O psicanalista Joel Birman abriu o módulo A PSICANÁLISE DO SÉCULO XXI com a conferência NOVAS SUBJETIVAÇÕES E O MAL ESTAR NA CONTEMPORANEIDADE - em Campinas, na cpflcultura - sob curadoria de Jorge Forbes.
Joel Birman começou sua conferência citando um texto de Freud (de 1920) - O mal estar na civilização - o mal estar é constituinte da psicanálise. Na globalização, esse mal estar é caracterizado pela fragilidade da soberania das nações, pelo aumento da violência e da criminalidade. Utilizou ainda os conceitos de vida nua e de estado de exceção de Giorgio Agamben para explicar fenômenos da nossa sociedade - vivemos no universo da exceção e da vida nua (vida ao nível de sobrevivência) - a luta para passar da vida nua para a vida qualificada.
Há uma tendência de regressão ao mundo pré-moderno, diz Joel, pois os neuróticos sempre querem a proteção do pai . Propõe duas alternativas de saída:
1. pela psiquiatria biológica - que transformará as pessoas em autômatos rastejantes através do controle das nossas intensidades. É a animalizção da vida qualificada.
2. pela psicanálise - que nos convida a uma subjetivação, a uma vida qualificada. Revolução se faz com desejos, sonhos, acreditando que é possível mudar - é a plataforma da vida qualificada.
Com a globalização, vivemos com a sensação que perdemos o domínio de nós mesmos, vivemos numa sociedade de risco. O Brasil sempre foi uma sociedade de risco, pois as coisas nunca foram muito formalizadas por aqui. Por isso o Brasil é o país propício à globalização e à psicanálise.
Joel Birman chamou a atenção para o que chamou de categorias fragilizadas:
1. corpo - estamos sempre aquém do que queremos. Há um cuidado corporal acentuado; a saúde ao contrário da alma - se transformou em nosso bem supremo. Stress tornou-se uma palavra chave nos dias de hoje.
2. ação - há um excesso de sexualidade, de violência e criminalidade. Como consequência surgem ações fracassadas - as compulsões às drogas, à comida, ao consumo.
3. sentimentos - referem-se a variações de humor, depressões e enfermidades como a síndrome do pânico.
Há ainda um empobrecimento no campo do pensamento e no campo da linguagem; surge a linguagem-ação. Como consequência dessa fragilização o sujeito prefere explodir pela ação - passagem ao ato - que Jorge Forbes chama de sintomas da globalização, como os crimes inusitados.
Uma bela conferência!
A próxima, dia 20, com Alain Grosrichard é imperdível!!!
Um comentário:
querida, esta fantastico!!!
Nos dá uma bela nocao do que foi dito,e nos permite acompanhar estas discussoes que JF sempre inova.
bjs, Andrea
Postar um comentário