sexta-feira, novembro 30, 2007

A CASA DO OSCAR



É um texto que Letícia adora.
Assistimos juntos a primeira vez, num DVD do Chico, em que ele contava histórias da sua vida, e nos emocionamos. Até hoje essa lembrança mexe comigo. Remexe nos meus sonhos, na "minha casa do Oscar".

"A casa do Oscar era o sonho da família. Havia o terreno para os lados da Iguatemi, havia o anteprojeto, presente do próprio, havia a promessa de que um belo dia iríamos morar na casa do Oscar. Cresci cheio de impaciência porque meu pai, embora fosse dono do Museu do Ipiranga, nunca juntava dinheiro para construir a casa do Oscar. Mais tarde, num aperto, em vez de vender o museu com os cacarecos dentro, papai vendeu o terreno da Iguatemi. Desse modo a casa do Oscar, antes de existir, foi demolida. Ou ficou intacta, suspensa no ar, como a casa no beco de Manuel Bandeira.

Senti-me traído, tornei-me um rebelde, insultei meu pai, ergui o braço contra minha mãe e sai batendo a porta da nossa casa velha e normanda: só volto para casa quando for a casa do Oscar! Pois bem, internaram-me num ginásio em Cataguazes, projeto do Oscar. Vivi seis meses naquale casarão do Oscar, achei pouco, decidi-me a ser Oscar eu mesmo. Regressei a São Paulo, estudei geometria descritiva, passei no vestibular e fui o pior aluno da classe. Mas ao professor de topografia, que me reprovou no exame oral, respondi calado: lá em casa tenho um canudo com a casa do Oscar.

Depois larguei a arquitetura e virei aprendiz de Tom Jobim. Quando a minha música sai boa, penso que parece música do Tom Jobim. Música do Tom, na minha cabeça, é a casa do Oscar."

Chico Buarque
Poemas, testemunhos, cartas - 2000

terça-feira, novembro 27, 2007

O QUE SERÁ?



A melhor, ou, pelo menos a mais poética definição do REAL.

Veja no YouTube.

http://www.youtube.com/watch?v=VfYbMjbadKY&feature=related

Já foi tão declamada e tão cantada, mas de uma beleza que não finda.


O que será - À flor da pele

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo

outra versão:

O que será, que será?
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Será, que será?
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho...

O que será, que será?
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos...

Será, que será?
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido...

O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar
Por que todos os risos vão desafiar
Por que todos os sinos irão repicar
Por que todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo...

(Chico Buarque de Holanda)

NEWSLETTER 3 -IPLA / PROJETO ANÁLISE


Está melhor ainda a edição 3 da Newsletter do Instituto da Psicanálise Lacaniana e Projeto Análise.

Clique para ler e ver o vídeo:

http://www.psicanaliselacaniana.com/newsletter/rascunho_news0307.html

domingo, novembro 25, 2007

A DURA HUMANIDADE


O Estado de São Paulo, deste domingo, 25 de novembro, publicou um artigo de autoria de Jorge Forbes: “O erro é esperar sentido em tudo”.

Analisando o "crime de Praia Grande", ele fala das conseqüências da sociedade de controle, que transforma angústia em doença e prega que para tudo tem remédio.

segunda-feira, novembro 19, 2007

QUE DELÍCIA DE FERIADO


Uma viagem num feriado pode ser um ótimo programa. Mas alguns ingredientes são imprescindíveis para o sucesso. Veja quais foram os escolhidos por mim neste feriado:

uma paisagem inesquecível - a Pedra do Baú, vista de uma rede ou tomando o café da manhã

a companhia faz toda a diferença - Letícia e Érica

um programa com a natureza - Cachoeira do Serrano

música na viagem - CD Gal Costa interpreta Caetano Veloso (álbum duplo, presente de Liege e Dorô) e seleção dos Beatles (Yellow Submarine, With the Beatles e Album Branco), Teresa Cristina e Paulinho da Viola.

um filme para curtir a noite - DVD do filme Pequena Miss Sunshine

um bom livro - A fera na selva, de Henry James (presente de Márlio)

jantar com amigos - uma truta especial com amigos mais que especiais

um gosto de quero mais - crepe de maçã com canela, nutela e sorvete de creme ou "deus", como chamaram as meninas.

Bom humor e gosto pela vida. Quer mais?

Veja as fotos:










Você precisa saber da piscina, da
margarina, da Carolina, da gasolina
Você precisa saber de mim
Baby, baby, eu sei que é assim
Você precisa tomar um sorvete
Na lanchonete, andar com gente
Me ver de perto.
Ouvir aquela canção do Roberto
Baby, baby, há quanto tempo ...

