sexta-feira, fevereiro 20, 2009

DÚVIDA



Dúvida - filme de John Patrick Shanley, com Meryl Streep e Seymour Hoffman, realizado em 2008, estreou nos cinemas de São Paulo neste 6 de fevereiro. Os dois atores principais estão maravilhosos. A história se passa em 1964 num colégio religioso do Bronx (New York) - a escola St. Nicholas.
O que me chamou atenção no filme foi como as pessoas lidam com a dúvida.
Como diz Jorge Forbes, as vacas não duvidam; a dúvida é própria do ser humano.
Mas algumas pessoas não suportam a dúvida e precisam de uma certeza, uma verdade que responda a essa dúvida, a qualquer custo.
Geralmente as histéricas não suportam a incerteza, a dúvida. Não conseguem conviver com algo que não tem uma razão, não suportam não saber. E por não suportar algo que não conseguem explicar, fazem muitas vezes um grande estrago. É o caso da irmã Aloysius Beauvier (Meryl Streep), a diretora com mãos de aço que acredita no poder do medo e da disciplina. Munida de uma certeza moralista, mente para provar sua razão, totalmente corroída pela dúvida, para ela insuportável.
Vale a pena conferir. É um bom exercício psicanalítico para o estudo das histércas.
Veja o site oficial do filme: http://www.doubt-themovie.com/

Um comentário:

Anônimo disse...

Teresa,

O que se desenvolve na história não é a questão racial, apenas. Mas como o preconceito servia para velar outros desafios. O abraço do padre quando o garoto foi humilhado e quebrada sua bailarina imantada (uma pontuação lacaniana do padre, distraindo o menino do projeto de ser padre e enfatizando o feminino e o especular) foi genuínamente cristão e aos olhos de todo mundo. Adorei a hesitação dele quando, em conversa com a freira, quis falar do "amor cristão" (talvez pudesse ter traduzido por "caridade") como estando na base da compaixão. Aliás, de algum modo, é disso que trata Freud quando no mito da horda primeva descreve os filhos que formaram uma sociedade gay da qual brotaram os primórdios da ternura e do respeito civilizado pelo próximo, hã?!
E aí temos Ferenczi e sua teoria da ternura adulta...