terça-feira, março 31, 2009

PSICANÁLISE - POR QUE FAZER ANÁLISE HOJE?

  • A pergunta freudiana não envelheceu: "O que você quer?" Ser freudiano é se fazer continuador em um problema, não em uma resposta, ensinou Gaston Bachelard.
  • Existe uma incompatibilidade entre “querer” e “desejar”, dois verbos que, no consenso, caminham juntos. Em geral, o “querer” está vinculado à necessidade biológica – quero comer, quero dormir – e o “desejar” está ligado a aspectos de prazer expressos em frases como “mais forte do que eu”.
  • O homem é o único animal que come por apetite e não por necessidade. Escolhe entre ir a um restaurante ou ao cinema. Nossa vida é marcada por decisões que nem sempre têm a ver com necessidade.
  • A surpresa e o equívoco são as duas principais articulações da interpretação de Jacques Lacan em seu segundo ensino. Um analista surpreende e equivoca.
  • A psicanálise de hoje vai além do Édipo, precisa de uma nova topologia para tratar do habitante do século XXI, como anunciou Lacan.
  • Freud descobriu um programa fantástico, um software diríamos mais tecnologicamente, e o chamou de complexo de Édipo. Muito melhor que os "softs" atuais, que rapidamente ficam obsoletos, o complexo de Édipo funcionou muito bem por praticamente cem anos.
  • Um software para o século XXI é aquele que incide na relação do corpo da pessoa com o que ela diz, que percebe como a palavra de alguém e seu corpo podem se desencontrar, nos casos tradicionais, ou até estarem disjuntos, como em muitos casos atuais.
  • Como uma pessoa pode deixar de pensar de uma determinada maneira para pensar de uma outra maneira? Quem faz uma análise deve ser capaz de fazer essa mudança. Não é não ter sintomas, não é ser normalíssimo, mas é mudar seu sistema simbólico. E mudar de um sistema simbólico a outro quer dizer mudar de ética.
  • Não existe mais roupa pronta para vestir nessa nova era, a questão não é saber mais sobre si mesmo para garantir uma ação sem risco, como pensávamos, mas, ao avesso.
  • Fazer análise hoje é poder precipitar o tempo da decisão, não se afogando na angústia paralisante.
  • Toda decisão é precipitada, uma vez que sempre será incompleta, daí, inventiva.

(miscelânea de aforismos psicanalíticos de Jorge Forbes)

E aqui, um clip de JF: VOCÊ QUER O QUE DESEJA?

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