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A música que toca no rádio-relógio é I Got You Babe - com SONNY & CHER
A música que toca no rádio-relógio é I Got You Babe - com SONNY & CHER
por Jorge Forbes:
Foi no momento da esperança que Michael Jackson morreu: foi quando o mundo inteiro esperava seu retorno na velha Londres. Ele quebrou as tradicionais bancas de apostas que se dividiam entre o sucesso estrondoso ou o aplauso de consolação; nem um nem outro, a cada qual agora de decidir, em seu próprio sonho, como foi o último show.
Não perguntem a um psicanalista sobre as doenças psíquicas do menino de Ben. Primeiro porque não se diagnostica à distância, segundo, e mais importante, porque a genialidade de Michael Jackson não cabe em nenhum enquadramento psicopatológico. Michael Jackson não foi o maravilhoso artista porque sofria, mas por ter sabido em sua arte ser maior que o sofrimento que deixava transparecer e que lhe causou tantos problemas. Seria muito reducionista pedir o aval freudiano à historinha pronta a ser acreditada: filho caçula de um pai tirânico, tendo sua infância roubada por uma imposição de trabalho e sucesso, o moço não teria outra opção na vida adulta se não recuperar, em parques de diversões fora de data e em compras compulsivas, a alegria infantil um dia proibida. Por favor, não! Essa história pode explicar muita gente, mas não faz um Michael Jackson.
Nenhum diagnóstico que colemos a Michael Jackson explicará a química de alguém que fez o mundo andar na Lua. Suportemos o silêncio de sua morte e de seu sofrimento. Sua música e seus gestos é o que ele nos deixa eternamente.
Ben - Michael Jackson
BALANGANDÃSAcaba de chegar às lojas o CD de Ná Ozzetti - BALAGANDÃS - um tributo à Carmem Miranda.
As músicas são deliciosas - você pode ter uma idéia ao clicar no link do título do CD - escutando um pedacinho de cada faixa.
1. Imperador do Samba
2. Camisa Listada
3. Tic Tac do meu Coração
4. Disseram que Eu Voltei Americanizada
5. Touradas em Madri
6. E o Mundo Não se Acabou
7. Ao Voltar do Samba
8. Na Batucada da Vida
9. Diz que Tem
10. A Preta do Acarajé
11. Recenseamento
12. O Samba e o Tango
13. Tico-Tico no Fubá
14. Chattanooga Choo-Choo
15. Adeus BatucadaA minha preferida é CAMISA LISTADA, de Assis Valente - a primeira a ser ouvida no link do CD. Não encontrei um vídeo dessa música no YouTube, mas encontrei outras que deixo aqui para você curtir.
TICO-TICO NO FUBÁ
O livro da correspondência entre Freud e sua filha Anna é um dos livros que tenho curtido ultimamente.
Publicado no Brasil em 2008 pela L&PM Editores, tem 511 páginas com cerca de 300 cartas trocadas entre pai e filha durante 34 anos (entre 1904 e 1938).
Traz algumas cartas impressas com a letra do próprio Freud (há até umas com caligrafia gótica), muitas notas de rodapé e anexos. Entrelaçando as informações e comentários - muitos do biógrafo de Freud, Ernest Jones - com as cartas, a história de cada um vai se tecendo.
A correspondência entre pai e filha é sempre algo interessante, e, em se tratando de Sigmund Freud, é ainda mais. Anna era a filha mais próxima ao pai e a única a segui-lo na psicanálise - aos 23 nos iniciou com ele uma análise.
Freud era um pai ciumento e possessivo como muitos pais. Chegou a interferir nas relações amorosas da filha, chegando a impedi-la de casar com Ernest Jones, um de seus pretendentes. Pai é pai, mesmo que seja Freud !
Aproveite esse feriado chuvoso e curta essa leitura. Vale a pena.
Nesta noite de sábado, 6 de junho, às 23h, William Waack entrevistou Jorge Forbes - psicanalista; Cel. Jorge Barros - oficial de reserva da FAB e especialista em segurança de vôo; Ivan Sant'Anna - piloto e escritor sobre acidentes aéreos, no Painel da Globo News (canal 40). O programa será reprisado neste domingo, às 20h05.
A idéia era falar sobre a nossa relação com a tecnologia e sobre o medo de viajar de avião depois de um desastre como o do airbus da Air France. Como isso afeta a aviação e o público que viaja de avião?
Jorge Forbes subverteu a ordem do programa! Ficou no papel do analista que descompleta e surpreende.
Os outros três (os dois entrevistados, mais William Waack) eram apaixonados por avião - um deles se declarou amante, pesquisador dos acidentes aéreos e suas peculiaridades; o outro, era ligado na tecnologia, na explicação e na previsibilidade; e, o entrevistador, queria finalizar o programa com uma explicação tranquilizadora para ele e para seus telespectadores.
Forbes disse que eram três apaixonados falando da sua dor de cotovelo, e ele, o analista, parecia o único técnico ali presente. Eles ficavam analisando para ver onde estava o erro, como o apaixonado que perde sua paixão e vai para o bar ouvir música para nela encontrar a explicação para sua dor.
Selecionei algumas frases de JF:
Não há experiência mais bonita que ver o exercício da paixão.
