terça-feira, abril 30, 2013

SAUDADES DE PAULO VANZOLINI

Lembro aqui da pré-estréia do documentário UM HOMEM DE MORAL, em abril de 2009.

Vale trazer aqui aquela postagem:


Essa série da TV Cultura com depoimentos dele e de outros artistas retrata bem quem foi Vanzolini:


segunda-feira, abril 29, 2013

LEMBRANDO PAULO VANZOLINI

Tive o privilégio de conhecer pessoalmente o grande Paulo Vanzolini.
Visitá-lo no Museu de Zoologia da USP onde ele mostrava curiosidades sobre os répteis e falava das suas pesquisas, ouvi-lo contar casos da forma deliciosa que lhe era própria - alguns que depois viraram canções- , ouvir suas músicas, cantar seus sambas. São lembranças caras que trago comigo.

Fiquei muito triste, quando soube hoje, logo que acordei, que Vanzolini tinha morrido. Desde então estou cantarolando as músicas que gosto e as recordações que elas me trazem.

Aqui, trecho de uma entrevista dele, de 2010:


 

Algumas das minhas canções favoritas:

sábado, abril 27, 2013

ENTREVISTA COM NELSON SCRENCI


Entrevistei o artista plástico Nelson Strenci para a newsletter do IPLA - O Mundo visto pela Psicanálise. 


Eis aqui o texto completo:


Entrevista com Nelson Screnci para IPLA – O MUNDO VISTO PELA PSICANÁLISE

TG - O que faz sua cabeça? O divã?

NS - O divã só faz a minha cabeça se à sua frente houver uma pintura. Qualquer uma, de qualquer qualidade e fatura. Só então sou capaz de “viajar” e “analisar” cada detalhe da imagem e pensar como poderia refazer tudo aquilo se me fosse dada tal oportunidade.
Por outro lado, o divã me fascina.  A sua presença em qualquer ambiente sugere um lugar de repouso, reflexão e, por que não, reencontro. Acredito que se não me ocupasse da pintura, seria um assíduo frequentador de divãs... Indo mais longe, chego a pensar que o trabalho de criação e todos os passos que o envolvem me salvaram da monotonia da realidade. Não vejo sentindo nenhum numa vida sem arte.

TG – E a arte?

NS - A arte pode estar na mente, no  quadro, e até no divã. Mas para mim, é o que faz o ser humano sonhar  e o transporta para novas possibilidades de viver com mais prazer. Só a arte é capaz de tornar a vida menos árdua. E isto serve para qualquer pessoa, independentemente de sua origem, formação ou cultura. É claro que a sua fruição torna-se mais profunda ou sofisticada na mesma medida em que são ampliadas as referências e o conhecimento de suas modalidades.
3– Metamorfoses – por que? Seria uma repetição que leva à invenção?
As transformações surgem a partir do que se apresenta igual. A invenção seria o grau de alterações sofridas durante o processo de mutação de um modelo único. Só a arte pode materializar o que a imaginação duplica. Na realidade, sabe-se que não existem duas coisas exatamente iguais na natureza. Portanto, mesmo no que parece idêntico, há sempre uma partícula que, por mais ínfima que seja, é sempre um indicador de diferenciação. As metamorfoses representadas por desenhos induzem necessariamente o pensamento às comparações e analogias. Utilizá-las como elementos compositivos é propor a articulação desse jogo em função do aparecimento de novos significados para imagens já conhecidas.

TG – Fale do seu livro –  “Decálogo de um Pintor” – de 2010.

NS - O “Decálogo de um Pintor” surgiu da necessidade de fazer uma reflexão sobre um longo período de trabalho. É o resumo de uma atividade que exerço há mais de 30 anos de forma contínua, porém nem sempre linear. O texto comenta algumas passagens biográficas que remetem às obras produzidas e tem o objetivo de orientar e estimular os jovens artistas e professores de artes visuais.

TG –  Você é Artista Plástico, Professor de Artes Visuais e de História da Arte. Como você se define?

NS - Eu me defino como Artista Plástico, ou melhor, como simplesmente um “Pintor”. As atividades de Professor de Artes Visuais e História da Arte estão intrinsecamente ligadas ao exercício da pintura e lhe são, de certa forma,  complementares. Portanto, a obra é o ponto de convergência de todas as outras ocupações que exerci ou venha a exercer.

TG – Do que você gosta mais?

NS - A minha linguagem preferida é a da pintura. Gosto muito também do desenho. E aprecio também as outras modalidades, como a escultura, fotografia, a música e o cinema. O cinema, sem dúvida, é a grande arte do Século XX, pois reúne todas as outras em um só corpo expressivo.

