FELIZ 2007!!!

Um brinde às parcerias!!!

2007 vai ficar na história.

Sem lenço, sem documento, nada no bolso ou nas mãos.

Eu quero seguir vivendo, amor ...

Por que não? por que não?

SEI LÁ ....A VIDA TEM SEMPRE RAZÃO

É a música escolhida por Letícia para encerrar o ano:

Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída.
Como é, por exemplo, que dá pra entender:
A gente mal nasce, começa a morrer.

Depois da chegada vem sempre a partida,
Porque não há nada sem separação.
Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão.
Sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão.

A gente nem sabe que males se apronta.
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe,
E o sol que desponta tem que anoitecer.

De nada adianta ficar-se de fora.
A hora do sim é o descuido do não.
Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.
Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão.

(Toquinho e Vinícius de Moraes)

RECEITA DE ANO NOVO

Enviada por Licia, amiga de sempre, da turminha de Itapetininga, com quem comemorei a maior parte das passagens de ano, até hoje:

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)

MAITENA - CURVAS PELIGROSAS 2

Vir a Buenos Aires é também se deliciar em suas livrarias. O Ateneu - da Avenida Santa Fé, além de ser a maior livraria da cidade é com certeza a mais bonita. Num prédio de um antigo teatro restaurado, a visão é muito bonita e muito agradável para uma leitura: nos lugares onde seriam as frisas, há poltronas para os leitores, que se esparramam e ficam horas ali. Passar uma tarde lá é um programa e tanto.

Selecionei aqui umas páginas do último livro de Maitena: Curvas Peligrosas 2. Divirtam-se:

PEQUEÑAS GRANDES ENVIDIAS:
- como y no engordo
- bebo y no me emborracho
- duerme toda la noche (el bebe)
- casi no necesito depilarme
- lo compré a 20 y lo vendi a 60
- me toca y me derrito.

COSAS QUE CANSAN
- repetir todo cuatro veces
- viajar
- comer afuera
- dormir poco
- trabajar duro
- estar peleados

COSAS QUE CUESTA HACER JUNTAS
- llorar y comer
- bailar y charlar
- leer y escuchar música
- entrar en calor y reírte

Vendo as figuras então, é para morrer de rir.

FINAL DE AÑO

Ni el pormenor simbólico
de reemplazar un tres por un dos
ni esa metáfora baldía
que convoca un lapso que muere y otro que surge
ni el cumplimiento de un proceso astronómico
aturden y socavan
la altiplanicie de esta noche
y nos obligan a esperar
las doce irreparables campanadas.
La causa verdadera
es la sospecha general y borrosa
del enigma del Tiempo;
es el asombro ante el milagro
de que a despecho de infinitos azares
de que a despecho de que somos
las gotas del río de Heráclito,
perdure algo en nosotros:
inmóvil

Jorge Luis Borges
Fervor de Buenos Aires (1923)

MI BUENOS AIRES QUERIDO

No meio de tangos cantados, dançados, duas recomendações:

La Cabaña - parrilla al estilo argentino

El Bistro - en Hotel Faena - gastronomia sofisticada no cenário bizarro: todo branco rodeado de cabeças de unicórnio.

CAMINITO

Caminito que el tiempo ha borrado,
que juntos un día nos viste pasar,
he venido por última vez,
he venido a contarte mi mal.

Caminito que entonces estabas
bordado de trébol y juncos en flor,
una sombra ya pronto serás,
una sombra lo mismo que yo.

Desde que se fue
triste vivo yo,
caminito amigo,
yo también me voy.

Desde que se fue
nunca más volvió.
Seguiré sus pasos...
Caminito, adiós.

Caminito que todas las tardes
feliz recorría cantando mi amor,
no le digas, si vuelve a pasar,
que mi llanto tu suelo regó.

Caminito cubierto de cardos,
la mano del tiempo tu huella borró...
Yo a tu lado quisiera caer
y que el tiempo nos mate a los dos.

Para ouvir este tango clique no link:
http://www.todotango.com/spanish/biblioteca/letras/letra.asp?idletra=599#

MÃE E FILHA SAEM DE FÉRIAS

Uma semana juntas descobrindo e se descobrindo na cidade de Buenos Aires.

É uma viagem especial: da mãe que tem recordações de caminhos antigos, da filha descobrindo novos caminhos, das duas criando um caminho juntas.

Buenos Aires é um cenário propício.

KIT NATAL

Desde pequena repito um ritual no Natal: compro o CD do Roberto Carlos e passo o dia de Natal escutando o CD. Neste ano, além do CD há o DVD Duetos e o livro Roberto Carlos em Detalhes, que está gerando muita polêmica.

Não tive dúvidas: fui à livraria Cultura e comprei o kit Roberto Carlos e a caixa 4 do Chico Buarque, que acaba de ser lançada. A diversão do Natal já estava garantida.

A ceia foi regada por momentos dos festivais da Record (de 1966- 68) do DVD Festivais, da caixa do Chico, pelo DVD do Roberto Carlos, e pelo show de fim-de-ano de RC na Globo (uma gravação que fiz da apresentação deste ano, na semana passada). Foram momentos deliciosos - tanto os da telinha como os das guloseimas da ceia de Dona Tereza.