Por que andar de avião causa um furor maior que outros meios?
Andar de avião dá a sensação de um momento em que você está completamente na mão do outro; um momento em que você pode viver a felicidade como um acaso.
Viajar de avião tem algo de mágico - existe uma confiança de que você foi convidado para uma festa legal e quando o avião cai, o teto cai sobre sua cabeça.
A gente tem que confiar na tecnologia, mas esse acidente nos mostra que a tecnologia nunca nos dará uma segurança total.
Nem no avião dá para andar no piloto automático.
Há sempre um risco. Não dá para pensar que tudo é previsível. Se a gente tirar a previsibilidade, fica difícil, é transformar tudo numa confiança absoluta.
Na opinião do especialista em segurança, houve imprudência - um excesso de confiança na rotina subestimando a natureza, o imprevisto. O piloto escritor apaixonado por desastres de avião acha que há um mistério, pode haver situações que não possam ser explicadas - no que foi contrariado pelo oficial da FAB: Há sempre uma explicação; a saga humana é desafiar o desconhecido.
Jorge Forbes retruca: _ Não gosto desse tipo de análise baseado na explicação dos detalhes como se tudo pudesse ser previsível. Já estou convencido de antemão que nem tudo é previsível.
Jorge Barros pergunta, quase indignado, a JF: _ Se o mundo é cercado de coisas imprevistas e a qualquer momento uma dessas pode acabar com nossa existência, então viver sob esse medo não é insuportável?
Resposta de Jorge Forbes: _ Acho que não há outra maneira de viver que não seja sob risco. A vida é, realmente, um contrato de risco. O contrário seria viver numa sociedade de controle. Sempre haverá o reaparecimento de um não saber. Nós sempre precisaremos descobrir, mas não acredito que um dia saberemos tudo.
Forbes assim finalizou sua participação no programa: _ Do ponto de vista objetivo, todos sabem que andar de avião é mais seguro, mas houve um rebaixamento no sonho.
JF chamou a atenção para o fato de que os humanos precisam enterrar os seus mortos: Quando isso não acontece há uma continuidade dolorosa, que é penosa.Gostei do programa, especialmente da participação de Jorge Forbes. É uma mostra de como um analista se coloca frente às adversidades, frente às surpresas - sempre deslocando, surpreendendo, questionando, desacomodando.
Um exemplo da presença do analista na Globalização!
Foi uma bela tarde de domingo: musical, reflexiva e que nos tocou a todos.
Selecionei alguns pensamentos de Tatit:
A canção é uma relação entre letra e melodia.
A canção sempre foi identificada com um refrão. Uma regra foi criada, a partir de 1930: para uma composição ser completa é necessário haver uma segunda parte, além do refrão. Noel Rosa, que viveu apenas 27 anos, teve cerca de 300 composições, por esse motivo – sempre que alguém chegava numa rádio com um refrão, ele construía a segunda parte, deixando então a música completa.
Os cancionistas não são músicos e os letristas não são poetas.
Não se deve julgar uma canção por critérios poéticos ou musicais, o que vale é a relação melodia – letra. O fato de uma canção cair no domínio público não tem nada a ver com a qualidade da canção, é questão de divulgação.
A Canção Passional explora a espera e a surpresa. No fundo, o que está em jogo é a separação espacial aliada à conjunção temporal. O vínculo temporal é o que fica – isso é o que as canções traduzem muito bem – pois as canções sempre transcorrem no tempo. Há uma conjunção com o tempo e uma disjunção com o espaço. O tempo é muito bem expresso nas canções e também na música erudita.
Citou logo no início a canção DIA DE DOMINGO, de Sullivan e Massadas, que ,em sua simplicidade, é uma boa relação entre letra e música. Como exemplo de Canção Passional, citou TRAVESSIA, de Milton Nascimento. Publico aqui os vídeos com essas duas canções:
DIA DE DOMINGO - TIM MAIA
Letícia me enviou um vídeo de TRAVESSIA com BJORK
Veja a galeria de fotos dessa bela tarde de domingo no IPLA!
E ao final, fizemos uma festa para comeorar o aniversário de Elza, com grande estilo!
Leny, Maria Cecília e Dorothée cantaram para Elza e Lino não ficou atrás, também cantando e dançando com a aniversariante. Lígia entrou na onde e também cantou para avovó.Uma linda festa!
Se é que é possível dizê-lo, valho-me de um decálogo provocativo de Jorge Forbes.
Ser Analista:
1. É valer mais quando não se é que quando se é.
2. É emprestar palavra, corpo e ser para ser feito do que se quiser.
3. É amar incondicionalmente, sem qualquer reciprocidade, na paixão da ignorância.
4. É chegar sem ser avisado, no lugar da surpresa ou da assombração.
5. É passar por esquisito, mal educado, chato, sem poder justificar.
6. É, trabalhando o bem, vir a ter horror do seu ato.
7. É poder ser paciente no lugar do Outro.
8. É não governar, nem educar.
9. É saber o que faz, quando não sabe o que diz.
10. É ter saudade sem reivindicar, quando se chega ao fim.(extraído de um artigo de Jorge Forbes: Ser Analista)