sábado, agosto 30, 2008

CAETANO VELOSO BLOGUEIRO


Caetano virou blogueiro. E já criou polêmica.


Ele teria respondido às críticas ao seu show com Roberto, em São Paulo, em seu blog Obra em Progresso. Acessei o blog e li o post de 28 de agosto, com o Título MARGINAL PINHEIROS. O acesso ao blog foi tão grande no dia 29, que o blog saiu do ar. A Folha Online fez uma matéria sobre esse ocorrido, com o título:


Grande quantidade de acessos tira blog de Caetano Veloso do ar

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u439252.shtml

Em outra reportagem, a Folha Online traz a resposta de Caetano às críticas sobre seu show com Roberto Carlos, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Veja:

"O teatro é elegante e induz à quietude. Se o show fosse no Ginásio do Ibirapuera, o ruído dos aplausos assustaria a boba da Folha e o burro do "Estadão" que escreveram sobre o show", escreveu Caetano no blog Obra em Progresso.

"Há anos não leio nada tão errado sobre música brasileira --e, mais uma vez, envolvendo Roberto Carlos e este transblogueiro que vos fala. Se eu tivesse direito a convite, teria chamado Augusto de Campos para estar presente ao encontro: foi ele quem escreveu o primeiro texto de apoio crítico à Jovem Guarda, prefigurando o tropicalismo e opondo a energia da turma de Roberto e Erasmo à pretensão da turma de Elis. São Paulo é isso."


Caetano adora uma polêmica. Hoje ele continua o assunto com o post
IMPRENSA.
Se é ele mesmo quem escreve no seu blog, é uma questão. Mas está dando Ibope.

sexta-feira, agosto 29, 2008

DOMINGUEIRA NO IPLA - ICONOMIA




Neste domingo, 31, haverá uma palestra de Gilson Schwartz sobre Iconomia, seguida de um debate com Jorge Forbes.

Você sabe o que é Iconomia?

Ariel entrevistou Gilson sobre o tema. Veja só:

Iconomia - A Economia da Cibercultura: dois pontos

Da conversa* que tive com o Gilson ontem à noite, extraio dois pontos:


1) Iconomia, título da Domingueira de 31 de agosto, não é um lapso de escrita.

É o nome de uma disciplina que se propõe a estudar a economia da cibercultura e, de forma mais ampla, a economia dos ícones. Como qualquer disciplina, procura delimitar seu objeto, sua especificidade e esclarecer as leis do seu funcionamento. Seu objeto é o ícone - referência à semiótica e à cibernética - que associa imagem, representação, marca e valor econômico. O logo de uma empresa, a grife, os cartazes publicitários, o aroma especial de um perfume, o second life podem ser ícones.
Produtos do capitalismo avançado, proliferam e se difundem na sociedade do espetáculo, hiperconsumista, por uma rede de mídias. Há uma economia organizada para produzir, circular, consumir, lucrar com os ícones. São objetos de consumo, do desejo, capazes de promover um plus econômico e de satisfação. Condensam propriedades imaginárias simbólicas e reais.
Cabe a Iconomia estudar não somente o ícone em si, mas também sua produção, circulação, destinos, efeitos econômicos, intersubjetivos e subjetivos.

2) A cibercultura é uma das formas do Outro contemporâneo.


Ela não tem um centro de poder, é plural, e não se baseia em um modelo vertical, mas transversal. É um Outro inconsistente que possibilita uma interconectividade generalizada, reticular e, portanto, novas formas do laço social. Ele produz e veicula múltiplos e sucessivos objetos de desejo e programas para obtê-los. Se o significante é o que representa um sujeito para o outro significante, o ícone é o que representa o objeto de desejo/gozo para um sujeito. Tem esta propriedade de capturá-lo, de siderá-lo por um tempo. Até o próximo. Ele paga para usufruir da satisfação que o ícone promete. É sua vertente econômica, libidinal. A rede parece organizada em torno deste objeto mas, no fundo, se organiza em torno de um buraco. Atrás do objeto há um buraco - a falta de objeto, a falta do objeto que produziria a satisfação - que movimenta incessantemente a rede. É a 'causa' da rede e para onde ela se dirige. O ícone aproxima-se do objeto a lacaniano, objeto do desejo, causa do desejo e mais de gozar.

