sábado, setembro 23, 2006

FESTA DE ANIVERSÁRIO DO RICARDO


A festa de aniversário do Ricardo é sempre divertida.

Um churrasco à beira da piscina em Atibaia, muito chopp e truco. João e eu fomos os vencedores do dia. Como é bom jogar truco, dar risada, abraçar os amigos queridos, amigos da infância. E muito papo furado, lembranças gostosas de tempos atrás.

Inês e Ricardo, ótimos anfitriões. De quebra, Inês me levou à 26a Festa de Flores e Morangos de Atibaia. Voltei pra casa cheia de morangos, copos-de-leite e orquídeas - as flores que adoro.

Este ano estiveram presentes boa parte da nossa turminha de Itape. Meus compadres Ruy Gordo - Nanão e Walter - Maria; João e Licia; Neto, Ruy e Graça; as irmãs do Ricardo: Angela e Lalo, Márcia e Cícero, Tetê e Cacá, com os filhos, a mãe D. Ligia e Luis Carlos - o Japinha, filho do aniversariante. Letícia, Gene e eu.

O Ricardo é um bom companheiro, ninguém pode negar. Ricardo, é pra você este texto de Manoel de Barros:


Manoel por Manoel

"Eu tenho um ermo enorme dentro do olho. Por motivo do ermo não fui um menino peralta. Agora tenho saudade do que não fui. Acho que o que faço agora é o que não pude fazer na infância. Faço outro tipo de peraltagem. Quando era criança eu deveria pular muro do vizinho para catar goiaba. Mas não havia vizinho. Em vez de peraltagem eu fazia solidão. Brincava de fingir que pedra era lagarto. Que lata era navio. Que sabugo era um serzinho mal resolvido e igual a um filhote de gafanhoto. Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação. Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das coisas. Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina. É um paradoxo que ajuda a poesia e que eu falo sem pudor. Eu tenho que essa visão oblíqua vem de eu ter sido criança em algum lugar perdido onde havia transfusão da natureza e comunhão com ela. Era o menino e os bichinhos. Era o menino e o sol. O menino e o rio. Era o menino e as árvores."

Do livro "Memórias Inventadas", de Manoel de Barros

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