TG – O que você espera com sua arte? Que consequência?

NS - Eu espero provocar nas pessoas o aparecimento dos seus melhores sonhos.

TG – Algum contato com a psicanálise? Como você vê a relação psicanálise e arte?

NS - As relações que existem entre arte e psicanálise são as mesmas que poderiam existir entre ciência e arte. Ambas tratam da subjetividade do ser humano, com propósitos, métodos e enfoque muito diferentes. Eu não me arriscaria a falar mais sobre um assunto complexo como a psicanálise, sobre o qual possuo apenas noções rudimentares. Mas admiro sua ação de tentar salvar pessoas retirando-as dos mundos infernais de sofrimento a que estamos, todos, de uma forma ou de outra,  sujeitos.

TG – Como é, em termos de sua arte, viver entre a montanha, São Bento do Sapucaí e a metrópole, São Paulo?

NS - É meio mágico. Eu vejo o interior como um ambiente de fantasia. Um mundo que admirava à distância por sua misteriosa proximidade com a  natureza. As montanhas da Serra da Mantiqueira que cercam a pequena São Bento são de uma beleza exuberante! As paisagens são inspiradoras para qualquer artista que se proponha a contemplá-las. Por outro lado, o provincianismo dos habitantes também é grande. Sinto saudades de São Paulo por sua riqueza de opções culturais, infelizmente muito desvalorizadas e depreciadas em cidades muito pequenas. As “pracinhas” com cinema ou teatro já fazem parte de um passado que não conheci, pois nasci na mesma década da televisão no Brasil. Resta  tentar imaginar o que teria sido em outros tempos. E é também função da arte suprir com a imaginação e poesia certas lacunas de memória.

TG - O mundo está mais acelerado. Qual é a forma da arte em um mundo que anda a passos tão rápidos? Ela consegue responder em tempo aos anseios humanos e sociais?

NS - O mundo é acelerado nos grandes centros. Aqui, entre as montanhas, tudo é muito mais lento. Inclusive há tempo para demoradas leituras. Pena que não há museus de arte. Mas a internet vem suprindo essa carência, quando se tem preparação e interesse para acessá-la.
A arte pode assumir diversas formas, mas não evolui como a ciência, progressivamente. Isto porque a arte, além da manifestação de ideias, trata dos sentimentos e emoções humanas  que, ao que tudo indica, mudaram muito pouco desde a pré-história...Não se mede a evolução da arte por meio de progressos tecnológicos. Os meios de expressão podem estar cada vez mais sofisticados, mas continuam servindo essencialmente para a mesma finalidade ancestral de representar a subjetividade humana em toda sua rica complexidade.

TG - A linguagem pop e influenciada pela cultura de massa é uma referência do seu trabalho. Como essas características dialogam com a singularidade, o individual, o artesanal (tão indispensáveis na psicanálise)?

NS - Em todos os meus trabalhos a referência à linguagem pop é extremamente crítica. Trata-se de uma admiração por uma visualidade que se tornou nova utilizando-se de meios antigos, mas que não nasceu como um elogio à cultura de massa. Pelo contrário, é uma proposta para reflexão sobre o lado mais nocivo e mecanicista de uma nova maneira de viver proposta em meados do século passado, voltada essencialmente ao consumismo e à vulgarização dos bens culturais.

TG - A arte é terapêutica? É mais terapêutica para o artista ou para quem frui dela?

NS - A arte é terapêutica quando utilizada como tal. A arte-terapia já é uma disciplina independente da criação artística em si. Sua finalidade determina os meios a serem empregados, e não o contrário. A prática artística mais autêntica só se consuma plenamente quando a experimentação leva a resultados surpreendentes.
Não acredito que o simples fruir de uma obra artística seja por si só uma terapia. Pode ser complementar. Mas a arte não possui uma finalidade única. As razões de sua existência fogem até de quem a pratica e, principalmente, de quem se propõe a refletir sobre elas e encontrar uma resposta única.



--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Decálogo de um Pintor (por Nelson Screnci)

1. Não existem regras para iniciar uma pintura. Existe, sim, um repertório.
2. A pintura é um grande exercício de autoaprendizagem e de abnegação.
3. Quem diz que sabe pintar bem já começou a desaprender.
4. Pintar é sempre um privilégio, e quase sempre uma felicidade, uma alegria!
5. A melhor pintura é sempre a que se está fazendo no momento.
6. Pintar é transformar materiais e pessoas em novos materiais e pessoas.
7. Mais difícil do que começar a pintar é decidir quando a obra termina.
8. Sem disciplina não existe trabalho. Sem trabalho não existe arte.
9. Pintar pensando em ser avançado já é um sinal de estar no passado.
10. Para o artista, a arte termina onde começa o mero exercício da vaidade.




segunda-feira, abril 22, 2013

O DEDO DE SILICONE

 Quando acham que agora podem saber tudo de você, porque te espiam, te filmam, te gravam e te devassam, o máximo que conseguirão será um... dedo de silicone!

