quarta-feira, outubro 07, 2009

CENTENÁRIO DA NRF - NOUVELLE REVUE FRANÇAISE



Nesta segunda-feira tivemos apresentação dos trabalhos do 3° bimestre do Corpo de Formação em Psicanálise do Instituto da Psicanálise Lacaniana -IPLA - sobre TRANSFERÊNCIA.





O grupo 1 apresentou o trabalho de uma forma inusitada: em forma de twitts. Vários participantes twittaram o trabalho e o twitter do IPLA participou da experiência.

O tema : Efeitos de transferência na NRF e no IPLA em twitts.

“Mesmo se devemos considerar a transferência como um produto da situação analítica, podemos dizer que esta situação não poderia criar o fenômeno todo, e que, para produzí-lo, é preciso que haja, fora dela, possibilidades já presentes às quais ela dará composição, talvez única. Isto não exclui de modo algum, onde não haja analista no horizonte, que ali possa haver, propriamente, efeitos de transferência exatamente estruturáveis como o jogo da transferência na análise.” (Lacan: Jacques Lacan: Seminário 11 – Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise – 1964).


On line Grupo 1: @teresagenesini @imnotabeagle @alainmouzat @RosaliaPinfildi @ Garabetkissa @taisazogbi, danig, danid, elza @psilacaniana

Este ano é o centenário da fundação da NFR, revista prestigiosa, que mudou o panorama da literatura na França.

A revista NRF deu origem à editora Gallimard, hoje Gallimard NRF.

O primeiro número de La NRF é datado de 1 de fevereiro de 1909.

O endereço oficial da NRF: 78, rue d´Assas, Paris.

A NRF, com publicações mensais e depois trimensais criou um foro singular de expressão e discussão para literatura.

A NRF instaura outra concepção de revista literária, acima dos movimentos e das escolas: unicamente preocupada com a qualidade literária.

A NRF se forma em torno de uma certa idéia de literatura que representa a obra de Gide e que reune intelectuais e literatos.

Os fundadores da NRF são 6: Gide, Drouin, Ruyters, Ghéon, Schlumberger – o cimento da NRF e Coupeau – o mais jovem deles.

Na internet encontramos o n. 1 da NRF de 1909. Na França a publicação on line é ilegal. No Brasil é “legal!” http://migre.me/8fGm

Schlumberger, pelo lugar que dá à causa literária e à amizade, dedica-se integralmente à revista.
A NRF sobrevive inicialmente às custas de Jean Schlumberger.

O que faz o sucesso da revista é sua qualidade, não sua orientação. Não é uma revista manifesto, é literatura comprometida com a vida.

O projeto era tirar a literatura do impasse entre uma literatura de best-seller, de uma literatura intelectualizada, ou ideologizada.

A idéia da revista era de reafirmar a vida, que não há corte entre a vida e a literatura.

Vídeo sobre o centenário da NRF para comemorar seu jubileu: traça sua história e dá a palavra a seus colaboradores http://migre.me/8hIA

Entrevistas sobre o centenário da NRF na rádio francesa: http://migre.me/8hID

A NRF é um exemplo de um grupo causado.

O fundamento do grupo causado não é o reconhecimento mútuo, mas o affectio societatis, suporte das diferenças na mesma causa (JF).

Quadro sintetizando dois modos de articulação dos grupos: o mutualismo e o affectio societatis http://migre.me/8ktO

A transferência não envolve uma relação dual, mas um ternário: o psicanalista, o psicanalisante e o sujeito suposto saber.

O sujeito suposto saber traz a possibilidade de outra cena – há algo externo que permite um saber. É a aposta no sujeito suposto saber.

O sujeito suposto saber é, para nós, o eixo a partir do qual se articula tudo o que acontece com a transferência (Lacan).

A psicanálise é uma práxs. O conceito dirige o modo de tratar os pacientes. Em movimento inverso, a clínica comanda o conceito.

A transferência é o amor verdadeiro.

O IPLA e a sua relação com a Psicanálise: é uma relação de transferência, não é uma relação de saber.

O IPLA é um grupo causado.

Não quer dizer que no IPLA não haja um saber; mas é um saber que se constrói: o IPLA não é um depósito de saber (como a universidade).

Conclusões

Alguns aspectos que extraímos da NRF fazem parte do funcionamento do IPLA: participam desse grupo porque é isso que querem. Primam pela qualidade, coerência e decisão. Promovem o affectio societatis.

O IPLA não tem um ideal, ideologia, nem uma finalidade constituída, mas tem uma firmeza de direção. Debate com o Direito, Medicina, Genética, Arquitetura, Música, Artes, Educação, etc. Procura acompanhar o desenvolvimento tecnológico, utiliza multi-meios em suas reuniões. Tem site, twitter, vídeos no youtube, etc. Diferentemente de François Sauvagnat, não vê o twitter como ameaça. Entendemos que o twitter pode passar pela transferência, já que é um monólogo articulado, que leva em conta o fracasso da transparência e não tem a vocação de entender. No IPLA desenvolvemos trabalhos sobre a Conversação, Second life, otakus, Orkut, Twitter, suecar. Procuramos sempre introduzir o novo.

A questão é: Como causar a transferência fora do IPLA, uma relação centrífuga, baseada na ética e não na moral?

O exemplo da NRF mostra que é possível que pessoas se juntem a partir de diferenças econômicas, de diferenças sociais. Jorge Forbes, em sua conferência de abertura ao módulo As Transferências, do Corpo de Formação em Psicanálise do IPLA, disse que “A psicanálise acredita no poder do invisível – é o ponto cego da visão que nos guia e não o resultado dela. Não resolvemos nosso mal-estar com nenhum tipo de moral. Dentro daquilo que chamamos de transferência, será possível uma ética, se estabelecermos que exista um ponto comum. Esse ponto comum não significa se comportar da mesma maneira, mas quer dizer, se comportar diferentemente frente à mesma coisa possível. Será que nós suportaremos uma transferência com o real na falência de todas as soluções simbólicas e imaginárias?”

Nós acreditamos que sim. É a nossa aposta.

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