O mês de agosto começa com luto no cinema.
No mesmo dia 30 de julho morreram dois grandes cineastas, criadores de filmes que marcaram a história do cinema da minha geração.
Ingmar Bergman, sueco, 89 anos.
Michelangelo Antonioni, italiano, 94 anos.
Com Bergman aprendemos o cinema-cabeça, a câmara lenta. Os filmes do Bergman faziam parte da conversa depois do cinema. Quem não viu e discutiu os filmes "Morangos Silvestres" (1957), "O Sétimo Selo" (1957), "Gritos e Sussurros" (1972), "A Flauta Mágica" (1975), "O Ovo da Serpente" (1978) e "Fanny e Alexander" (1982)?
Com Antonioni o cinema arte. Dos seus filmes, destaco "Depois Daquele Beijo" ("Blow-up", 1966), "Zabriskie Point" (1970) e "Profissão: Repórter" (1974). Blow-up é magnífico, um filme inesquecível. Foi seu primeiro filme em inglês e recebeu a indicação para o Oscar de melhor diretor. Mas só recebeu a estatueta dourada em 1995, num prêmio por toda a sua carreira.
Letícia me enviou um texto de Antonioni, falando de seu filme Blow-Up:
Em outros filmes tentei examinar a relação entre uma pessoa e outra, com maior freqüência a sua relação amorrosa, a fragilidade de seus sentimentos, e tudo o mais. Neste filme (Blow Up) nada disso tem importância. Aqui é a relação entre um indivíduo e a realidade - as coisas que estão em seu redor. Não há história de amor na fita, mesmo que vejamos relações entre homens e mulheres. A experiência do protagonista nãoé sentimental nem amorosa; antes uma experiência que se refere à sua relação com o mundo, com as coisas que encontra diante de si. É um fotógrafo. Um dia fotografa duas pessoas no parque. Um elemento da realidade queparece real. E é. Este filme talvez seja como Zen: no momento em que você o explica, você o trai. Ou seja, um filme que pode ser explicado com palavras não é um filme verdadeiro.(Antonioni para a Cahiers du Cinéma)
Então, vamos rever os filmes desse dois gênios. Eles falam por si só.
quarta-feira, agosto 01, 2007
BERGMAN E ANTONIONI
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