 
Veja porquê, no artigo de Jorge Forbes, para a revista IstoÉ Gente.

Parece um artigo pornográfico, quando damos como título: “O dedo de silicone”. Fantasias explodem nas cabeças ávidas por demonstrarem sua esperteza na matéria sexual. E, no entanto, não é nada erótico esse dedo; ele só faz alusão à mais recente traquinagem descoberta nas hostes das safadezas contra a cidadania. Não é que foi pega uma autoescola em São Paulo que para evitar o penoso esforço, a seus honestos clientes, de terem de comparecer às aulas preparatórias ao exame de motorista, com presença controlada biometricamente pela impressão digital, resolveu tecnicamente a questão, burlando o controle com dedos de silicone cuidadosamente confeccionados para esse fim? Os dedos foram achados muito bem catalogados, todos com a devida identidade do proprietário, para que não houvesse falso reconhecimento, é claro. A cada um o seu dedo!
Esse acontecimento tragicômico lança luz reflexiva sobre uma questão bem atual: o controle dos corpos. Numa evolução estonteante, fomos daquela maquininha chamada de babá eletrônica, simples engenhoca que colocávamos nos berços das crianças para sermos avisados de seu choro, até sofisticados sistemas de áudio e vídeo, usados em múltiplas faixas etárias: o bebê, o escolar, o velho. Quem vai impedir pais ou filhos preocupados com pajens desconhecidas de vigiarem seus movimentos, ao saírem e deixarem seus filhos, ou seus pais, com esses potenciais agentes da maldade? Muito difícil. Foi-se o tempo em que por mais que a curiosidade matasse, jamais, mas jamais mesmo, uma pessoa abriria uma carta ou uma gaveta de alguém. Hoje, em nome da insegurança social, e facilitado pelo avanço tecnológico, vai-se muito além da gaveta, na proliferação preocupante de câmeras e microfones escondidos. Ainda se respeita certos ambientes, o banheiro, por exemplo, mas é questão de tempo para que essa onda avance também nessa praia.
A biometria já foi muito combatida no meio acadêmico-intelectual pela sua característica invasiva e controladora dos humanos. Giorgio Agamben, por exemplo, filósofo italiano da melhor cepa, renunciou a uma série de conferências convidadas nos Estados Unidos, a partir do dia em que esses começaram a exigir a impressão digital na entrada daquele país. O fato é que a progressão do reconhecimento digital de nossos corpos é inevitável. Resta saber, apesar disso, se o pesadelo do controle total é exequível. A resposta é não. A cada avanço das bugigangas de vigiar o outro, pensando que nada escapa às máquinas, surgem novas escaramuças.
Ora, ou proibimos câmaras e microfones, o que não parece nada realístico, pois o avanço da tecnologia é inexorável, ou nos damos conta que não somos aquilo que o outro nos vigia e capta. Tudo o que de nós pode ser copiado ou representado, é uma imagem, é uma ficção, mas não é real. A melhor maneira de se defender em uma sociedade da fofoca generalizada, como esta em que vivemos, é não dar consistência ao olhar do outro. Os artistas sabem muito bem responder a isso: sua foto nua em uma revista não autoriza intimidade a ninguém. Nada mais é do que um dedo de silicone.

domingo, abril 21, 2013

ZECA PAGODINHO 30 ANOS

Adorei o show de Zeca Pagodinho 30 anos no canal Multishow.
Cantei e dancei com o Zeca ! bom programa de final de domingo.

Agora é esperar sair o CD e DVD - o show foi muito bom !

Veja aqui uma palhinha:


sábado, abril 20, 2013

ANIVERSÁRIO DO RUY (EX) GORDO



A festa de 60 anos do Ruy reuniu grade parte da turminha de Itape.

Nanão fez a tradicional feijoada com muita alegria e animação.

A nova turminha chama a atenção de todos: Manu, a linda netinha do gordo/Nanão e Tomas, neto de Walter/Maria e filho de meu afilhado Diogo - que se prepara para vir ao mundo.



