Os advogados de defesa de Suzane compareceram em grupo no IPLA.
Mauro Nacif encenou uma entrada triunfal, na hora H, 21h cravadas no relógio, com toda a platéia e a mesa debatedora em expectativa. Sustentaram que qualquer pessoa, por mais horrendo que seja seu ato, tem direito à defesa. Faziam parte do grupo Mário Sérgio e Barney, este último o tutor de Suzane, além de outros assistentes.
Jorge Forbes mais uma vez falou que, como psicanalista, não pode julgar Suzane, mas a considera responsável por seu ato. Reafirmou o dito de Lacan: "Você é o seu acontecimento".
Mayana Zatz reafirmou o que disse no debate com o promotor: "Suzane é um monstro e precisa ser isolada; merece prisão perpétua".
Tércio Sampaio Ferraz Jr. deu uma aula de filosofia do Direito. A questão é: Como fazer justiça? Você pode ouvir na íntegra seu discurso, na Rádio Lacaniana. Clique aqui:
http://www.ipla.org.br/radiolacaniana/radiolacaniana.htmlA casa de Flávio de Carvalho, sede do IPLA, estava apinhada de gente. A psicanálise cumpriu seu papel.
Veja a galeria de fotos no site do IPLA: http://www.ipla.org.br/mural/eventos/galeria_crime_sem_castigo.html
A pergunta que fica: E agora?
sexta-feira, julho 07, 2006
A DEFESA NÃO CONVENCEU
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2 comentários:
Teresa.
Realmente, a defesa não convenceu. Mas, deixe-me fazer um comentário sobre seu comentário. OK?
Em primeiro lugar vale dizer que o direito de ter um defensor é uma importante conquista do direito moderno. Já pensou ser acusada de um crime e não ter a assistência da um advogado para infrentar o processo crime? Por essa situação, de ter que se defender de uma acusação, qualquer pessoa pode passar. Por isso qualquer um tem esse direito, até uma pessoa quem cometeu um crime tão bábaro como genocídio. Mesmo porque, até um criminoso como Hitler não agiu sozinho e sem apoio. Ao contrário: dizer que ele era um monstro que seduziu o povo alemão significa desresponsabilizar esse povo quem o manteve no poder.
Mesmo o pior dos assassinos, portanto, merece um defensor. André Malraux escreve em " L´espoir" : " La génerosité est l´honneur des grandes révolutions"... Pensemos nisso, quando pensamos no julgamento de Susanne .
Mas, realmente, o show pirotécnico dos advogados de defesa foi lamentável. Não deram lá uma boa impressão. Mas juri é assim mesmo: espetáculo. Só não sei se eles vão longe com a linha de defesa deles. Susanne não é nenhum monstro e nenhuma santa. Que ela tenha sofrido uma " coação irresistível"... difícil de convencer alguém disso!
Se a defesa entendesse o que é a " passagem ao ato" , ela poderia montar outra linha de defesa. Por exemplo, dizendo que a moça é "normal", tem um comportamento socialmente adequado, tal como milhões de sua geração. Sem limites no gozo de bens, agiu, de repente, fora dessa aparente normalidade, quando lhe proibiram o namoro, impuseram limites. "Passagem ao ato", a moça estava fora de si. Mas, tenho quase certeza que a defesa não vai procurar saber o que leva gente tão "normal", tão abastada, bonita e inteligente a cometer crimes como esse. Nosso código penal obedece à fórmula culpa/inocência. Ao invés de questionar o velho código e propor saidas inusitadas de ressocialização da moça, responsabilizando-a de alguma maneira, preferem potencializar o espetacular no direito penal. Esse direito, do jeito que está posto, é inadequado para resolver os problemas sociais pós-modernos.
Pois é: há muito o que se fazer, tanto no direito, quanto na psicanálise.
Vamos arregaçar as mangas!!
Dorothee,
muito pertinente seu comentário. Concordo com sua análise.
Também acho importante que toda pessoa tenha o direito a defesa assegurado. Salientei isso porque foi o melhor comentário que fizeram sobre a defesa de Suzane. Acho uma babaquice a linha de defesa que adotaram.
Um grande abraço!
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