sábado, junho 12, 2010

JF NA TV CULTURA: O AMOR NA GERAÇÃO Y


Nesta quinta-feira, 10 de junho, o programa Login, da TV Cultura, entrevistou Jorge Forbes, sobre o amor na pós-modernidade. Os jovens ainda acreditam em amor? Eles estão menos interessados em manter compromissos sérios? O casamento ainda é importante para esta geração?

O programa foi interessante - principalmente porque JF surpreendeu os participantes. Eles falavam dos jovens e os próprios jovens falavam de seus problemas, como a geração de nossos pais - querem tratar o novo com receitas antigas. Jorge Forbes mostrou a eles que podem ser diferentes e usufruir dessa condição.

O descompasso entre JF e a psicóloga convidada era risível. O entrevistador tinha perguntas prontas que não acompanhavam o passo de JF. As blogueiras, representantes da geração Y, ali presentes, estavam aprendendo com JF a legitimarem sua juventude. Incrível !!!

Selecionei algumas questões tratadas e as intervenções de Jorge Forbes

A geração Y quer compromisso?
JF: acho que essa geração quer ter compromisso e de uma maneira bastante interessante. Não vejo porque, nós, mais velhos, ficamos pensando que essa moçada não tem nada a ver com o amor, que o amor era da época dos nossos pais ou mesmo da nossa época. Acho principalmente que há uma diferença fundamental nos dias de hoje: o amor hoje é direto, não é mediado. Antigamente alguém poderia dizer que está com ela porque prometeu ao pai, ou por outra razão. Antes havia “eu estou com você por alguma outra razão” – um amor intermediado, de um mundo industrial, verticalizado. A partir da globalização, quando a gente entra nessa época, de múltiplos encontros, de uma sociedade horizontal, de uma sociedade em rede, ninguém pode dizer que está com alguém senão pelo fato de querer estar com alguém.

Então hoje somos mais individualistas?
JF – se quiser dizer em termos de individualidadexigência de opçãoe, podemos dizer que é mais .

Essas escolhas geram muitas dúvidas. Não é bom ter muitas opções .
JF: Só cria dúvida. E ao escolher uma opção, a única certeza que você tem é que perdeu as outras. As pessoas lutaram tanto para ter mais opções e agora não sabem o que fazer com ela.

Temos que ensinar aos jovens a ter paciência, a procurar as qualidades e não só olhar os defeitos, construir o amor aos poucos ...
JF: Isso não vai dar certo. É muito velho. Já não deu certo na nossa geração, não vai dar agora. A gente continua não sabendo o que fazer frente a esse velho mundo e buscando remédios velhos. Vejo com muita positividade o que os jovens estão transando em termos de amor. E acho que quando eles resolvem encarar uma mútua responsabilidade, eles encaram. De resto, há outros relacionamentos superficiais que eles deletam.

A profissão é prioridade e o amor é secundário; fica complicado lidar com ambos.
JF: Não concordo com essa divisão, primeiro a carreira e depois o casamento. Hoje em dia essa divisão não existe mais. O amor está entrelaçado com todas essas coisas. As pessoas casam, voltam a fazer faculdade, depois trabalha mais, em seguida viajam juntas, depois se separam, ... Há uma multiplicidade de modelos, de formas de se relacionar, que, a meu ver, ainda ficamos nessa eterna comparação com o anterior em vez de legitimar esse novo modelo que está aí.
JF: o amor é aposentadoria, então?

Os jovens pensam o amor como descartável, mas não estão felizes
JF: Interessante: Pensam dessa forma, mas não estão felizes. O que os pés estão fazendo não é o que a cabeça está pensando, as pessoas tem uma prática outra do amor, mas ainda tentam legitimar com a cabeça dos seus pais ou de seus avós. Elas entram numa coisa complicada, numa ruptura com elas mesmas por uma dificuldade de perceber a imensa oportunidade que é o amor nos tempos atuais.

O compromisso nos relacionamentos assusta os jovens?
JF: Se o compromisso assusta os jovens, o naõ-compromisso também assusta. O compromisso assusta porque vc se compromete e não sabe se vai cumprir, entra no jogo de expectativa – um monte de complicações. O não compromisso leva à superficialidade, ao desvalor, ao eventual, ao desprezo. São 2 categorias armadilha: ou uma ou outra. Sempre quando vc ama, o que assusta muito é o fato que vc nunca sabe porque vc é amado. A gente nunca sabe por que razão a gente é amado: a gente sempre é amado por uma razão além da gente. Portanto, cada vez que a gente é amado a gente tem uma crise de desconfiança da gente mesmo.

JF: todo bom relacionamento funciona porque a gente sabe que não dá certo. Isto é, todo bom relacionamento funciona porque falha o tempo todo. Por isso a gente repete para o outro – eu te amo sim – e o outro não acredita e pede garantias (ontem vc falou diferente, ou, ah já foi mais ...) – então, funciona porque falha. O bom relacionamento não é aquele respeituoso,, em que um não invade o espaço do outro – isso é muito chato. É óbvio que nos relacionamentos as pessoas se invadem, se confundem, se entrelaçam e se perguntam por que estão juntas.

O amor está banalizado?
JF: Não dá pra fazer o politicamente correto do amor. (JF lembra Rilke – Cartas à um jovem poeta)

O romantismo não está desvalorizado?
JF: que coisa preconceituosa ! Quando vc diz isso você afirma que a geração Y não está dando o valor correto ao romance. A meu ver, nós é que não estamos dando o valor correto às novas formas de amor que essa moçada está inventando, que são muito interessantes.
(JF fala do Frank Sinatra no Maracanã nos anos 70. Milhares de pessoas hoje ficam juntas nas raves, sem se compreenderem. Antes isso era impensável, hoje não se entendem, mas estão juntos).

Como a internet interfere nas relações? Os participantes respondem que é comum o namoro pela internet, principalmente à noite, quando têm mais tempo livre. JF: muita gente faz isso (namoro pela internet) enquanto o outro (do casal) está durmindo.
JF: (a internet) é uma praça da matriz eletrônica !!!!


A TV Cultura já disponibilizou o programa integral em vídeo on-line, dividido em 2 partes. Clique no link para acessar:

Parte 1

Parte 2

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