sábado, setembro 22, 2012

JORGE FORBES E A PSICANÁLISE DO SÉCULO XXI

  Quem vai procurar uma análise, hoje, não pode esperar ter um conhecimento ajustado para garantir uma ação. Ao contrário, tem que modificar a sua relação com a ansiedade de não ter o conhecimento ajustado para garantir uma ação. Ou seja, a vida do homem ‘desbussolado’ (como costumo dizer), do homem do século XXI, é uma vida com contrato de risco e não com contrato de garantia. Nós saímos de um mundo menos criativo e mais garantido, que era o mundo moderno, e entramos no mundo pós-moderno, que é menos garantido e mais criativo. Esse mundo pós-moderno atual, mais criativo e menos garantido, necessita de um psicanalista que funcione além do Complexo de Édipo, além das significações e que possa fazer com que o seu paciente, no laboratório que é a psicanálise, possa tomar decisões arriscadas e criativas e por elas se responsabilizar. A diferença, portanto, é de 180 graus (Jorge Forbes)

Em entrevista ao portal Minas Saúde, Jorge Forbes fala sobre seu novo livro e a Psicanálise do Século XXI.


Leia a entrevista na íntegra - clique aqui.

sexta-feira, setembro 21, 2012

domingo, setembro 16, 2012

INTOCÁVEIS - O FILME - COMENTÁRIO DE ALAIN MOUZAT

  Meu amigo Alain Mouzat me enviou um comentário sobre o filme INTOCÁVEIS. Gostei muito, pois agregou informações importantes, que transcrevo aqui:



  Algumas precisões:  o filme é um pouco diferente do livro: o contratado, no filme, não é imigrante argelino, mas um simpático africano.
 A inteligentsia francesa reclamou dos clichês e preconceitos do filme ( os americanos falaram de racismo) e particularmente do esvaziamento da questão social. Foram poucos - entre os "intelectuais" - que não se fizerem de rogados (c.  doce) para curtir o filme. Vale a pena ver os debates numa página do Liberation: - clique para ler 

Para responder às críticas nada melhor que a  entrevista a respeito do filme da " personagem real" da história: Clique para ler a entrevista.

 Concordo com você : o tratamento " sem compaixão" que  o cuidador aplica sem se fundamentar em nenhum discurso, não dando ao seu paciente piedade e compreensão, mas emprestando-lhe consequências a título de efeitos, injeção de libido, é exatamente a orientação que Jorge Forbes deu no leme " desautorizando o sofrimento" que norteia nossa clínica do Genoma.

O filme é sem dúvida um conto de fadas, uma ficção, mas quem diz que a ficção não captura às vezes algo do real, tanto quanto os discursos " sérios".

Deixem para lá os blasés, não pechinchem o seu prazer, curtam os Intocáveis!

Obrigada, Alain, por sua grande colaboração !!!

sábado, setembro 15, 2012

INTOCÁVEIS - O FILME (INTOUCHABLES)


Dirigido pela dupla Olivier Nakache e Eric Toledano, "Intocáveis" é um filme  baseado no livro O SEGUNDO SUSPIRO, que conta a história de Philippe Pozzo di Borgo, aristocrata parisiense tetraplégico que contratou um imigrante argelino como seu cuidador. É uma boa mostra de como inventar uma nova vida depois de um  encontro com o real. Sem compaixão, mas com muito humor, o argelino faz uma bela parceria com Philippe, que, por sua vez, não cede à resignação.



Vale ver ! É um exemplo da tese que desenvolvemos no Prjeto Genoma, no Centro de Estudos do Genoma Humano - USP: DESAUTORIZANDO O SOFRIMENTO PADRONIZADO. Nesse trabalho, dirigido por Jorge Forbes e Mayana Zatz, pacientes portadores de distrofia muscular e familiares são atendidos por tratamento psicanalítico com o objetivo der retirar o vídeo RC - resiginação por parte do doente e compaixão por parte dos familiares - que congelam o paciente numa posição sem saída. Com o tratamento espera-se que uma nova forma de lidar com esse encontro com o real seja inventado. E os resultados obtidos tem sido excelentes!

quinta-feira, setembro 13, 2012

INTIMIDADE RENOVADA


Cirurgia íntima avança entre as mulheres, que apostam no procedimento para se sentirem mais sensuais e confiantes

Operações plásticas há tempos fazem parte do arsenal estético feminino. Porém, silicone para aumentar os seios, cirurgia para suavizar rugas e lipoaspiração para definir a silhueta já não bastam; a estética vaginal, ou cirurgia íntima, é a nova febre do momento. Nos EUA, foram realizados mais de 1,5 milhão de procedimentos do tipo; no Reino Unido, 1,2 milhão. No Brasil, a Folha de S. Paulo informou que o número de cirurgias íntimas aumentou 50% nos últimos dois anos.

Afinal, o que quer uma mulher? A célebre pergunta de Freud em carta a Marie Bonaparte poderia ser transposta para as adeptas das cirurgias íntimas. Segundo a imprensa, as mulheres que procuram o procedimento sentem-se melhores, mais seguras, mais bonitas e mais sexies. A intimidade renovada pelo avanço da tecnologia!

Porém, a cirurgia íntima não é novidade. Marie Bonaparte, no final dos anos 1920, foi a primeira a submeter-se a essa operação. Mas talvez a motivação não fosse a mesma de hoje. A preocupação dela era tratar da frigidez que a atormentava. Acreditava que diminuindo a distância entre o clitóris e a vagina o orgasmo seria mais fácil.

E as mulheres de hoje querem prazer ou parecer mocinhas? Ou ambos? Será que as fãs da cirurgia íntima, assim como as histéricas, querem sempre mais, sofrem de um desejo que nunca é satisfeito? Será que uma vagina novinha garantiria o rejuvenescimento, a sensação de ser uma garotinha outra vez? Seriam as adeptas da cirurgia íntima uma versão feminina do “adolescente cinquentão”?

Ambos, a garotinha e o adolescente cinquentão, querem mais do sexo. Porém, precisamos lembrar que a intimidade de uma pessoa vai muito além da sua nudez ou do aspecto de seus órgãos sexuais: é aquilo que cada um traz de mais estranho em si, aquilo de que não escapa. Lacan chamava “meu íntimo” de “meu êxtimo” – o externo que habita em mim. Nas palavras de Jorge Forbes: “Podemos nos livrar de muita coisa na vida, mas não da gente mesmo, em especial desse ponto íntimo desconhecido, promotor de nossas paixões, essa força estranha vivida na sensação do “mais forte que eu”.

Em uma análise, o psicanalista opera como um cirurgião incidindo precisamente nos pontos nodais do sujeito, no sintoma do paciente. Esse ato provoca uma mudança de posição na vida do analisando, uma nova forma de lidar com suas questões e com seu sofrimento, que exige invenção e responsabilidade (IR). Assim, as mulheres que desejam se sentirem mais seguras com o auxílio da cirurgia íntima poderiam se questionar quanto aos efeitos que a psicanálise poderia operar em suas vidas.

autoria:Teresa Genesini e Elza Macedo

terça-feira, setembro 04, 2012