sexta-feira, novembro 16, 2007

MARIA CLARA VISITA A MADRINHA














Diante de uma criança

Como fazer feliz meu filho?
Não há receitas para tal.
Todo o saber, todo o meu brilho
de vaidoso intelectual
vacila ante a interrogação
gravada em mim, impressa no ar.
Bola, bombons, patinação
talvez bastem para encantar?
Imprevistas, fartas mesadas,
louvores, prêmios, complacências,
milhões de coisas desejadas,
concedidas sem reticências?
Liberdade alheia a limites,
perdão de erros, sem julgamento,
e dizer-lhe que estamos quites,
conforme a lei do esquecimento?
Submeter-me à sua vontade
sem ponderar, sem discutir?
Dar-lhe tudo aquilo que há
de entontecer um grão-vizir?
E se depois de tanto mimo
que o atraia, ele se sente
pobre, sem paz e sem arrimo,
alma vazia, amargamente?
Não é feliz. Mas que fazer
para consolo dessa criança?
Como, em seu íntimo, acender
uma fagulha de confiança?
Eis que acode meu coração
e oferece, como uma flor,
a doçura desta lição:
dar a meu filho meu amor.
Pois o amor resgata a pobreza,
vence o tédio, ilumina o dia
e instaura em nossa natureza
a imperecível alegria.


(Carlos Drummond de Andrade )

terça-feira, novembro 13, 2007

PARIS, TEXAS


Que lejos estoy del suelo donde he nacido
Inmensa nostalgia invade
mi pensamiento
Y al verme tan solo y triste
qual hoja al viento
Quisiera llorar
quisiera morir
de sentimento.
Oh tierra del sol
suspiro por verte
ahora que lejos
me encuentro sin luz, sin amor
Y al verme tan sola y triste
cual hoja al viento.....

ouça a música de Canción Mixteca numa cena do filme:
http://www.youtube.com/watch?v=RqK3TI2-GOI&feature=related

o trailler no YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=8KkhXAozZr8
e uma sinopse:
http://www.filmdeculte.com/culte/culte.php?id=149

Paris, Texas, de Win Wenders, está na lista dos meus filmes favoritos.
Revê-lo foi muito forte.
A trilha sonora, de Ry Cooder, é qualquer coisa, pra lá de sensível. La canción mixteca, chorando na guitarra, é inesquecível.
Que lejos estoy del suelo donde he nacido.....

E para lembrar do México, como La Canción Mixteca é cantada lá:
http://www.youtube.com/watch?v=48sPYkgUQjI&feature=related

terça-feira, novembro 06, 2007

FELICIDADE

Passar o dia do aniversário com pessoas queridas é uma felicidade!






LEMBRETE

Se procurar bem,
você acaba encontrando
não a explicação (duvidosa) da vida,
mas a poesia (inexplicável) da vida.

(DRUMMOND)




De dia, almoço animado, com caipirinha e muitos planos sobre o IPLA.
À noite, uma conversa gostosa na Tal da Pizza, para lambuzar os dedos.
Viva 55!

sábado, novembro 03, 2007

DICA PARA O FIM DE SEMANA


Neste sábado ou no domingo, vá ao teatro assistir à peça
O CONCÍLIO DO AMOR.
A produção e a cenografia são de Guilherme Rodio, que também atua nessa peça. Ele está fazendo valer a sua estréia.
Guilherme, filho do Marco e da Geny, sobrinho de Tio Flávio e Tia Márcia, tem a quem puxar, nessa família de talentos.
O elenco é muito bom e a peça promete!
Veja o trailer neste vídeo do YouTube (clique no link abaixo):

sábados e domingos - até o dia 18/11, às 19:45 hs (duração 90 min)
TEATRO IRENE RAVACHE (Nilton Travesso)
Rua Capote Valente 667 - Pinheiros, - 16 anos - R$ 15,00

Estacionamento – dica: estacionar na rua perto do cruzamento da Teodoro com a Capote, ou no Hotel Mercury (Capote Valente nº 500) preço especial para o teatro R$ 7,00.

quinta-feira, novembro 01, 2007

DESEJOS REALIZADOS

Toninha defendeu sua tese de doutorado na Faculdade de Educação da USP








Fui para assistir, abraçar a amiga e registrar esse grande momento.
Seu trabalho de pesquisa EDUCAÇÃO INCLUSIVA - PRINCÍPIOS E REPRESENTAÇÃO, sob a orientação da Prof. Dra. Roseli Baumel, foi elogiado pela banca e aplaudido pelos colegas.

Toninha é uma educadora como poucas. Atuante como professora, coordenadora pedagógica e pesquisadora, tinha o desejo de tornar-se doutora em educação. Desejo, paixão e determinação fazem parte da vida dessa grande amiga.
PARABÉNS TONINHA!!!








Nasceu Maria Clara!

a mãe, Maira e o pai, Glaucio, meus afilhados de casamento

a filha, Maria Clara, minha afilhada de batismo

A madrinha coruja não resistiu e clicou os primeiros momentos de Maria Clara neste mundo louco e maravilhoso. Ela dormia tranquila nos braços da màe - a tranquilidade da inocência, a paz da igmorância, a beleza de uma criança.


Que metro serve
para medir-nos?
Que forma é nossa
e que conteúdo?

Contemos algo?
Somos contidos?
Dão-nos um nome?
Estamos vivos?

A que aspiramos?
Que possuímos?
Que relembramos?
Onde jazemos?

(Nunca se finda
nem se criara,
Mistério é o tempo,
inigualável.)

Carlos Drummond de Andrade