Prosseguiremos a conversa na Domingueira

* mini entrevista de Gilson Schwartz para Ariel Bogochvol, em 27/8/2008.



Veja também o blog do Gilson, no portal Terra:

http://www.terra.com.br/economia/blog/iconomia/index.htm

Espero você no IPLA, domingo, às 18h.

http://www.psicanaliselacaniana.com/
Rua Augusta 2366 - casa 2
Tel. 11 - 3061 0947 / 3081 6346

quarta-feira, agosto 27, 2008

ROBERTO, CAETANO E A BOSSA NOVA



O show de Roberto Carlos e Caetano Veloso na noite de ontem no Auditório Ibirapuera foi MARAVILHOSO !!!!!!!!!!!!!!


Todos as pessoas que lotavam o auditório se sentiam privilegiadas tal foi a dificuldade em arranjar ingressos para o show nas duas noites em que se apresentaram em São Paulo. A pergunta mais comum era: como você conseguiu seu ingresso?


Como no show de João Gilberto, a abertura ficou por conta de Zuza Homem de Mello.

Um show do Rei já é o máximo; junto com Caetano, nem dá pra imaginar. Nem os dois escondiam a satisfação de estarem dividindo o mesmo palco e cantando as canções de Tom Jobim.

Começaram cantando juntos e depois, cada um fez seu show, com sua banda. Jaques Morelembaum, que sempre fez parte do conjunto musical de Tom, não podia faltar e junto com Daniel Jobim, de chapéu de palha - à moda do Tom, tocando piano, deram o toque Jobiniano.

Caetano cantou uma música pouco conhecida - Caminho de pedra - que ouvia muito na adolesência, com Elizete Cardoso. Foi a primeira canção escolhida para o show, disse ele. É muito linda e pode ser ouvida no CD da Elizete cantndo Bossa Nova e que foi relançado agora: Canção do amor demais. A brincadeira dos dois cantando Teresa da praia, como Lucio Alves e Dick Farney foi divertida.

A canção de Tom e Dolores Duran - Por causa de você - ficou linda com Roberto Carlos. O vídeo de Tom e Roberto cantando Ligia apareceu no telão e foi mais um momento nostalgia.

O repertório do show:

1. Garota de Ipanema - com Caetano e Roberto
2. Wave - com Caetano e Roberto
3. Águas de março - com Daniel Jobim
4. Por toda minha vida - com Caetano
5. Ela é carioca - com Caetano
6. Inútil paisagem - com Caetano
7. Meditação - com Caetano
8. Caminho de pedra - com Caetano
9. O que tinha que ser - com Caetano
10. Insensatez (em espanhol) - com Roberto
11. Por causa de você - com Roberto
12. Ligia - com Roberto
13. Corcovado - com Roberto
14. Samba do avião - com Roberto
15. Eu sei que vou te amar - com Roberto
16. Teresa da praia - com Caetano e Roberto
17. A felicidade - com Caetano e Roberto
18. Chega de saudade - com Caetano e Roberto

Aí veio o bis e cantaram só mais duas músicas

19. Se todos fossem iguais a você - com Caetano e Roberto
20. Chega de saudade - com Caetano e Roberto


Viva os 50 anos de Bossa Nova !

Você pode sentir o clima do show por esse vídeo. Divirta-se !

sexta-feira, agosto 22, 2008

A IMPORTÂNCIA DA PSICANÁLISE




Mayana Zatz e Jorge Forbes coordenam, neste sábado no IPLA, o curso A IMPORTÂNCIA DA PSICANÁLISE, NOS AVANÇOS DA GENÉTICA.


