- A pergunta freudiana não envelheceu: "O que você quer?" Ser freudiano é se fazer continuador em um problema, não em uma resposta, ensinou Gaston Bachelard.
- Existe uma incompatibilidade entre “querer” e “desejar”, dois verbos que, no consenso, caminham juntos. Em geral, o “querer” está vinculado à necessidade biológica – quero comer, quero dormir – e o “desejar” está ligado a aspectos de prazer expressos em frases como “mais forte do que eu”.
- O homem é o único animal que come por apetite e não por necessidade. Escolhe entre ir a um restaurante ou ao cinema. Nossa vida é marcada por decisões que nem sempre têm a ver com necessidade.
- A surpresa e o equívoco são as duas principais articulações da interpretação de Jacques Lacan em seu segundo ensino. Um analista surpreende e equivoca.
- A psicanálise de hoje vai além do Édipo, precisa de uma nova topologia para tratar do habitante do século XXI, como anunciou Lacan.
- Freud descobriu um programa fantástico, um software diríamos mais tecnologicamente, e o chamou de complexo de Édipo. Muito melhor que os "softs" atuais, que rapidamente ficam obsoletos, o complexo de Édipo funcionou muito bem por praticamente cem anos.
- Um software para o século XXI é aquele que incide na relação do corpo da pessoa com o que ela diz, que percebe como a palavra de alguém e seu corpo podem se desencontrar, nos casos tradicionais, ou até estarem disjuntos, como em muitos casos atuais.
- Como uma pessoa pode deixar de pensar de uma determinada maneira para pensar de uma outra maneira? Quem faz uma análise deve ser capaz de fazer essa mudança. Não é não ter sintomas, não é ser normalíssimo, mas é mudar seu sistema simbólico. E mudar de um sistema simbólico a outro quer dizer mudar de ética.
- Não existe mais roupa pronta para vestir nessa nova era, a questão não é saber mais sobre si mesmo para garantir uma ação sem risco, como pensávamos, mas, ao avesso.
- Fazer análise hoje é poder precipitar o tempo da decisão, não se afogando na angústia paralisante.
- Toda decisão é precipitada, uma vez que sempre será incompleta, daí, inventiva.
(miscelânea de aforismos psicanalíticos de Jorge Forbes)
E aqui, um clip de JF: VOCÊ QUER O QUE DESEJA?