, de um certo jeito, já pode estar sendo querer o mal, por principiar. Eu quase que nada sei; mas desconfio de muita coisa!

Rio meu é o Urucuia, o das águas claras, a porta dos meus gerais.

Um céu azul vivoso! Um punhado de vento quente passando entre duas palmas de palmeiras. Quando o senhor sonhar, sonhe com aquilo ...

O seguinte é esse: o princípio de toda pior bobagem é um se prezar demais o próprio de sua pessoa.

Eu nasci longe daqui. Por aí andei e desandei. Pra bastante o que mais vi foi desgraça e ruindade.

O mar ... o mar é como uma lagoa enorme. O mar eu nunca vi.

O sertão está em toda parte! É onde os pastos carecem de fecho; é onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar casa de morador.

O diabo na rua, no meio do redemoinho ...

Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já se passaram. Mas pela astúcia que tem certas coisas passadas de fazer balancê, de se remexerem dos lugares. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos; uns com os outros acho que não se misturam. Contar seguido, alihavado, só mesmo sendo coisas de rasa importância. Assim é que eu acho, assim é que eu conto.

Tem horas antigas que ficaram mais perto da gente do que outras de recente data. O senhor mesmo sabe; e se sabe, me entende. Toda saudade é uma espécie de velhice.

(João Guimarães Rosa)

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Vizinha.

Ótima seleção. Gosto muito desse livro, da música que existe nessa prosa.

SBS é um pouco assim tb, ás vezes...

Agora, fiquei curioso pelo levantamento fotográfico... Vou procurar na livraria.

Abraços
Ricardo Damian