AUGUSTINE - o filme - estreiou nesta sexta-feira nos cinemas paulistanos.
Conta a história de Augustine, paciente de Charcot, que ficou famosa por suas participações em apresentação de pacientes - as histéricas que o médico estudava e desenvolveu o métiodo da hipnose. O filme passa-se no ano de 1885, quando Freud, o pai da Psicanálise, esteve estudando com Charcot.
Fui conferir. Adorei !
Vale assistir. Veja o trailer:
Mais informações nos artigos:
no estadão
na folha
sábado, junho 29, 2013
domingo, junho 23, 2013
AFORISMOS SOBRE O AMOR
por Jorge Forbes
escolhidos por Teresa Genesini
No mês de junho, em que comemoramos o
dia dos namorados e o dia do santo casamenteiro, as revistas, jornais e
programas de televisão trazem à tona o amor e suas vicissitudes. A psicanálise
está diretamente ligada a esse tema, pois, como diz Lacan: “do amor, fala-se na
análise”.
Jorge Forbes participou de dois
eventos que tratam do amor, neste mês de junho: um debate, “o amor nos tempos
digitais”, promovido pela TV Carta
Capital e um documentário sobre “amores improváveis”, pela TV Brasil.
Selecionei, de suas intervenções, uma
pequena síntese que ele fez do que pensa sobre os tipos de transcendência do
laço social humano e pincei de suas falas alguns aforismos.
Sobre os tipos de amor:
“Amor da
primeira transcendência seria o amor natural, da cara metade, onde haveria uma
harmonia.
Amor da
segunda transcendência seria o amor dos deuses. O que Deus uniu o homem não
separa: “encontro minha alma gêmea”.
Amor da
transcendência iluminista seria o amor racional, do merecimento. “Você me
merece e eu te mereço”.
Esses três
tipos de amor são expressões do laço social vertical. O amor na pós-modernidade
sustenta-se em um laço social horizontal, que não se define por um padrão
externo a si mesmo. O amor que vivemos neste momento é um amor responsável. Se
uma pessoa está com outra, não pode dizer que seja por alguma outra razão que
não o “querer estar”; por isso é um amor direto, sem intermediação. Um amor que
não sei explicar, mas responsável.
No momento em
que temos um homem desbussolado, que perdeu suas referências, estamos numa nova
época. Temos uma opção de voltarmos para trás, sermos reacionários, genéricos
ou fazermos um exercício de singularidade, de um novo amor.”
Frases aforismáticas:
·
Amor
é encontrar um sentido para si mesmo, através do Outro.
- Amor
não é harmonia. É incômodo, é despertar. É provocação, no sentido de fazer
falar.
- Penso
que todos os amores são improváveis. Não existe amor standard, não existe amor padrão, amor esperado.
- O
amor é sempre improvável, no sentido que não há uma prova última que o
comprove.
- Se
alguém diz “Eu te amo!”, o outro duvida: “Você me ama mesmo? Por quê?”
Quando o amante vai responder, não consegue, não tem explicação. É um amor
tonto, mas responsável.
- O
amor bandido é uma tentativa de afirmar: “Sei que não devia te amar, mas
eu te amo mesmo assim.”
- Mulheres
têm maior facilidade ao amor bandido do que os homens.
- Na
porta de um presídio há sempre mais mulheres do que homens porque a mulher
afirma um amor acima das regras da civilização: “Eu te amo além da norma
social.”
- Hoje
todas as cartas são cartas de amor.
- Quando
você não tem mais um padrão de referência na significação, o padrão passa
a ser a invenção que você faz.
- Atrás
da laconicidade das cartas digitais existe uma troca intensa, amorosa,
poética, no sentido de que não existe outra comunicação nesse momento que
não a criativa.
- Nossa
era é do amor – é o amor o laço social por excelência, na pós-modernidade.
- Saímos
de um laço social vertical, de uma transcendência natural, religiosa ou
racional e passamos a um laço social horizontal, que se chama amor.
- Vivemos
um novo tipo de amor – um amor muito diferente dos anteriores porque é um
amor que não tem intermediação. Uma nova transcendência.
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Links dos
programas no YouTube:
sábado, junho 15, 2013
AMOR NOS TEMPOS DIGITAIS
quinta-feira, junho 13, 2013
quarta-feira, junho 12, 2013
VIVA O AMOR
O Beijo - quadro de Roberto Gershman
Um belo quadro desse grande artista, que tenho em minha sala de televisão. Uma alusão aos beijos cinematográficos, a eterna ode ao amor.
Hoje, dia dos namorados, vale lembrar os poemas de amor.
O primeiro que trago é de Vinícius de Moraes, o poeta que tanto cantou o amor: A única ressalva que faria é que não há amor total, mas um amor quase total ! Em seguida Drummond e para finalizar, Bandeira. Enjoy !
Soneto do Amor Total (Vinícius de Moraes)
Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
As Sem razões do Amor (Carlos Drummond de Andrade)
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
E nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
E com amor não se paga.
Não precisas ser amante,
E nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
E com amor não se paga.
Amor é dado de graça
É semeado no vento,
Na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
E a regulamentos vários.
É semeado no vento,
Na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
E a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
Bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
Não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
Feliz e forte em si mesmo.
Bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
Não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
Feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
E da morte vencedor,
Por mais que o matem (e matam)
A cada instante de amor.
E da morte vencedor,
Por mais que o matem (e matam)
A cada instante de amor.
