segunda-feira, julho 28, 2014

MILLOR - HOMENAGEADO DA FLIP 2014


O humor de Millor, homengeado da 12ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty, em frases:



O que é mais difícil - aceitar o mais forte, suportar o mais rico ou admitir o mais bonito?

A alma enruga antes da pele.

Nada essencial pode ser ensinado. Mas tudo tem que ser aprendido.

Tristezas não pagam dívidas. Nem bravatas, por falar nisso.

Quem se apaixonou por uma fera corre o risco de morrer de amor.

O pior do espírito esportivo é que a gente só pode demonstrá-lo na derrota.

Idade da razão é quando a gente faz as maiores besteiras sem ficar preocupado.

Desconfio sempre de todo idealista que lucra com seu ideal.

Existe no mundo algo mais assustador do que pessoas assustadas?

Pra fazer uma boa teoria é preciso muita prática.

A verdade não é só mais incrível que a ficção como é muito mais difícil de inventar.

A verdade é aquilo que sobra depois que você esgotou as mentiras.

A vida é incurável.

Biquíni é essa coisa que começa de repente e acaba subitamente.


Inúmeros artistas contemporâneos não são artistas e, olhando bem, nem são contemporâneos.

Se é gostoso faz logo, amanhã pode ser ilegal.

Uma coisa, pelo menos, é positiva: a violência no mundo inteiro aumentou consideravelmente nosso conhecimento de Geografia.

quarta-feira, julho 16, 2014

PAULO MENDES DA ROCHA - TECNICA E IMAGINAZIONE

 Visitar essa exposição foi um dos motivos que me trouxe a Milão neste julho.


A Trienale di Milano apresenta de 6 de maio a 31 de agosto, a exposição TECNICA E IMAGINAZIONE do arquiteto PAULO MENDES DA ROCHA - PritzkerPrize 2006 de arquitetura.

Apresenta através das obras, de vídeos e de escritos, o pensamento de Paulo Mendes da Rocha.
Sobre a arquitetura:
Não ser exatamente tecnicista, não ser apenas uma solução física, mas colocar as reflexões para adiante, como algo que não cessa. A vida não cessa. a graça da arquitetura é que ela é uma providência para organizar espaços.

Arquitetura é algo que você pode fazer e não o que você deve fazer.

Sobre a cidade:
Estamos no mundo para ocupar os espaços, de modo transgressor, se possível.

A cidade é uma sedução espacial. Quando se chega a uma cidade, sempre se pergunta: aonde vamos? Uma visão de labirinto - a imaginação tem que estar presente numa cidade.
Numa cidade tudo pode ser transformado.


Seguem os trabalhos apresentados com os comentários do arquiteto criador:

Clube Paulistano - na Rua Augusta, um teatro sui gêneris

Casa do Butantã - a casa pode ser um divertimento

Casa Gerassi - fantasia, uma indignação frutífera


Outros trabalhos que podem ser vistos na exposição:

. MUBE - Museu Brasileiro da Escultura - em São Paulo

. Picanoteca do Estado - em São Paulo

. Intervenção na Praça Patriarca - em São Paulo

. Centro Cultural FIESP

. Museu Nacional dos coches - em Lisboa, Portugal

. Centro de Arte Vitória - em Vitória, Espírito Santo

. Estádio Municipal de Serra Dourada

. Pavilhão do Brasil na EXPO 70 - em Osaka, Japão

. Projeto do consurso do Centro georges Pompidou - em Paris, França

. Museu de Arte Contemporânea - USP

Os vídeos com entrevistas levam o visitante para uma viagem ao mundo da arquitetura de Paulo Mendes da Rocha. A exposição toda é uma viagem que nos deixa com uma nova visão do mundo e da vida.


Salve Paulo Mendes da Rocha - grande arquiteto brasileiro!

domingo, julho 13, 2014

A FESTA DA COPA DO MUNDO 2014

Os jogadores de futebol do Brasil não ganharam a Copa, mas o povo brasileiro fez a festa desta mundial.
Os vídeos selecionados mostram como os estrangeiros gostaram da temporada brasileira. A festa rolou!