Havia uma expectativa no ar, no final do século passado, que, desvendando o DNA, a Genética eliminaria todas as dúvidas de nossa existência. Seria como se fosse uma astróloga certeira. Começaram a surgir arautos da morte de Freud. O homem finalmente desvendado não precisaria mais fazer psicanálise. Que bobagem! O que se viu foi justamente o oposto: os avanços magníficos da genética - a célula tronco, os diagnósticos preditivos, a farmacogenética, só para citar alguns -, evidenciaram a nova crise do sujeito humano confrontado com escolhas até então impensáveis. A Genética aprofunda a divisão subjetiva mostrando, “cientificamente”, que nem tudo está, nem nunca estará escrito: o futuro tem que ser interpretado, ainda mais que o passado. É necessária uma nova psicanálise, dita do Real, para elaborar uma nova ética e uma nova clínica, compatíveis aos nossos tempos. É o que discutiremos nesse curso.


9h00 - Genética: passado, presente e futuro
Mayana Zatz


11h00 - Desautorizando o Sofrimento
Jorge Forbes


15h00 – Doença sem destino
Claudia Riolfi


17h00 - GEN-ÉTICA
Mayana Zatz
Jorge Forbes


Mais detalhes, no site: http://www.psicanaliselacaniana.com/


Essa parceria Genética - Psicanálise é uma inovação. Venha participar, não fique olhando a banda passar !

Eis um vídeo que sintetiza o trabálho da psicanálise com a genética:




Nos encontramos lá.

quinta-feira, agosto 21, 2008

A FELICIDADE, POR LIPOVETSKY


Gilles Lipovetsky, traduzido por Jorge Forbes, fala sobre a felicidade paradoxal, tema de um de seus últimos livros, para o auditório lotado do IPLA.

Depois de noventa minutos de palestra, o público continuava fazendo perguntas e dialogando com o filósofo.

A tradução de Jorge Forbes foi um show de interpretação - a presença do analista transforma a cena.

Algumas frases que sintetizam a fala de Lipovetsky:

Exemplo de paradoxo: Os corpos são livres, mas a miséria sexual se mantém.

Existe uma espécie de fragilidade - a felicidade aparece quando ela quer e não quando a queremos.

Felicidade é aquilo que eu não tenho, é aquilo que eu não dirijo.

A sociedade hipermoderna não deve ser destituída; ao menos ela tem uma virtude: legitimou aquilo que as tradições milenares se esforçam para mostrar.

É necessário que a gente invente uma pedagogia das paixões - oferecer alvos às pessoas , objetivos capazes de mobilizar suas paixões em outro lugar que não seja o universo das marcas e do consumo. Outros desejos, outros centros de interesse - esportes, música, dança, arte, um empreendimento, outras paixões.

Temos que inventar novos modelos de educação e de trabalho, que permitam às pessoas encontrar um modelo pessoal, que não seja regido pelo consenso em paradoxos de consumo.

A felicidade ocorre por acaso. Não pode ser um alvo, uma regra para se chegar a um lugar, uma ação premeditada.

Há soluções técnicas para melhorar a qualidade de vida, mas, para a felicidade, não há solução.

Quando a gente está feliz tudo fica leve - a vida fica mais leve. Porém, é o peso da existência que ganha da leveza, da felicidade.

Jorge Forbes finaliza:

Em Psicanálise, a felicidade é diretamente ligada ao encontro. Podemos, então, sair do paradoxo, porque finalmente aí, somos outra coisa.

A felicidade jamais é um merecimento, mas é um encontro de paixão. O grande problema em psicanálise é sustentar esse encontro.

Essa discussão tem que continuar - era o pedido da maioria dos presentes.

Mas só quem assistiu a palestra de Jorge Forbes sobre A FELICIDADE NA CLÍNICA DE JACQUES LACAN pode dizer que já sentiu esse gostinho - a magia do encontro.














quarta-feira, agosto 20, 2008

GILLES LIPOVETSKY, ENTRE AMIGOS, NO IPLA


Gilles Lipovetsky
conversa com Jorge Forbes,
e amigos, nesta quarta-feira à noite, no Instituto da Psicanálise Lacaniana - IPLA,
sobre a
"Felicidade e seus Paradoxos".

Os amigos estarão lá !!!!!

domingo, agosto 17, 2008

sábado, agosto 16, 2008

JOÃO GILBERTO - 50 ANOS DA BOSSA NOVA


João Gilberto nasceu a 10 de junho de 1931 em Juazeiro, Bahia.

Com 77 anos, cabelos brancos, a voz não mudou - está cantando como nunca.


O show em comemoração aos 50 anos da bossa nova, ontem, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, não foi apenas um show - foi um acontecimento que ficará na história da música brasileira.


O humor de João estava ótimo, fez várias declarações de amor a São Paulo e não parava de comentar as notícias sobre o atraso dele na noite da estréia: eu só quis comer alguma coisa antes do show, não foi um jantar - eu engoli a comida .....

Fez uma música para o Japão e cantarolou: Je vous aime Japão. I love you. Je vous aime porque sinto seu coiração cheio de tanto amor. Tanta luz brilhou, sol nascente do amor. I love you ...)

Muitas pessoas falam que João canta músicas anterior à bossa nova. Mas a bossa nova é isso, um jeito diferente de cantar, de tocar o violão - a famosa batida que João descobriu. Ele transforma essas canções antigas em bossa nova: Dor de Cotovelo, Santa Cruz, 13 de ouro, Preconceito, Barracão de zinco, Guacyra, etc. A maioria das canções que canta são antigas, muitas delas ele canta desde sempre, com sua batida e sua fórmula particular. Essa é a bossa nova que ele criou e imortalizou.

O repertório do show de sexta-feira teve algumas diferenças do show da estréia. Começou falando do conjunto Os Titulares do Ritmo e cantou uma música deles, que nunca havia cantando em público antes: Dor de cotovelo (Eu tenho uma dor decotovelo por você, já dei a entender .....) - achei uma graça, estou procurando mas não encontrei a letra ainda.

Cantarolou outra música - para o Rio de Janeiro: Eu quero morrer num dia lindo de sol, na plenitude da vida que acaba amanhã ..... Copacabana .... o mar barulhento não quer solidão. ......... Rio de Janeio que eu sempre hei de amar.)

Para homenagear São Paulo cantarolou: São Paulo 400 anos, 400 desenganos de amor ......)

Antes de cantar Bahia com H contou que essa música é de um amigo de Campinas, Denis Brean, que nunca foi à Bahia. E cantou a canção maravilhosamente, como sempre.

Cantou também pela primeira vez Chove lá fora, de Tito Madi. Foi lindo!

Outra que gostei muito: Não vou pra casa (Só vou pra casa quando o dia clarear. Eu sou do samba, para o samba me criei. Se por acaso um amor eu arranjar, não vou pra casa, não vou ....)

Estate - é uma das interpretações lindas de João, do CD Amoroso, maravilhoso. Tenho lindas recordações da época em que esse disco foi lançado - era a trilha sonora desde o início da manhã, em casa.

Senti que ele não cantou Retato em branco e preto - uma de suas mais belas interpretações e que tem um signifcado forte para mim. Fica para a próxima ....

Eis a lista das músicas que João cantou:

1. Dor de cotovelo
2. Aos pés da Santa Cruz
3. 13 de ouro
4. Wave - é impossível ser feliz sozinho
5. Caminhos cruzados
6. Doralice
7. Adoro o Japão (criação dele)
8. Meditação
9. Preconceito
10. Disse alguém
11. O Pato
12. Corcovado
13. Samba do avião
14. Rio de Janeiro (criação dele)
15. Ligia
16. Você já foi à Bahia?
17. Morena Rosa
18. Morena boca de ouro
19. Desafinado
20. Chove lá fora
21. Estate
22. Da cor do pecado
23. Bahia com H
24. Não vou pra casa
25. Barracão de zinco
26. Pra machucar meu coração
27. Chega de saudade
28. São Paulo 400 anos
29. Isto aqui o que é?

BIS

30. Samba de uma nota só
31. Guacyra

Assisti a todos os shows que João Gilberto fez em São Paulo, mesmo o show da vaia no Credicar Hall, mas o último é sempre o melhor.

Salve João !!!

quarta-feira, agosto 13, 2008

A CASA DO TOM


Letícia voltou para casa depois de um mês de mochilão na Europa, com Érica e Gold.

Foi uma delícia abraçá-la e ouvir suas histórias.

Os amigos foram recebê-los no aeroporto e a viagem continua nas conversas, nos presentes, na memória.

Uma alegria pela coragem da aventura, pelo sucesso da jornada!



















Para recebê-la em casa, um presente esperava por ela: O DVD e livro A CASA DO TOM.

Uma delicadeza de filme feito por Ana Jobim em que Tom conta suas histórias, canta com os amigos - tem uma cena deliciosa com Dorival Caymmi e família, cantando, num sarau-ensaio e fala da construção de sua casa no Rio.

A casa demorou 4 anos para ficar pronta e Tom foi construindo o poema CHAPADÃO - sobre a casa - que demorou 8 anos para ficar pronto. Por aí se vê que o tempo do poeta é outro.

VOU FAZER A MINHA CASA
NO ALTO DO CHAPADÃO
VOU LEVAR O MEU PIANO
QUE FICOU NO CANECÃO.


VOU FAZER A MINHA CASA
NO ALTO DO CHAPADÃO
VOU LEVAR A DON´ANINHA
PRA ME DAR INSPIRAÇÃO
VOU FAZER A MINHA CASA
NO ALTO DE UMA QUIMERA
VOU CRIAR UM MUNDO NOVO
INVENTAR NOVA MEGERA...

e por aí vai ........

IMPERDÍVEL !!!!!!

UMA REALIZAÇÃO BISCOITO FINO
Direção Geral: Kati Almeida Braga
Direção Artística: Olivia Hime
Direção: Ana Jobim
Gerência de Produção: Joana Hime / Patricia Lima
Assistente de Produção: Isabel Zagury / Fernando Temporão

terça-feira, agosto 12, 2008

VIVA O CÉU E O MAR DE ILHABELA

Passar um fim de semana em Ilhabela é a receita perfeta para recarregar as energias.

O sol brilha mais em Ilhabela, o mar é mais azul em Ilhabela, tudo fica melhor em Ilhabela.


Desta vez fiquei no hotel fazenda Siriuba - resort de charme. Mistura de mata atlântica com vista para o mar. Os olhos brilhavam com tanta beleza !


http://www.fazendasiriuba.com.br/

E pra não perder o hábito, uma passadinha no Ponto das Letras. Ficar um tempo ali, lendo, ouvindo um bom CD e tomando um expresso, é tudo de bom!

sexta-feira, agosto 08, 2008

ENCONTRO NO RANCHO DA MARICOTA


A reunião no rancho da Maricota foi bárbara !
Maricota e Sérgio são ótimos anfitriões - tudo preparado com carinho e delicadeza.
Desde o poema na entrada, as bandeirinhas da decoração, as flores no jardim, todos os detalhes cuidadosamente pensados.
As meninas estavam super animadas - todas com seus poemas escolhidos para o sarau litero-musical (a música ficou por conta dos anfitriões).
O menu preparado por Maricota à moda de D. Cida - comidinha árabe: babagamuche, homus, pepino com coalhada, tabule, salada árabe e cuscus marroquino à la Maria (à moda da casa).
Havia também copos poéticos: cada uma de nós recebeu uma taça com uma mensagem - versos de Paulo Leminsky.
Os autores escolhidos pelas meninas foram bem variados:
Ninica leu um texto de Mário Quintana
Regina Leonel leu " Meus oito anos"- de Casemiro de Abreu (bem daquelas épocas de Itapê)

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!

Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus —
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!
Fernanda Cardoso mostrou fotos do livro " The family of Woman" .
Graça Barreto leu uma poesia de Baudelaire.
Maricota leu " Mar Português" - de Fernando Pessoa e declamou de forma graciosa " Maria " - de Antonio Correira de Oliveira.
Lucia Cardoso leu " Tu e você" - de Maria Luisa Perroni Passos - uma graça de poesia comparando a mulher portuguesa (tu) e a mulher brasileira (você).
Heloisa leu "Retrato" de Cecília Meirelles.
Eu levei 2 textos de Jorge Forbes: A globalização é uma mulher; e , Mulheres insatisfeitas.

A Globalização é uma Mulher

Ontem, a ordem unida; hoje, as muitas possibilidades.
Ontem, a luta por ser melhor; hoje, por ser singular.
Ontem, o falar grosso; hoje, o falar carinhoso.
Ontem, a razão dos números; hoje, a do afeto.
Ontem, o poder do pai; hoje, o da família.
Ontem, o amor disciplinado; hoje, o amor responsável.
Ontem, o treinamento; hoje, a experiência.
Ontem, o futuro previsível; hoje, o futuro inventado.
Ontem, a rebeldia; hoje, a diferença.
Ontem, o como chegar; hoje, o como escolher.
Ontem, o necessário; hoje, o desejável.
Ontem, o importante; hoje, o entusiasmo.
Ontem, a universalização masculina; hoje, a globalização feminina.

Mulheres Insatisfeitas

As mulheres são basicamente insatisfeitas, o que é o mesmo que dizer que são basicamente desejantes. Satisfeitos não desejam, para quê?
Elas são basicamente insatisfeitas por apontarem uma satisfação possível no que ainda virá, no amanhã. Dizê-las sonhadoras vem daí, desse olhar esperançado para um mais além.
Mulheres se satisfazem na diferença, no detalhe. Homens gostam da ordem unida, do grupo, da massa. Mulheres, não, elas não querem encontrar um vestido igual ao seu. Homens adoram o uniforme no trabalho: terno e gravata, ou o macacão; e uniforme nas festas: o smoking preto e branco, ainda por cima alugado.
Mulheres têm vários gozos na cama, homens tendem a um só, que esmaece em seguida.
Mulheres têm sempre muito a escolher, por não serem padronizadas, e como escolher sem a certeza garantida? Surge o desarvoramento, sentimento feminino por excelência.
A insatisfação feminina é doença ou avanço. Doença na histérica imobilizada em sua eterna queixa ao outro, do que lhe faltou. Avanço, normalidade, na sua exigência de uma satisfação além do limite, que não se contenta com os troféus que os homens lhes exibem, e elas pedem ainda mais, mais além das evidências. Se não fossem essas mulheres, atenção, mulheres, não as histéricas, ainda estaríamos na idade da pedra com os homens elogiando mutuamente seus tacapes.
Mulheres insatisfeitas, de desejo insatisfeito, querem novidade, mudança; homens satisfeitos, de desejo impossível, querem o mesmo, a segurança da repetição.

(Publicado na revista UMA, n. 56, maio de 2005).

O vinho não permitiu que eu anotasse todas as leituras - peço que as demais me ajudem enviando seus textos escolhidos.
Para finalizar Maricota nos mostrou o caderno de mensagens de sua mãe e fizemos uma rodada de leitura dos textos de seus tios e tias - um momento mágico que nos levou às lágrimas.
No total, muita risada e boas lembranças deram o toque naquele domingo azul.

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