quarta-feira, setembro 08, 2010

UMPONTO - LANÇAMENTO 16/9 - LIVRARIA TRAVESSA IPANEMA - RIO



Coisa linda promessa de amor.
Nem precisa ser verdadeira.
Verdade é detalhe, beleza é indispensável.



Letícia vai lançar seu livro de poesias no Rio.


É uma felicidade partilhar esse acontecimento com os amigos.



Contamos com os amigos cariocas e todos aqueles que possam comparecer à Livraria da Travessa Ipanema - Rua Visconde de Pirajá 572 - a partir das 19h.

Sempre no meio:
Um pé lá, outro cá.
Sempre desinteiro.

Sempre estrada.

Caralho, que estrada sem fim
Este caminho de mim.


Nossa amiga Vera Moll escreveu um texto sobre o livro de Letícia:


um ponto, Letícia Genesini

Na escrita, o ponto remete à pontuação, indica o fim de um percurso e o começo ou não de outro, um ponto se insere em um círculo, conforme vemos na capa, talvez como signo da obra que ela nos apresenta, aberta, porém definida; se divago sobre o mesmo ponto, sigo o rastro do poeta, tentando entender o que ela quis dizer e onde pretende chegar ou nos levar. Quem escreve se expressa, quem escreve compartilha pensamentos, sentimentos ou a própria textura do ser, compartilha aquilo que é. Quem escreve tem o que dizer. Essa é a essência da literatura. Não se trata, é isso que quero ressaltar, de poemas de amor que fazem e desfazem os poetas amadores, aqueles que se esgotam quando se esgota a paixão. Não, trata-se mesmo do exercício da poesia, Heidegger diz que a poesia é primeira manifestação da verdade, tenho, pois, licença de dizer que poetas e escritores falam em nome de uma verdade de quem são os primeiros arautos. Se os versos de Letícia são poemas, sua fala comporta uma verdade que ela desvenda e quer nomear. Mas ela segue dizendo, Coisa linda promessa de amor. Nem precisa ser verdadeira. Verdade é detalhe, beleza e indispensável. Não sei se ela fala de estética ou se é pura ironia, um pouco dos dois, concluo, mas o que vejo é alguém que vem cheia de bagagem e traz já uma linguagem que a autoriza, e sobre as coisas ditas, fala delas como se fosse ela a dizer pela primeira vez, como quer o filósofo. Por que verdade ela foi ferida? que dor filtrou com tal distância? seus versos falam de um processo, e talvez aqui caiba e explique o ponto, a obcecação da linha é o ponto, a matéria da escrita é aquilo que em nós transborda. Suas palavras fortes surpreendem em quem se inicia: De todas as pessoas dessa vida, / você foi o desastre maior, / O mais ridículo e imperfeito./ Aquele de quem, irrefutavelmente, / Amei todos os defeitos. Ou na quadrinha onde ela tem coragem suficiente para interrogar as certezas que salvam a maioria: Maldito deus em que não acredito, /Vieste e tiraste um pedaço de mim. /Entornaste sem medida a fé fingida /que depositava em ti.
Sobre o livro, faço um breve comentário, é onde posso chegar sem ferir a poética, meu ofício não é o do crítico, meu labor é o da própria escrita, mas me falta colocar em relevo um traço que salta do texto, o compromisso com a poesia não é absoluto, os caminhos continuam abertos, o abraço ainda se mostra indeciso em uma autora que vai, de uma maneira ou de outra, nos surpreender no futuro com seu talento:
Não faço poemas, faço prosas extremamente curtas.

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