terça-feira, junho 11, 2013

A QUEBRA DAS IDENTIDADES CRISTALIZADAS

Aqui vai a introdução da aula que dei no IPLA nesta segunda -feira no Curso de Formação em Psicanálise: 

Nós, os humanos, temos nossa identidade constituída na relação com o outro. À diferença dos outros animais, o homem nasce sem a possibilidade de sobreviver sozinho. Para crescer, sempre precisamos do outro – que nos dá um nome, um lugar, que nos deseja.
Mesmo antes de nascermos já somos falados. Assim que se sabe o sexo da criança o nome está decidido, o que nos faz ter uma existência anterior ao nascimento. Muitas vezes a escola já está escolhida, o time por quem torceremos, a profissão que desejam para nós. Nascemos e vivemos no paradigma da expectativa do outro.
A identificação é um tema central na psicanálise, presente em toda a obra de Freud. Também em Lacan, a problemática do eu e a relação com o outro percorre sua obra. “Eu é um outro”, diz Lacan, utilizando-se de uma frase de Rimbaud[1]. Lacan elabora esse tema já em 1936, quando apresenta num Congresso da IPA em Marienbad, um trabalho sobre o Estádio do Espelho. Essa alienação imaginária no olhar do outro é redobrada por Lacan ao introduzir o simbólico. Nesse sentido “Lacan muda o foco – não mais a relação do sujeito com o outro (a outra pessoa), mas, sim, a relação da pessoa com a ficção que ela sustenta de si mesma, na sua relação com o Outro” (FORBES).
Uma análise propicia uma mudança de paradigma: de uma pessoa que busca um lugar baseado no reconhecimento do Outro sobre si para um viver além da expectativa do Outro, suportando e inventando um fazer arriscado, fora da expectativa da moral. Ao abandonar essa posição, o sujeito perde a garantia oferecida pelo Outro e ganha a possibilidade de inventar soluções singulares. 
Assim, a quebra das identidades cristalizadas produz angústia, a sensação de estar perdido no mundo. Como lidar com essa angústia numa análise? 

Essa e outras questões são respondidas no curso A SURPRESA de "Os bisturis da clínica do real". 
Para informações ou inscrições do curso online ou presencial, clique aqui.




[1] Essa frase de Rimbaud está na carta endereçada a seu professor Paul Demeny, de 15 de maio de 1871.

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