 


À noite curtimos música: João Bosco - 40 anos depois e uns clássicos dos anos 60. Música é uma das coisas que sempre curtimos juntos. Uma delícia!

sexta-feira, abril 19, 2013

A TRAGÉDIA DA MARATONA DE BOSTON


Letícia, corredora aficcionada, escreveu um texto muito sensível, tocada que foi pela tragédia que interrompeu a maratona de Boston 2013:

Linha de chegada interrompida

Nesta última semana, em respostas às explosões que interromperam a maratona de Boston, corredores aficionados postaram em seus blogs e fan pages a famosa citação de Kathrine Switzer: 'If you are losing faith in human nature, go out and watch a marathon.' (“Se você está perdendo sua fé na natureza humana, vá ver uma maratona”).
De fato, há algo na maratona capaz de reunir, a cada evento, anos após ano,  milhares de pessoas inexplicavelmente dispostas a se colocarem à prova em uma corrida de mais de 42km. São pessoas determinadas a ir muito além do que é pedido delas, a fim de descobrir o que elas são capazes de conquistar. Mais do que um evento ou uma competição esportiva, a maratona é um teste do espírito humano.
As competições de atletismo tem um elemento a mais, presente em todos outros esportes, mas que aqui encontra seu cerne: o desejo. Ninguém vence uma corrida por ficar tocando a bola pra ver o cronômetro correr. Não é possível fingir uma falta ou discutir se a bola foi dentro ou fora. A única coisa que se pede aqui é que se tente ir mais longe. Não existe outra opção ou nova saída: não há como vencer sem o desejo de vencer.
Não é por outro motivo que o símbolo da maratona de Boston é um unicórnio: a figura mitológica que representa aquilo que se ambiciona, mas que nunca pode ser alcançado. “É nesta busca que atletas competidores podem se aproximar da excelência (mas nunca atingi-la completamente). É nesta ambição de se impulsionar ao seu próprio limite e ao máximo de sua habilidade que é o cerne da atlética” (Associação Atlética de Boston).
O filme “Sem Limites” (1998) relembra outro momento em que a violência invadiu o mundo do esporte: o atentado nas Olimpíadas de 72. Nos momentos de dúvida se o evento continuaria ou não, a personagem de Bill Bowerman, fundador da Nike e um dos treinadores da equipe de atletismo dos EUA, diz a seus corredores:
“Este assassinato de atletas israelenses é um ato de guerra. E se há um lugar onde a guerra não pertence, este lugar é aqui. 1200 anos. De 776 a.C. a 393 d.C, os atletas olímpicos abaixaram suas armas para fazer parte destes jogos. Eles compreendiam que havia mais honra em vencer um homem derrotando-o em uma corrida do que matando-o. Eu espero que a competição seja retomada, e se for, vocês não devem achar que correr... ou fazer lançamentos... ou pular... é algo frívolo. Os jogos eram a resposta que seus companheiros olímpicos tinham para a guerra – competição, não conquista. Agora, esta deve ser a sua resposta.“
Exatamente por isto, a tragédia de Boston destoa tanto. Não foi mais ataque aos EUA, não é mais uma “onda de terror”, foram explosões anônimas em um espaço em que a honra e a vontade deveriam prevalecer. 

Letícia Genesini

sábado, abril 13, 2013

JORGE FORBES E LUC FERRY NA TV CULTURA

“A filosofia para um novo tempo”, com Luc Ferry e Jorge Forbes, é o Café Filosófico que a TV Cultura reprisa a pedidos, neste domingo, 14 de abril, às 22 horas.

IMPERDÍVEL !!!

sexta-feira, abril 05, 2013

A VELHA HISTERIA VS A NOVA HISTERIA

Há diferença entre a velha histeria, aquela que impulsionou Freud e o nascimento da psicanálise com a nova histeria, dos tempos atuais?
A resposta é SIM !

É uma questão muito interessante, principalmente nos dias de hoje em que as relações já não se estabelecem como no tempo de Freud. Muita coisa mudou. A sociedade não é mais pai-orientada, os laços identificatórios não são mais verticais, não há mais padrões rígidos e nem somos movidos pelos ideais da religião e da razão. O que nos toca hoje é de outra ordem !

Mas, não vou discutir isso agora. É um "petisco" para chamar a atenção para o tema que irei trabalhar na segunda-feira, no IPLA.

Depois comentarei aqui.

segunda-feira, abril 01, 2013

MÚSICA NA MADRUGADA - TONY BENNETT

Adoro os duetos de Tony Bennett.
Escolhi alguns como trilha sonora para meus estudos nesta madrugada. Curta comigo: