sábado, maio 05, 2007

REFLEXÕES SOBRE O MUNDO LÍQUIDO

Ambivalência da identidade: a nostalgia do passado conjugada à total discordância com a “modernidade líquida”. É isso que cria a possibilidade de transformar os efeitos planetários da globalização e usá-los de maneira positiva.

Tornamo-nos conscientes de que o “pertencimento” e a “identidade” não têm a solidez de uma rocha, não são garantidos para toda a vida. As decisões que o indivíduo toma, os caminhos que percorre, a maneira como age – e a determinação de se manter firme a tudo isso – são fatores cruciais tanto para o “pertencimento” quanto para a “identidade”.

A intimidade e a distância criam uma situação privilegiada. Ambas são necessárias.

Você só tende a perceber as coisas e colocá-las no foco do seu olhar perscrutador e de sua contemplação quando elas se desvanecem, fracassam, começam a se comportar estranhamente ou o decepcionam de alguma forma.

A idéia de “identidade” nasceu da crise do pertencimento e do esforço que esta desencadeou no sentido de transpor a brecha entre o “deve” e o “é” e erguer a realidade ao nível dos padrões estabelecidos pela idéia – recriar a realidade à semelhança da idéia.

Em nosso mundo de “individualização” em excesso, as identidades são bênçãos ambíguas. Oscilam entre o sonho e o pesadelo, e não há como dizer quando um se transforma no outro.

( do livro IDENTIDADE, de Zigmunt Bauman)

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