quarta-feira, agosto 26, 2009

PSICANÁLISE: MAL-ESTAR NA GLOBALIZAÇÃO - LACAN E AS LUZES

A cpflcultura / TV Cultura (café filosófico) presenciou um momento mágico com a conferência de Alain Grosrichard, convidado de Jorge Forbes, no módulo A PSICANÁLISE DO SÉCULO XXI - Lacan para desesperados da crise.

Alain Grosrihard, aluno de Lacan e grande especialista de Rousseau, nos presenteou com uma conferência de uma beleza e lirismo raros. Certamente a mais erudita conferência que já houve na cpflcultura.

Para falar sobre O MAL-ESTAR NA GLOBALIZAÇÃO - LACAN E AS LUZES, Grosrichard toma de Lacan e de Rousseau a posição anti-filosófica e se utiliza de uma referência de Lacan em que se diz herdeiro do debate das luzes para discutir as formas como enfrentar esse mal-estar.

A filosofia cria uma visão de mundo, um sistema de pensamentos que preenchem os buracos.
A psicanálise respeita os buracos, as carências, a castração. Nela o que nunca termina é essa carência. Para Freud e Lacan, o importante é respeitar os buracos, diz Grosrichard.

Começa sua conferência lendo uma carta de amor escrita por um personagem de um romance de Rousseau à sua amada, falando da noção de mundialidade (mondalité) e segue com a leitura do poema O MUNDANO, de Voltaire. Passeia por Lipovetsky, Poe, Hegel, Descartes, Kant, Sade, Nietzsche, Madame du Châtelet, Freud, sempre retornando a Lacan.
































Destacou o debate de Lacan com o iluminismo desenhando seu movimento das luzes à obscuridade e a volta às luzes. Lacan, ao privilegiar o sujeito cartesiano localiza-se nesse debate fazendo a subversão do sujeito do inconsciente e marcando o sujeito do desejo. O debate de Lacan com as luzes é um debate em que Lacan se contradiz, um debate de Lacan X Lacan.

Falou de duas rupturas: a primeira, da passagem do iluminismo para o mundo moderno e a atual, com a globalização, na passagem do Outro para o mundo pós-moderno.

Grosrichard termina sua conferência com uma surpresa: nos mostra um bilboquê, um brinquedo da corte de Henrique III. Conta que Rousseau também jogava bilboquê e cita um texto das Confissões em que Rousseau diz: - Se eu tivesse que voltar ao mundo, só queria ficar jogando bilboquê. A única moral digna do século presente é a moral do bilboquê.
Essa forma de ridicularizar o mundo é genial, completa Grosrichard, é uma imagem do gozo erótico; existe um mundo em torno do bilboquê.




























Chico também veio prestigiar seu pai e Alain Grosrichard.

Parabenizo Jorge Forbes por esse módulo, pela escolha do conferencista. Somos gratos a ele por nos proporcionar essa experiência cultural.

Na quinta-feira, 27 de agosto, haverá o encerramento dessa série de programas, com a conferência de Jorge Forbes: “Jacques Lacan e a psicanálise do século XXI”.
Imperdível !!!

Nenhum comentário: