sexta-feira, fevereiro 15, 2013

FOGUEIRA DE FELICIDADES

por Jorge Forbes

É uma pergunta frequente ao psicanalista: - Como posso ser feliz?
A ideia é que a felicidade é um bem que, se cumprirmos uma série de regras, deveremos em decorrência merecê-la. Felizes seriam os mais aplicados, a eles o reino da felicidade. Assim se passa nas férias, por exemplo. Busca-se com muita antecedência a montagem de um cenário perfeito, daqueles de anúncio de televisão. Seja uma casa direto na areia de uma praia maravilhosa, seja o seu avesso complementar, uma casa no alto da montanha, à beira de um lago, com uma cachoeira nos fundos do jardim. Daí, só escolher a melhor companhia, boa comida e bebida, uma cama macia em um quarto amplo e silencioso e ... bingo: - Sou feliz!
Qual o que, para a decepção da maioria, a felicidade não obedece a regras padronizadas. No lago de Como, na Itália, ocorreu algo interessante e ilustrativo. É um desses lugares paradisíacos, como o descrito acima. Pois bem, a associação dos locadores dos chalés da beira do lago baixou uma norma que qualquer locação de uma semana deveria ser integralmente paga na hora da reserva. Isso porque eles começaram a verificar que grande parte dos casais suportava ficar quarenta e oito horas, no máximo setenta e duas, naquele sonho terrestre. Depois, era briga na certa e saíam cada um para um lado.
Nada a estranhar, humano, demasiadamente humano. Sempre alguma coisa falha nas previsões da felicidade e isso por uma razão de estrutura: como não podemos colocar totalmente em palavras o nosso desejo, daí a sensação da falha, da falta de alguma coisa. E quando objetivamente não falta nada, quando tudo está perfeito, do barulho das ondas do mar, à temperatura da água da cachoeira, aí, então, quem vai pagar o pato dessa sensação de algo a mais ausente é o pobre do parceiro; simples assim.
Vem então a queixa: - Ela não me entende, diz ele, - Ele não me sente, diz ela. E toca a fazer teorias de salão para explicar o eterno desencontro. Um afirma que o que está ocorrendo é que os homens estão apavorados com a liberdade feminina, outro que as mulheres são muito difíceis, eternas insatisfeitas etc. As explicações variam conforme a época, mas o fenômeno é sempre o mesmo: alguma coisa acontece nos corações muita além de qualquer razão. E não venham dizer que agora o sexo está melhor que antes, pois na base do cada vez melhor, se estivermos melhorando desde os gregos, já pensou, vamos ter uma explosão orgástica.
Não, nada disso, nada de receita de felicidade. Ao contrário do bom senso – que sempre pensa mal – a felicidade não é bem que se mereça. Como diria o poetinha, ela vem da arte do encontro, do acaso, da surpresa, a tal ponto que quando estamos de fato felizes entramos em crise de identidade, se perguntando quem é esse cara, esse cara sou eu? Para ser feliz uma só dica: aguentar nem que seja por um instante o amor que não se compreende, que explode qualquer cenário, que nos leva a habitar o mais forte que eu.
E boas férias!

(artigo publicado originalmente na revista IstoÉ Gente - fevereiro de 2013) 

domingo, fevereiro 10, 2013

CARNAVAL 2013

O carnaval deste ano tem boas novidades. Maguy, amiga de outros carnavais, mexicanos e parisienses, veio passear comigo nas montanhas. As delícias da cozinha de minha mãe colorem os dias. Ainda, um toque especial, uma surpresa: debaixo da janela do meu quarto há um ninho com 2 filhotes de passarinho recém-nascidos. Uma fofura !

E, como é carnaval, caímos na folia!
e




sexta-feira, fevereiro 01, 2013

POR QUE, MEU DEUS?

O que dizer da tragédia que tomou conta do Brasil? 
Meu amigo Alain Mouzat escreveu um texto sensível sobre esse horror:

Por que, meu Deus?

A tragédia da morte de mais de duzentos jovens na discoteca de Santa Maria  não deixa calar a pergunta. Endereçada  a Deus, ou formulada para os homens, ela é cobrança de justificativa para o  sentimento de injustiça  frente à perda de um ser querido.
Encontramos na nossa demanda de explicação da causa, da nomeação da responsabilidade, do desejo de que justiça seja feita, uma forma de aplacar a angústia que surge da confrontação com o horror.
Dirime nossa queixa de vítima do destino – há cadeia de fatos que levaram a isso ,  “poderia ter sido evitado” - e renova esperança – a punição dos responsáveis trará mudanças, “ Isso nunca mais”.
Como pode o Bom Deus deixar acontecer o Mal?  Como podem os homens ter deixado acontecer isso? Do lado de Deus, uma das respostas convoca os desígnios impenetráveis da vontade divina. Do lado dos homens, a lei determina as responsabilidades.
Mas permanece o horror. Ainda mais dilacerante quando se trata de filho.
Para a dor de cada um não há resposta.

Alain Mouzat