Dutch band FACTOR 12 and Brazilian Military Police Band playing together Aquarela do Brasil

Vídeo da  Federação Alemã de Futebol ao som de Margareth Menezes (A Luz de Tieta)

 Orquestra da Banda São João - Copa 2014 - "Tropa Francesa"

 Fan Fest em Fortaleza: turistas avaliam a festa brasileira

Turistas estrangeiros só falam bem de BH e já querem voltar


world cup brasil 2014 fans hinchada barra

sábado, julho 12, 2014

KLIMT - MILANO - PALAZZO REALE

Klimt. Alle origini di un mito

Da mercoledì 12 marzo al 13 luglio venti tele a olio sono in mostra a Palazzo Reale
Cheguei a tempo de ver a exposição de Gustav Klimt em Milão - uma mostra que passou por toda a sua história, sua relação com a família, com seu pai e seus irmãos também artistas, com a mulher da sua vida - Emilie Flöge - com quem nunca chegou a se casar. Esse artista, que morreu aos 56 anos, que revolucionou sua época e fez trabalhos ligados à medicina eà filosofia. Nasceu em 1862 em Baumgarten, perto de Viena e morreu em 1918.
Dentre as obras apresentadas estavam grandes trabalhos como Adão e Eva, Salomé, O Abraço, Girassol e Água em movimento. Senti falta do BEIJO, mas foi tão interessante, bem organizada e co trabalhos tão importantes, que não chegou a ser uma falha.
Uma das coisas boas de Milano - sempre tem exposições de grandes artistas. Um bom lugar para estar e desfrutar.
Salve !

sexta-feira, julho 11, 2014

JEITINHO BRASILEIRO DE AMAR

Haveria um jeitinho brasileiro de amar? O que diferencia o brasileiro de outros povos, nesse quesito?

“Na onda de apresentar o Brasil ao mundo, os brasileiros voltam-se sobre si mesmos e se perguntam com que roupa vão aparecer no baile das nações, inclusive no amor” – diz Jorge Forbes, na abertura do seu texto.

Jeitinho brasileiro de amar

Mesmo no silêncio do primeiro encontro, os brasileiros dançam –  com o olhar, o aceno, a cruzada de perna, o andar, o meneio.


Jorge Forbes


Haveria um jeito brasileiro de amar?
Na onda de se apresentar o Brasil ao mundo, os brasileiros voltam-se sobre si mesmos e se perguntam com que roupa vão aparecer no baile das nações, inclusive no amor.
Não precisamos nos aprofundar muito, para perceber que cada povo ama de certo jeito peculiar. É o que nos permite brincar, em caricatura, que o amor francês é cheio de biquinhos e não me toques; que o alemão ama na dureza; que o americano até no carinho usa a régua do custo-benefício; que o argentino, especialmente o macho, abre e exibe todas as penas do pavão; que o italiano fala mais que confirma; que o inglês ama em hora marcada etc. E o brasileiro?
Sim, podemos falar de um jeito brasileiro de amar. A principal característica é a ginga, a flexibilidade, como de resto em tudo. O brasileiro não se leva muito a sério em declarações pomposas. Nem se preocupa em sustentar um pedido de casamento na realidade prática. Primeiro o brasileiro declara e assina o sonho, depois corre atrás de sua realização. Outros povos preferem adequar os sonhos aos fatos, coisa chatíssima nessas terras. O brasileiro não se prende a uma forma convencional de expressão amorosa. Por aqui, diz o poeta Milton Nascimento, todas as formas de amor valem à pena. Outo poeta, Vinícius de Moraes, destaca o desmedido do amor na terra onde tudo dá, na infinitude do sentimento enquanto dure.
A sensualidade brasileira está à flor da pele. Dizem os sociólogos que nos estudam, como Domenico de Masi, que isso é herança da escravidão. Os negros escravos tinham como seu único bem o seu corpo. Deles e dos índios teríamos herdado a cultura do cuidado com o corpo que acaba se refletindo na proeminência da nossa cirurgia plástica e da dermatologia, e nos espetáculos esculturais de nossas praias. Mesmo no silêncio do primeiro encontro os brasileiros dançam. Com o olhar, o aceno, a cruzada de perna, o andar, o meneio.
E se você, nesse momento, está sorrindo ao se reconhecer nessas características, querendo delas saber mais, e está com vontade de acrescentar detalhes de sua forma de amar, é porque você é brasileiro e sabe que estamos agora privilegiados em uma pós-modernidade que valoriza o que já intuitivamente sabíamos: que nenhuma explicação de amor é em si suficiente. Que o amor pede sempre um complemento, um jeitinho especial dos amantes. Se não, ora, se não for assim, não tem jeito.   


