domingo, agosto 29, 2010

DOMINGO EM FESTA

Adoro começar os domingos revendo meus vídeos preferidos. Recorro á minha videoteca de DVDs, VHS, Laserdisc e trabalho cantando.

Hoje o escolhido foi o VHS de 6 de jnho de 2000, gravado em Modena: Pavarotti and friends. Faço aqui uma seleção que encontro no Youtube, começando com Caetano Veloso - Manhã de carnaval, com o Rei cantando Ave Maria, seguido de Tracy Chapman e Queen.








quarta-feira, agosto 25, 2010

DA VERDADE MENTIROSA À MENTIRA VERÍDICA


















DA VERDADE MENTIROSA À MENTIRA VERÍDICA: Quatro conferências de Alain Grosrichard, no IPLA, em São Paulo, sobre o último ensino de Jacques Lacan - em 4 aulas de 20 a 22 de agosto.

No decorrer dessas 4 sessões, praticamos dois tipos de exercício aparentemente muito diferentes, mas que se mostraram complementares.

O primeiro consistiu numa leitura, palavra por palavra, do “Prefácio à edição inglesa do Seminário XI” datado, por Lacan, de 17 de maio de 1976 e reproduzido nos Outros Escritos. Texto curto, mas por múltiplas razões, dificilmente legível. Razão para entrar na brincadeira e tentar decifrar os enigmas, entre os quais o enigma central que Lacan nos propõe com a “verdade mentirosa”, no final de uma psicanálise.

“Verdade mentirosa” que o segundo exercício nos permitiu re-interrogar, desta vez de forma invertida, em “mentira-verídica olhando um quadro: Suzana no banho, de Tintoretto. Olhada se olhando em silêncio no seu espelho por dois velhos estranhamente cortados em dois, a casta Suzana tem muitas coisas a nos ensinar sobre essa velha dupla de voyeurs e do objeto do seu fantasma. E o que ela diz também é válido para nós, que estamos a olhá-los olhando-a se olhar. Pois se o pintor mostra-os divididos, é que ele sabe – sem, no entanto, ter lido Lacan... – que esse é o destino de todo sujeito falante. Uma leitura do “Livro de Daniel”, no qual o quadro de Tintoretto encontra sua fonte, nos leva a descobrir que é ao jovem profeta que o pintor é devedor de seu conhecimento e da possibilidade de representá-lo. Tomando-os pela palavra da sua mentira, Grosrichard mostrou que Daniel esclarece, a seu modo, o que no texto de Lacan nos faz enigma.


Esse final de semana foi mais uma marca importante do IPLA.
A forma como Alain Grosrichard trabalhou os conceitos lacanianos tocou o público que o aplaudiu de pé ao final da última aula.

Para celebrar esse sucesso um almoço delicioso oferecido por nossa colega Glória - um carinho sem igual.













Clique aqui para ver todas as fotos.

quinta-feira, agosto 12, 2010

BALANÇO DA FLIP 2010

A FLIP deste ano não foi das melhores - achei melhor a do ano passado, por exemplo.

Foi menos literária e mais universitária, com poucos momentos que ficarão na memória.

Não tive encontros nem momentos mágicos, daqueles de não se esquecer; talvez isso seja algo que marque a festa deste ano - a falta.

O que mais gostei dessa FLIP? - Ver e ouvir Ferreira Gullar.

O que descobri? - que Salman Rushdie é incrível, que Isabel Allende é muito interessante, inteligente e divertida.

Jornalismo e literatura - desta vez com Colum McCann e William Kennedy - sempre uma boa mesa.

O que mais detestei? - a mesa com Robert Crumb e Gilbert Shelton - 20 minutos foi o máximo que consegui ficar na tenda dos autores. Essa dupla não tinha nada para falar; insuportável !

Homenagem a Carlos Drummond de Andrade - bons momentos ouvindo leituras de suas poesias por Chacal, Antonio Cícero, Eucanaã Ferraz e Ferreira Gullar.

O show de abertura - apesar de adorar Edu Lobo, faltou clima, muito pelo show da cantora que o antecedeu - nada a ver.

Internet - o grande trunfo desta FLIP: todas as mesas puderam ser vistas em tempo real pela internet, através de filmagem ao vivo, versão na lingua original e versão com tradução para o português. GENIAL !!!!!

O que continua ruim? - os mediadores. Eles competem com o entrevistado, falam coisas nada a ver, não sabem entrevistar - é "brochante".

O que continua bom? - ouvir Maria Martha no Café Margarida.

O que fez falta? - os shows de rock e o arroz de polvo do Café Paraty, um passeio de barco, jantares divertidos com muitos amigos.




O que curti?

Passar todos esses dias com minha filha Letícia.

De férias aqui no Brasil, todos os momentos que passamos juntas são motivos para matar a saudade.



Alguns ditos:


Salman Rushdie: É muito mais interessante ter perguntas do que ter respostas.


Fernando Henrique Cardoso: Gilberto Freyre é um revolucionário conservador. Sérgio Buarque de Holanda é o grande teórico do Brasil.


Isabel Allende: Adoraria passar um sábado à tarde com Antonio Banderas.



























Trechos da conferência de Ferreira Gullar:

Nasci em Macondo - o lugar onde tudo acontece 100 anos depois - falando em decassílabos. Já estava tudo pronto, como a poesia parnasiana, por isso, eu quis fazer uma outra poesia em que a linguagem nasceria com o poema.


O livro "A luta corporal" provocou a criação da poesia concreta.
A linguagem velha envelhecia a coisa nova e eu queria um poema em que a linguagem nascesse com ele. Consegui, mas ninguém entendia nada.
Aí nasceu a poesia concreta - sem um pensamento explícito - deveria chamar-se abstrata. Queria chegar à poesia essencial e cheguei à poesia concreta.
Estou sempre indo em outra direção, é uma confusão, é dificil.

Antes de querer ser poeta eu queria ser pintor. Mas depois a poesia tomou conta. Porém, até hoje eu pinto. Pinto mal, mas, pinto. Ainda hoje leio e pinto sobre pintura. Não leio, nem penso sobre poesia. Faço poesia.

Nem sei se poesia é literatura mesmo ou é outra coisa. A poesia nasce do espanto.

O poema nasce de uma coisa impensável. A vida é muito surpreendente. A gente pensa que o mundo está explicado, mas não está. a poesia nasce do indecifrável das coisas.
As coisas espantosas são coisas do cotidiano. Qualquer coisa pode espantar um poeta, até um galo cantando.

O poema é alguma cois que transforma dor em alegria.

sexta-feira, agosto 06, 2010

FHC E SALMAN RUSHDIE NA FLIP


















Um momento divertido na FLIP, fora da tenda dos autores, foi o encontro de FHC e Salman Rushdie. Encontros de homens inteligentes é sempre interessante, ainda mais quando o tema também o é.

Foi o caso desse debate promovido pela Companhia das Letras, no Pinguim, espaço da editora para eventos durante a FLIP, na quinta-feira, no intervalo do almoço. O tema: "O príncipe de MAQUIAVEL".

Ao ser perguntado por Lilia Schwarcz se sentia como Maquiavel, FHC respondeu que não se sentia nem como Maquiavel, nem como príncipe.

Salman falou sobre a obra e discutiu com FHC o que é democracia.

É sempre bom assistir a conversa de intelectuais com esse porte. E bem-humorados, o que faz toda a diferença!

Uma curiosidade: Salman veio com o filho mais novo para a FLIP e se sentaram ao meu lado no show de Edu Lobo. Como eu, não aguentaram a abertura e se foram antes de começar a parte com Edu. Faltou tirar a foto !

quinta-feira, agosto 05, 2010

FLIP 2010




Começou a oitava edição da FLIP - Festa Literária Internacional de Paraty.

Na noite de quarta-feira Fernando Henrique Cardoso fez a conferência de abertura sobre o homenageado deste ano - Gilberto Freyre.


FHC no papel de sociólogo e professor, fez a lição de casa, falando do tema com muita propriedade. Elogiou, explicou e criticou Freyre, sem deixar de dizer que sua linha era outra, um seguidor de Florestan Fernandes.

Por fim, disse que Gilberto Freyre era o oposto de Sérgio Buarque de Holanda - este sim, em sua opinião, deveria ser homenageado pela FLIP. Tudo isso dito de um jeito muito político, muito bem justificado intelectualmente - FHC continua em boa forma !


O show de abertura foi um fiasco - Edu Lobo entrou no palco depois de uma hora de show com uma cantora de voz estridente e com um repertório de gosto duvidoso. Eu já estava saindo da tenda quando Edu começou a cantar - ouvi uma música e fui para o Café Margarida ouvir Maria Martha cantar as músicas de Paulo Vanzolini.


Mas todas as coferências estão sendo gravadas e colocadas na internet online. É só entar no site da FLIP 2010 http://www.flip.org.br/ e clicar na indicação flipaovivo.


Veja aqui um trecho da conferência de abertura com FHC: