quinta-feira, junho 30, 2011

ANISH KAPOOR - LEVIATÃ

Anish kapoor, artista plástico indiano - britânico, acaba de montar uma obra monumental no vão do Grand Palais, em Paris.

A obra de kapoor é tão inovadora que nos surpreende, nos leva a um outro paradigma. Não tem nada a ver com o que estávamos acostumados - são obras monumentais em que as pessos exploram o espaço da obra, interagindo, experimentando novas sensações.
Essa exposição esteve aberta durante os meses de maio e junho. Quem viu curtiu, quem não viu perdeu.

Eu perdi o bonde - espero não perder a próxima oportunidade!


Viaje nesse video - entre nessa obra de kapoor:

quinta-feira, junho 23, 2011

PSICANÁLISE E FUTEBOL

Quem diria que Jacques Lacan e a psicanálise fariam diferença no futebol - a maior paixão dos brasileiros?
Pois aconteceu! Jorge Forbes, psicanalistas lacaniano, fez recentemente um trabalho, que denominou "Projeto Cabeça" junto ao Santos Futebol Clube e sua equipe - jogadores, treinadores e dirigentes - algo inédito no mundo do futebol. Um pouquinho, certamente, conribuiu ao verificado ontem - a festa do Tricampeonato do Santos pela Copa América - Santander Libertadores.

Veja aqui um vídeo de uma das palestras de Jorge Forbes e Marcelo Tas com atletas do Santos Futebol Clube - uma atividade do "Projeto Cabeça":



Parabéns Santos Futebol Clube - pela iniciativa e pela vitória!

Eu, uma Corinthiana, parabenizo esse time que nos orgulha como brasileiros!

terça-feira, junho 21, 2011

MEIA NOITE EM PARIS - O FILME DE WOOD ALLEN


Paris é filmada e mostrada em toda sua beleza estonteante, em todos os ângulos, com todas as luzes junto com seus mais ilustres habitantes: escritores, pintores, cineastas, intelectuais da época. Gil, o personagem principal, tem encontros fantásticos com Ernest Heminghay, Zelda e Scott Ftizgerald, Pablo Picasso, Gertrude Stein, Cole Porter, Henri Matisse e Luis Buñel. Mas é com Salvador Dalí (Adrien Brody) que ele tem um dos diálogos mais divertidos.

Wood Allen está romântico, divertido, espirituoso e nos leva a viajar com ele na Paris da época de ouro - a década de 20.


Adorei o filme! veria 10 vezes e viajaria 1000 vezes a Paris!

Ri, chorei - me emocionei!

Vale a pena ver - Recomendo!

sábado, junho 18, 2011

AS TRILHAS DE AMOR E GUERRA DE RIOBALDO TATARANA


O real não está nem na saída nem na chegada; ele se dispõe pra gente é no meio da travessia.

Comprei hoje esse livro ilustrado da obra de Guimarães Rosa - Grande Sertão: Veredas - As trilhas de amor e guerra de Riobaldo Tatarana (seleção de textos e levantamento fotográfico de Marcelo de Almeida Toledo).

É um livro muito lindo - gostoso de folhear e ler. Convida a viajar com Guimarães Rosa e suas veredas - e sonhar!

Seleciono aqui algumas frases que me encantam:

Vou lhe falar: lhe falo do sertão. Do que não sei. Um grande sertão. Não sei, ninguém não sabe. Só umas raríssimas pessoas e essas poucas veredas.

Aquela travessia durou só um instantezinho enorme. Digo: o real não está nem na saída nem na chegada; ele se dispõe pra gente é no meio da travessia.

Viver é muito perigoso ... querer o bem com demais força, de um certo jeito, já pode estar sendo querer o mal, por principiar. Eu quase que nada sei; mas desconfio de muita coisa!

Rio meu é o Urucuia, o das águas claras, a porta dos meus gerais.

Um céu azul vivoso! Um punhado de vento quente passando entre duas palmas de palmeiras. Quando o senhor sonhar, sonhe com aquilo ...

O seguinte é esse: o princípio de toda pior bobagem é um se prezar demais o próprio de sua pessoa.

Eu nasci longe daqui. Por aí andei e desandei. Pra bastante o que mais vi foi desgraça e ruindade.

O mar ... o mar é como uma lagoa enorme. O mar eu nunca vi.

O sertão está em toda parte! É onde os pastos carecem de fecho; é onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar casa de morador.

O diabo na rua, no meio do redemoinho ...

Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já se passaram. Mas pela astúcia que tem certas coisas passadas de fazer balancê, de se remexerem dos lugares. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos; uns com os outros acho que não se misturam. Contar seguido, alihavado, só mesmo sendo coisas de rasa importância. Assim é que eu acho, assim é que eu conto.

Tem horas antigas que ficaram mais perto da gente do que outras de recente data. O senhor mesmo sabe; e se sabe, me entende. Toda saudade é uma espécie de velhice.

(João Guimarães Rosa)

segunda-feira, junho 13, 2011

FERNANDO PESSOA


Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — 30 de Novembro de 1935) - um dos maiores poetas da língua portuguesa, quizá de todas as línguas.

Cresci lendo seus poemas e muitos deles são responsáveis por momentos bonitos que vivi.

Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo? (FP)

Publico aqui alguns dos que gosto muito.

Boa viagem!


AUTOPSICOGRAFIA (Fernando Pessoa)

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


Para ser grande (Ricardo Reis)

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Poema em linha reta (Álvaro de Campos)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza


O Tejo (Alberto Caieiro)

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.