Hoje, o DVD Saltimbancos, também da caixa do Chico, foi perfeito para dia da Natal. Se você ainda não assistiu, não perca tempo e assista já. Diversão perfeita para crianças, para os adultos-crianças também.

A música é um bom motivo para unir as pessoas. E assim foi mais um Natal feliz que fizemos em casa.

PEQUENOS PRAZERES

Você já experimentou chegar em casa e cair na piscina, à noite, para dar uma refrescada?

Eu já fiz isso quando estive hospedada em hotéis, em viagens, mas nunca em casa. Esta noite fiz isso e me fez tão bem....

São pequenos prazeres que dão a graça da vida.

Experimente se dar um prazer, assim, sem pensar meia vez.

Me diga se a vida não fica com sabor diferente.....

E uma música pra combinar:
I'm In The Mood For Love

COM QUEM VC GOSTARIA DE PASSAR O REVEILLON?

Essa é a pergunta que a Revista da Folha faz em sua edição deste domingo. Você já pensou nisso?

Se você tivesse que escolher uma única pessoa no mundo para passar o reveillon com você, aquele momento de abraçar, beijar e fazer os votos para 2007 - quem você escolheria?

Muitas vezes se pensa em alguém distante, até um estranho, alguém famoso, um ídolo ....

Eu penso diferente: tem que ser alguém muito especial, alguém com muita sintonia comigo, que deseje com intensidade e una suas energias com as minhas - e aí ninguém segura nosso 2007!

É isso aí.....

O SHOW ANUAL DE ROBERTO CARLOS NA GLOBO

Noite do show anual de Roberto Carlos é uma noite especial.

A tela de plasma se torna o centro da casa, o home theather tem sua função plena - é para esse momento que eles estão aqui.

Roberto fala que esse show é um tributo às parcerias, aos duetos.

De cara, já gostei, porque Parceria é em que eu acredito, é nisso que aposto.

E começa o show:

Quando eu estou aqui, vivendo este momento lindo...
De frente pra você e as emoções se repetindo...
Amigos eu ganhei, saudades eu deixei partindo....
Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi.....

Que prazer ouvir Roberto Carlos no especial de fim de ano!!!

Eu tenho tanto pra te falar, mas com palavras não sei dizer: como é grande o meu amor por você.....
Me desespero a procurar alguma forma de lhe falar como é grande o meu amor por você....
Nunca se esqueça nenhum segundo que eu tenho o amor maior do mundo: como é grande o meu amor por você.....

Os duetos foram deliciosos, a começar com Marisa Monte: Amor I love you (uma música bobinha, mas engraçadinha, dos Tribalistas, que curti muito e foi minha trilha sonora andando pelo Parque Burle Marrx, quando morava no Morumbi):

Deixa eu dizer que te amo, deixa eu pensar em você, isso me ajuda a viver.....

É um dueto de amor: Eu te amo, eu te amo, eu te amo, cantam Marisa e Roberto, da canção antiga de RC.

Com Jorge Ben, a antológica: QUE MARAVILHA!!!
E a gente no meio da chuva, a girar, que maravilha...

Depois uma repassada pelos primeiros sucessos, de letras tão ingênuas da Jovem Guarda:

- Não quero ver você triste
- Eu estou apaixonado por você ( e nem mesmo tenho jeito de falar do meu amor ....)
- Aquele beijo que te dei (nunca, nunca mais esquecerei, naquela noite linda de luar)
- Splish Splash
- Negro Gato ( que RC não cantava mais, em sua fase negra - e hoje cantou divinamente)

Mais duetos:
Funk de RC com MC Leozinho - Se ela dança, eu danço, foi muito legal: lembrei do meu carnaval na Bahia - ela só pensa em beijar, beijar, beijar...; se ela dança eu danço .....

E com os amigos de fé - os irmãos camaradas - Erasmo Carlos e Wanderléa - os parceiros do início, que estiveram meio estremecidos por uns tempos, uma recordação dos velhos tempos.

Com Tom Jobim, um ensaio cantando Lígia, uma das minhas favoritas do Tom.

E depois os sucessos de sempre.

Eu te proponho ......

Salve Roberto Carlos!
Salve os nossos sonhos!
Salve 2006!

AGORA EU ERA O HERÓI ....

Hoje morreu o albino Sivuca, grande músico brasileiro.

De sua obra, a minha preferida é da parceria com Chico Buarque: João e Maria, interpretada por Chico e Nara Leão.

Essa música me traz lembranças de pessoas queridas, de um tempo que passou, que eu ainda fico buscando um sentido ...

... Agora era fatal que o faz-de-conta terminasse assim Pra lá desse quintal era uma noite que não tem mais fim Pois você sumiu no mundo sem me avisar E agora eu era um louco a perguntar O que é que a vida vai fazer de mim? ....

