Aqui vai a introdução da aula que dei no IPLA nesta segunda -feira no Curso de Formação em Psicanálise:
Nós, os humanos, temos
nossa identidade constituída na relação com o outro. À diferença dos outros
animais, o homem nasce sem a possibilidade de sobreviver sozinho. Para crescer,
sempre precisamos do outro – que nos dá um nome, um lugar, que nos deseja.
Mesmo antes de
nascermos já somos falados. Assim que se sabe o sexo da criança o nome está
decidido, o que nos faz ter uma existência anterior ao nascimento. Muitas vezes
a escola já está escolhida, o time por quem torceremos, a profissão que desejam
para nós. Nascemos e vivemos no paradigma da expectativa do outro.
A identificação é um
tema central na psicanálise, presente em toda a obra de Freud. Também em Lacan,
a problemática do eu e a relação com o outro percorre sua obra. “Eu é um
outro”, diz Lacan, utilizando-se de uma frase de Rimbaud[1]. Lacan
elabora esse tema já em 1936, quando apresenta num Congresso da IPA em Marienbad,
um trabalho sobre o Estádio do Espelho. Essa alienação imaginária no olhar do
outro é redobrada por Lacan ao introduzir o simbólico. Nesse sentido “Lacan
muda o foco – não mais a relação do sujeito com o outro (a outra pessoa), mas,
sim, a relação da pessoa com a ficção que ela sustenta de si mesma, na sua
relação com o Outro” (FORBES).
Uma análise propicia
uma mudança de paradigma: de uma pessoa que busca um lugar baseado no
reconhecimento do Outro sobre si para um viver além da expectativa do Outro,
suportando e inventando um fazer arriscado, fora da expectativa da moral. Ao abandonar
essa posição, o sujeito perde a garantia oferecida pelo Outro e ganha a possibilidade
de inventar soluções singulares.
Assim, a quebra das
identidades cristalizadas produz angústia, a sensação de estar perdido no
mundo. Como lidar com essa angústia numa análise?
Essa e outras questões são respondidas no curso A SURPRESA de "Os bisturis da clínica do real".
Para informações ou inscrições do curso online ou presencial, clique aqui.
[1]
Essa frase de Rimbaud está na carta endereçada a seu professor Paul Demeny, de
15 de maio de 1871.
Nenhum comentário:
Postar um comentário