Escrevo
sem ver. Eu estive aqui. Queria só te dar um beijo na mão e ir embora. E, no
entanto, voltarei sem essa recompensa. Mas será que eu não estaria
absolutamente recompensado, bastando te mostrar o quanto eu te amo. São nove
horas. Eu escrevo que te amo, ao menos eu quero escrever isso para você; mas
não sei se a caneta se presta ao meu desejo. Será que você não vai aparecer
para que ao menos eu possa te dizer isso e depois ir embora rápido. Adeus minha
Sophie, boa noite. Teu coração não está te dizendo que eu estou aqui. Taí, a
primeira vez que escrevo nesta escuridão total. Esta situação deveria me
inspirar muitas coisas ternas. Eu só sinto uma, é que eu não quero ir embora. A
esperança de te ver um instante me retém, e eu continuo falando com você sem
saber se estou escrevendo. Em todos os lugares onde não houver nada, leia eu te
amo.
sábado, outubro 10, 2020
Uma carta de amor
Hoje, preparando uma aula de psicanálise para o IPLA e relendo outros trabalhos, encontrei um resumo que fiz de uma conferência de Jorge Forbes em que ele finaliza com a leitura (tradução espontânea do francês) de uma belíssima carta de Denis Diderot à
sua amada Sophie Volland. Acho que é a carta que tem
o final mais lindo que já vi:
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