Clique no link e escolha a versão com Nara Leão, na Rádio UOL:

http://musica.busca.uol.com.br/radio/index.php?busca=JOAO+E+MARIA+¶m1=homebusca&check=musica

Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões, os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque e ensaiava o rock para as matinês
Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país
Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião, o seu bicho preferido
Vem, me dê a mão, a gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido
Agora era fatal que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá desse quintal era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?

Confira a discografia de Sivuca:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u67023.shtml

NATURAL

É o novo CD de Lipe Forbes.

Se você curte música eletrônica, tem que ouvir esse álbum: resultado de pesquisas, com solos de guitarra e violão, uma criação singular de Lipe.

Mais que falar do CD, proponho que você ouça trechos das faixas, clicando em :

http://www.soundshop.com.br/produtosdetalhes_faixas.asp?ProdutoID=10643

Boa viagem!!!

FESTA DE FINAL DO ANO DO IPLA

A festa de final de ano do IPLA foi um sucesso!

Também não podia ser diferente, depois de uma jornada intensa e produtiva, que começou na sexta-feira com a conferência de Samuel Basz e continuou no sábado, desde manhã cedo até a noite (com almoço no Bolinha, com direito a caipirinha e tudo). Para fechar com chave de ouro, só dançando:Roda de samba com o conjunto OFICINA DO SAMBA e a animação dos colegas do IPLA e Projeto Análise.

As músicas da festa, que vão ficar na lembrança, podem ser ouvidas clicando em:

Verdade
Deixa a Vida Me Levar

GALERIA DE FOTOS DA FESTA

Viva 2006, o ano das mudanças !!!!

O show tem que continuar !

UM ELOGIO ARGENTINO

O trabalho apresentado na Jornada do Instituto da Psicanálise Lacaniana foi muito elogiado pelos convidados Samuel Basz (Buenos Aires) e Miguel Calmon (Rio) que assistiram as apresentações.

Veja o que disse Samuel Basz, psicanalista da EOL (Escuela de la Orientación Lacaniana - Buenos Ayres):

UM ELOGIO ARGENTINO

Estou no Campo Freudiano desde 1980. Vejo aqui, hoje, uma mudança radical na transmissão da psicanálise. Vocês encontraram um estilo do que é uma resposta, desde a psicanálise, à época da inexistência do Outro.
Não sei se vocês têm consciência do extraordinário que inventaram. É o que Miller chamou de “esforço de poesia”: uma criação, uma invenção. Para isso tem que se ter uma relação muito forte com a causa analítica. O que vocês estão fazendo implica uma relação com a causa que não é pela via da empáfia e do enfatuado.
Vocês não podem reduzir, guardar esta experiência no espaço íntimo. Não se trata, também, de transmitir só para fora, mas para o interior da comunidade analítica; esse modo que não é burocrático, nem universitário.
Acredito que o que vocês encontraram é algo que permite fazer um novo uso da lógica que se deduz da psicanálise. Vocês têm um saber incorporado que é muito difícil de se alcançar e que tem que ser transmitido.
Vocês têm que patentear esta descoberta o mais depressa possível, pois assim vão querer vendê-la, e ela poderá ser usada além desta comunidade.

Samuel Basz, em São Paulo, no sábado, 9 de dezembro de 2006, durante a Jornada do Instituto da Psicanálise Lacaniana.

É um orgulho ouvir elogios como esse e uma recompensa ter esse resultado no final de um ano de muito trabalho.

Valeu a pena!!!!

AS CONTRADIÇÕES DO CORPO

Meu corpo não é meu corpo,
é ilusão de outro ser.
Sabe a arte de esconder-me
e é de tal modo sagaz
que a mim de mim ele oculta

Meu corpo, não meu agente,
meu envelope selado,
meu revólver de assustar,
tornou-se meu carcereiro,
me sabe mais que me sei.

Meu corpo apaga a lembrança
que eu tinha de minha mente,
Inocula-me seus patos,
me ataca, fere e condena
por crimes não cometidos.

O seu ardil mais diabólico
está em fazer-se doente.
Joga-me o peso dos males
que ele tece a cada instante
e me passa em revulsão.

Meu corpo inventou a dor
a fim de torná-la interna,
integrante do meu Id,
ofuscadora da luz
que aí tentava espalhar-se.

Outras vezes se diverte
sem que eu saiba ou que deseje,
e nesse prazer maligno,
que suas células impregna,
do meu mutismo escarnece.

Meu corpo ordena que eu saia
em busca do que não quero,
e me nega, ao se afirmar
como senhor do meu Eu
convertido em cão servil.


Meu prazer mais refinado
não sou eu quem vai senti-lo.
É ele, por mim, rapace,
e dá mastigados restos
à minha fome absoluta.

Se tento dele afastar-me,
por abstração ignorá-lo,
volto a mim, com todo o peso
de sua carne poluída,
seu tédio, seu desconforto.

Quero romper com meu corpo,
quero enfrentá-lo, acusá-lo,
por abolir minha essência,
mas ele sequer me escuta
saio a bailar com meu corpo.


(Carlos Drummond de Andrade: do livro Corpo, Ed Record, 1984)