Cantiga de amor (Manoel Bandeira)
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
terça-feira, junho 11, 2013
PAULO MENDES DA ROCHA NO RODA VIVA
A QUEBRA DAS IDENTIDADES CRISTALIZADAS
Aqui vai a introdução da aula que dei no IPLA nesta segunda -feira no Curso de Formação em Psicanálise:
Nós, os humanos, temos
nossa identidade constituída na relação com o outro. À diferença dos outros
animais, o homem nasce sem a possibilidade de sobreviver sozinho. Para crescer,
sempre precisamos do outro – que nos dá um nome, um lugar, que nos deseja.
Mesmo antes de
nascermos já somos falados. Assim que se sabe o sexo da criança o nome está
decidido, o que nos faz ter uma existência anterior ao nascimento. Muitas vezes
a escola já está escolhida, o time por quem torceremos, a profissão que desejam
para nós. Nascemos e vivemos no paradigma da expectativa do outro.
A identificação é um
tema central na psicanálise, presente em toda a obra de Freud. Também em Lacan,
a problemática do eu e a relação com o outro percorre sua obra. “Eu é um
outro”, diz Lacan, utilizando-se de uma frase de Rimbaud[1]. Lacan
elabora esse tema já em 1936, quando apresenta num Congresso da IPA em Marienbad,
um trabalho sobre o Estádio do Espelho. Essa alienação imaginária no olhar do
outro é redobrada por Lacan ao introduzir o simbólico. Nesse sentido “Lacan
muda o foco – não mais a relação do sujeito com o outro (a outra pessoa), mas,
sim, a relação da pessoa com a ficção que ela sustenta de si mesma, na sua
relação com o Outro” (FORBES).
Uma análise propicia
uma mudança de paradigma: de uma pessoa que busca um lugar baseado no
reconhecimento do Outro sobre si para um viver além da expectativa do Outro,
suportando e inventando um fazer arriscado, fora da expectativa da moral. Ao abandonar
essa posição, o sujeito perde a garantia oferecida pelo Outro e ganha a possibilidade
de inventar soluções singulares.
Assim, a quebra das
identidades cristalizadas produz angústia, a sensação de estar perdido no
mundo. Como lidar com essa angústia numa análise?
Essa e outras questões são respondidas no curso A SURPRESA de "Os bisturis da clínica do real".
Para informações ou inscrições do curso online ou presencial, clique aqui.
[1]
Essa frase de Rimbaud está na carta endereçada a seu professor Paul Demeny, de
15 de maio de 1871.
sexta-feira, junho 07, 2013
O AMOR VISTO PELA JANELA DA PSICANÁLISE
A edição Nº 34 de O Mundo visto pela Psicanálise - dedicada ao amor - está um show! Clique para ler.
Reproduzo aqui o texto de Jorge Forbes: Um novo amor está no ar
Há um novo amor no ar da pós-modernidade.
Nós, humanos,
nos diferenciamos dos animais também pela multiplicidade de formas de amar que
recobre a paisagem de cada época. Uma vaca não muda a maneira de amar e nem de
se declarar. Dá para imaginar? Humanos, sim, a ponto de sabermos que o amor
embalado pela bossa nova é diferente daquele do hard rock e que a musa dos
menestréis, cheia de panos, não teria sido nenhuma garota de Ipanema de biquíni.
Nossa época se
caracteriza por relações horizontais do laço social. Estamos em uma sociedade
de rede, na qual as hierarquias foram achatadas e os padrões pulverizados. Não
fazemos mais as coisas em nome de um bem maior ou supremo, mas porque queremos.
Assim também é o amor atual.
Até bem pouco
tempo, uma casal dizia que não se separava por algum motivo suplementar ao
relacionamento amoroso em si. Ouvimos muito: - Só fico com você porque jurei ao
seu pai em seu leito de morte que lhe cuidaria; - Só fico com você por causa de
nossos filhos, não os quero ver em lares divididos; - Só fico com você, porque
o que Deus uniu, que não separe o homem!; Só fico com você por nossa vida
econômica, social, ou política. Em quaisquer desses exemplos tão comuns há
sempre a presença de um terceiro – pai, filhos, Deus, dinheiro, patrimônio. Não
é, ou não será mais assim.
O amor de hoje
pede invenção e responsabilidade no que antes era tradição e disciplina. Se uma
pessoa está com outra é – antes de qualquer nobre motivo – porque quer. Isso
informa que não adianta se sentar para discutir relação; todos sabem que esse é
o melhor caminho da discórdia. Não amamos alguém pelo que o outro pensa ser
amado, e nem mesmo por aquilo que nós pensamos. Quem já não teve a experiência
de encontrar um par perfeito em tudo salvo em um detalhe não tão pequeno: a
falta do amor? E ter de se despedir com uma pena danada daquele que seria o
amor ideal, quem?
Pais contam nos
consultórios dos psicanalistas suas aflições frente a aparente superficialidade
de seus filhos ficantes que distribuem beijos de boca em boca nas baladas
eletrônicas. Calma. Essa moçada é também aquela que não fará concessão por
amores arranjados e acomodados. O novo amor da pós-modernidade representa um
novo tipo de humanismo, uma transcendência laica. Se não morremos mais por
grandes causas, morremos por quem nos toca de perto, por quem divide nossa vida
no impossível do vazio das grandes causas. Não se pergunta mais se você
compreendeu o que eu disse, se pergunta: - tá ligado? Esse “tá ligado?” quer
saber se o que me toca, de alguma forma te toca, não no mesmo sentido que tem
para mim, mas na mesma ligação compartida. Daí o novo amor pedir invenção, no
que antes era significado pela tradição, e responsabilidade de um querer ético,
onde antes estava a disciplina do comportamento moral.
Ouve-se a
pergunta que não quer calar: - E daí, melhorou o amor?
Ah, isso é
coisa para cada um responder, tá ligado?
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Jorge Forbes é psicanalista. Texto publicado originalmente
na revista IstoÉ Gente, em dezembro
de 2012
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