Jorge Forbes é psicanalista. Artigo publicado na revista IstoÉ Gente, junho de 2014. 

QUERERES



 
saudades da Cássia Eller - adorei esse CD/DVD quando foi lançado:
 

sábado, julho 05, 2014

BRUTA FLOR DO QUERER

Letícia Genesini escreveu um artigo para a newsletter do IPLA: Bruta flor do querer
Os homens do século XXI querem Amélias ou mulheres independentes? O assunto bombou na internet nesta semana. A questão do amor, diz Letícia , não se coloca nesses termos.

Leia o artigo:

No último dia 18 o site do Estadão publicou o artigo de sua blogueira Ruth Manus intitulado “A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo o que o homem NÃO quer” (sic). Imediatamente seguido de uma longa série de elogios e críticas, o polêmico post aponta uma suposta dissonância de uma geração em que as mulheres foram criadas “para ganhar o mundo”, enquanto os homens dessa mesma geração ainda querem Amélias.

Ela abre o artigo enumerando uma série de atributos da mulher moderna que, como ela segue dizendo, seria exatamente aquilo que um homem não quer.  “
Às vezes me flagro imaginando um homem hipotético que descreva assim a mulher dos seus sonhos: ‘Ela tem que trabalhar e estudar muito, ter uma caixa de e-mails sempre lotada. Os pés devem ter calos e bolhas porque ela anda muito com sapatos de salto, pra lá e pra cá. Ela deve ser independente e fazer o que ela bem entende com o próprio salário: comprar uma bolsa cara, doar para um projeto social, fazer uma viagem sozinha pelo leste europeu. Precisa dirigir bem e entender de imposto de renda. Cozinhar? Não precisa! Tem um certo charme em errar até no arroz. Não precisa ser sarada, porque não dá tempo de fazer tudo o que ela faz e malhar. Mas acima de tudo: ela tem que ser segura de si e não querer depender de mim, nem de ninguém.’ Pois é. Ainda não ouvi esse discurso de nenhum homem. Nem mesmo parte dele. Vai ver que é por isso que estou solteira aqui, na luta.”

Muitos artigos e alguns deboches vieram em resposta a este desabafo velado de crítica, e entre defesas e acusações calorosas, a repercussão foi mais dissonante do que a questão em si. Como bem haveria de ser, pois para além da crítica social, está aí um problema muito mais insolúvel, o amor.

A problemática maior não está na dissonância em si, mas em acreditar que o encontro do amor se dá por acharmos no mundo exatamente aquilo que procuramos. Ou mesmo que o amor é uma resposta que conquistamos por merecimento diante de todas nossas infinitas qualidades que finalmente foram reconhecidas por alguém. Mas amor não é algo que se mereça – pode-se enumerar a mais extensa bula de qualidades e dotes, e a dissonância, sinto lhe dizer, vai persistir.

Isto porque, como dizia Lacan, “Amar é dar o que não se tem a alguém que não o quer”. Falando cinco línguas ou cozinhando uma jantar de cinco pratos, o encontro não é feito com o que temos de mão cheia – este já nos basta – mas sim o que estamos em falta. Não somos amados por aquilo que somos, mas pela falta que reconhecemos em nós mesmos, e que inconveniente colocamos no outro.

Nem Frida Khalo, nem Amélia. Ninguém é a mulher que o homem quer. Não há como encontrar “a mais justa adequação”, pois como diz Caetano, “a vida é real e de viés”. O ser amado não é a realização da nossa fantasia, é nossa pedra no sapato, o incômodo que nos tira do eixo e nos desestabiliza, nos impulsionando para frente – ainda bem. 

Letícia Genesini é escritora, designer e corredora aficcionada. Publicou os livros de poesia "umponto" e "entre" pela editora 7letras. Siga-a no Instagram: @fit_let